sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Seminário do Grito dos Excluídos na Diocese de Ilhéus

Pela vida grita a terra / por direitos todos nós / Se queremos ter mais vida / Levantemos nossa voz!” (Hino do 16º Grito da Diocese de Ilhéus)

Aconteceu no ultimo dia 17 de agosto de 2011, no salão da Catedral São Sebastião no município de Ilhéus, no sul da Bahia o seminário de estudo do Grito dos Excluídos, sob a coordenação do Pe. Ademir Lima e contando com a participação de cerca de 70 membros de Organismos ligados à Igreja Católica, Pastorais, Religiosas, Padres, Seminaristas, Movimentos Sociais, Assentados, Acampados, Indigenas, Marisqueiras, Associações de Bairro e os atingidos pelo Porto Sul, estiveram reunidas para discutirem sobre a conjuntura política atual e articularem o Grito dos/as Excluídos/as na Diocese de Ilhéus.

Na verdade este evento se soma a uma serie de outras atividades que vem sendo realizadas em preparação ao 16º Grito dos Excluídos da Diocese de Ilhéus e faz parte da realização do 17º Grito dos Excluídos em nível Nacional, que este ano traz o tema: “Pela Vida grita a Terra ... e por direitos todos nós”. O Seminário foi assessorado pelo agente do Conselho Indigenista Missionário da Diocese de Itabuna, Haroldo Heleno.
Heleno fez um rápido retrospecto de todos os gritos realizados ao longo destes 17 anos, destacando que desde o inicio o Grito dos Excluídos, mantêm sua mobilização com três sentidos:
• Denunciar o modelo político e econômico que, ao mesmo tempo, concentra riqueza e renda e condena milhões de pessoas à exclusão social;
• Tornar público, nas ruas e praças, o rosto desfigurado dos grupos excluídos, vítimas do desemprego, da miséria e da fome;
• Propor caminhos alternativos ao modelo econômico neoliberal, de forma a desenvolver uma política de inclusão social, com a participação ampla de todos os cidadãos.
Destacou também que O Grito nasceu de duas fontes distintas, mas, complementares. De um lado, teve origem no Setor Pastoral Social da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), como uma forma de dar continuidade à reflexão da Campanha da Fraternidade de 1995, cujo lema – Eras tu, Senhor – abordava o tema Fraternidade e Excluídos. De outro lado, brotou da necessidade de concretizar os debates da 2ª Semana Social Brasileira, realizada nos anos de 1993 e 1994.
Ao abordar o tema do 17º Grito, reafirmou que é preciso levar às ruas o grito da Mãe Terra sofrida com tantos projetos de morte. Neste ponto foi abordado os diversos projetos desenvolvimentas em curso na região, o monocultivo de eucalipto promovido pela empresa Veracel, que vem agredindo em especial as populações indígenas, mas o projeto intermodal conhecido como Porto Sul, que pretende implantar uma ferrovia e um porto para escoação do minério de Caitité, e um aeroporto, projeto este que o governo da Bahia e seus parceiros tenta empurrar “goela abaixo”, da população local. Todos estes projetos são camuflados com o discurso do desenvolvimento e do progresso, destrói a mata Atlântica e agridem a população local, não levam em conta a vocação regional, inventam dados fantasiosos, cooptam lideranças. Apresentam o projeto como a “oitava maravilha do mundo”. Conseqüência também desse modelo de desenvolvimento capitalista, que visa tão somente o lucro desenfreado de alguns poucos, é a negação dos direitos básicos da população: saúde, segurança, educação, moradia, acesso à Terra, à Água, lazer, cultura, emprego, soberania alimenta. O governo anuncia o ascenso de 35 milhões de pessoas à classe média, porém, isso não significa que os direitos básicos destes e dos que continuam a linha de pobreza e miséria tenham sido garantidos. O aumento do poder aquisitivo não significa necessariamente garantia de direitos básicos. Segundo dados do último Censo do IBGE, a classe média (domicílios com renda per capita de 1 a 5 salários) não passa de 34, 2% da população (Fonte: Brasil de Fato, nº 427). Os outros 66% estão na linha de miséria e pobreza.
Haroldo também falou na capacidade de mobilização, articulação e luta dos pequenos, e lembrou da luta de Davi contra Golias, que é a luta que estamos travando agora, o vencedor foi Davi e não o gigante Golias, e usando apenas um pequeno bodoque, citou como exemplo a resistência dos povos indígenas que há 511 anos nos apresenta um projeto de “Bem viver”, onde a natureza é respeitada, o ser humano é o elemento principal e são indissociáveis.
Após a abordagem de Haroldo Heleno, houve algumas intervenções como forma de contribuição na reflexão, com destaque as falas emocionantes e dramáticas dos trabalhadores rurais da região do Itariri, atingidos diretamente pelo mega projeto do Porto sul.
Ao final ficou evidente a importância da realização do 16º Grito dos Excluídos da Diocese de Ilhéus e a convocação foi reafirmada para que todas as pessoas possam se somar neste grito por direitos e pela VIDA: A VIDA EM PRIMEIRO LUGAR.....

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