segunda-feira, 27 de junho de 2011

Os pensamentos generosos do Coração de Deus

Dom Mauro Montagnoli - Bispo da Diocese de Ilhéus

No dia 01 de julho a Igreja Católica celebra a festa do Sagrado Coração de Jesus.

A devoção ao Sagrado Coração provém de tempos bastante remotos. Grandes santos medievais, como São Bernardo e São Boaventura, teceram “profundas considerações sobre o amor de Deus manifestado em Cristo Jesus, sobretudo em sua sagrada Paixão”.
O realce dado à humanidade de Cristo fez brotar a devoção ao seu Coração sagrado, símbolo do amor de Deus transformado em amor humano.
A devoção como tal tem início nos fins do século XIII e inícios do século XIV, na França e Alemanha. Sua festa começou a ser celebrada a partir do século XVI.
O que Deus nos revela nesta solenidade e qual o mistério de Cristo que nela celebramos?
Jesus louva o Pai, Senhor do céu e da terra, porque revelou ‘estas coisas’, isto é, a novidade do amor de Deus na pessoa de Jesus, aos ‘pequeninos’, ficando escondidas aos que, cheios de si, já se consideram sábios e entendidos. “Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado”, completa ele em sua oração de louvor. (cf. Mateus 11,25-30)
Jesus apresenta-se em total sintonia com o Pai que tem um amor de predileção para os humildes e fracos. Ele dirige palavras cheias de ternura para com o povo sofrido e pobre, subjugado pelos poderosos: “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso.”
Em Jesus se manifesta e se torna vivo e humanamente presente o amor misericordioso de Deus que, já no Antigo Testamento, se havia manifestado ao povo por ele escolhido e consagrado para viver e observar este amor: “O Senhor se afeiçoou a vós e vos escolheu.., porque vos amou e quis cumprir o juramento que fez a vossos pais.” (Dt 7,6- 11).
Como se vê, este amor de Deus já vem de longe e atravessa os tempos, como proclama o salmo 102: “O amor do Senhor Deus por quem o teme, é de sempre e perdura para sempre”.
Perdura para sempre, pois Deus mesmo “é amor”, como conclui o evangelista João. “Foi assim que o amor de Deus se manifestou entre nós: Deus enviou o seu Filho único ao mundo, para que tenhamos vida por meio dele. Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou em enviou o seu Filho... como Salvador do mundo”. Como consequência só teremos comunhão com ele se, pelo Espírito que ele nos deu, “nos amarmos uns aos outros”. Numa palavra: “Deus é amor: quem permanece no amor, permanece com Deus, e Deus permanece com ele” (1Jo 4,9-16).
Solenidade do Sagrado Coração de Jesus!
Quando falamos deste coração, referimo-nos a todas as manifestações do amor de Jesus que passou por este mundo fazendo o bem. Referimo-nos ao amor de Deus que se encarnou em Jesus Cristo.
Mas que amor é este? Trata-se de uma realidade hoje, por vezes, tão banalizada. A festa do Sagrado Coração nos propõe um critério para o amor: Jesus mesmo, Jesus na sua personalidade humana, com seus sentimentos humanos, com sua coragem humana, com a fidelidade humana do compromisso com os amigos e com o povo.
O modelo e o legado do amor misericordioso de Deus merecem toda a nossa consideração, para que assim “possamos receber, desta fonte de vida, uma torrente de graças”.
Ao consagrar toda a nossa vida a esse Cristo com um coração tão humano, manso, humilde, suave e grande, possamos mostrar-lhe como lhe somos gratos por nos ter salvo do jugo do pecado e da morte e, assim, nos garantido o verdadeiro descanso.
E nos comprometemos com Ele de nos amar uns aos outros a fim de que o mundo creia nele e crendo tenha a vida verdadeira.


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