sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Diário da CNBB

REFLEXÃO
Jesus se insere na história da humanidade e, ao fazê-lo, também passa a ter uma história. Ele é verdadeiramente homem e assume em tudo a condição humana, menos o pecado Ao comemorarmos a Imaculada Conceição da Virgem Maria, estamos comemorando um fato da história do próprio Cristo, pois a Imaculada Conceição de Maria está condicionada ao nascimento de Cristo, uma vez que Deus estava preparando o ventre digno de receber seu próprio Filho. Com isso, podemos perceber a ação do Deus que é Senhor da história e que, agindo na própria história da humanidade, conta com a colaboração de todos para a realização do seu plano.NOTÍCIAS
Tem início na noite desta quinta-feira, 8, a 16ª Assembleia Anual dos Coordenadores Estaduais da Infância e Adolescência Missionária (IAM). O evento acontece na sede nacional das Pontifícias Obras Missionárias (POM), em Brasília até domingo, 11, e reúne 25 participantes de todos os estados do Brasil, exceto de Mato Grosso e Paraná.
Hoje o evento é aberto com um momento de oração dirigido por 30 crianças da IAM da paróquia São João Batista do Gama (DF). Logo após há um momento de boas-vindas e apresentações dos participantes. Ainda na abertura serão divididas as tarefas da Assembleia.
As palestras serão ministradas pelos quatro padres das Pontifícias Obras Missionárias e pelo coordenador editorial das Edições – CNBB, padre Valdeir dos Santos Goulart. A manhã de espiritualidade será com o ex-diretor das POM durante o período de 1989 a 1999, padre João Panazzolo.
Também foram convidados a participar o diretor executivo do Centro Cultural Missionário (CCM), padre Estêvão Raschietti; a presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), irmã Márian Abrósio; e o arcebispo de Brasília, dom Sérgio da Rocha. A vencedora do Concurso de Desenhos da IAM, Mayara Pinheiro Mendes, 11, e sua mãe, Michele Pinheiro, também participam do encontro.
A dinâmica da Assembleia ficou dividida em quatro momentos, de acordo com a metodologia da IAM: realidade missionária (ver); espiritualidade missionária (iluminar); compromisso missionário (agir); vida de grupo (celebrar).
O secretário nacional da IAM, padre André Luiz de Negreiros, explicou como serão os momentos de trabalho e discussões do encontro. “Na parte do ver discutiremos o que foi avanço, dificuldade, e quais as esperanças. No iluminar entra o momento de espiritualidade missionária voltada para o carisma da IAM que é a dimensão além-fronteiras. No agir entra o momento de formação sobre a espiritualidade da ação missionária e isso nos dá uma base para agir nos encontros estaduais, diocesanos e regionais. No celebrar, por sua vez, terá espaço o planejamento da IAM para 2012”, explicou o secretário. Padre André irá falar também sobre os 170 anos de existência da IAM que será celebrado em 2013. “Ano que vem eu já quero preparar para celebrarmos o Ano da Infância e Adolescência Missionária no Brasil e o assunto já será antecipado nesta Assembleia”, confirmou.
Confraternização
O momento de diversão do encontro ficou para sábado, 10, véspera do encerramento da Assembleia. De acordo com padre André a confraternização, chamada de “Noite Brasileira”, ficou dividida por macrorregiões do país: Nordeste, Sudeste, Norte, Sul e Centro-Oeste. Cada macrorregião irá fazer apresentações culturais e sociais.
Expectativas
A Assembleia vai ser um encontro para estreitar os laços entre os coordenadores da IAM do Brasil, segundo padre André. Ele afirma também que será um momento de pensar o trabalho que está sendo desenvolvido pela Obra no país e projetar novos planos para os próximos anos. “O encontro vai ser um momento forte para reanimar as coordenações estaduais da IAM, planejar os próximos anos, avaliar a caminhada em 2011 e criar meios para que a IAM se espalhe cada vez mais de forma concreta sem perder o carisma e a metodologia. Esta é a primeira Assembleia que contamos com coordenadores estaduais presentes em todos os estados do país”, comemorou. O estado do Paraná não participa porque a coordenadora, Elaine Machado está em missão em Guiné-Bissau, África. Sua substituta perdeu o pai nos últimos dias. Já Mato Grosso também não participa devido a problemas particulares do coordenador.
Outro ponto de destaque é que durante a Assembleia o secretário irá pedir aos coordenadores que a IAM, presente nas bases, celebre “Os Cantores da Estrela”. Trata-se de uma ação missionária desenvolvida pelas crianças com o objetivo de levar a evangelização às casas das famílias. As crianças são caracterizadas com os personagens bíblicos do Natal: os três reis magos, uma estrela, Maria e José e os anjos. “É um momento missionário das crianças evangelizarem de casa em casa tocando um sino. Elas devem levar a imagem do menino Jesus, desejar Feliz Natal e ainda pedir ajuda através dos cofrinhos missionários. O dinheiro será revertido para as crianças carentes de todo o mundo que não podem celebram o Natal”.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) foi uma das entidades agraciadas, nesta terça-feira, 6, com o Prêmio Transparência e Fiscalização Pública, outorgado pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, da Câmara dos Deputados. Juntamente com a organização independente Transparência Brasil, a CNBB foi indicada para receber a primeira edição do prêmio, em 2004. Naquele ano, porém, a entrega não ocorreu em razão das eleições municipais e só agora a homenagem foi feita. Não houve premiação nos outros anos.
O nome da CNBB foi indicado pelo deputado José Priante (PMDB-PA) por causa de seu trabalho em defesa do voto consciente. O secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, agradeceu a lembrança do nome da Conferência. “A CNBB se sente honrada com esta premiação, que serve de incentivo ao seu trabalho na defesa de um país sem corrupção”, disse dom Leonardo.
O objetivo do Prêmio Transparência é reconhecer cidadãos e entidades que se destaquem no trabalho pela fiscalização administrativa e patrimonial do setor público no Brasil. “Nada mais justo do que valorizar e incentivar quem tem colaborado com a Casa no atendimento a uma exigência constitucional”, afirmou o presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, deputado Filipe Pereira (PSC-RJ), que presidiu a Sessão de entrega do prêmio.
Nesta edição de 2011, receberam o prêmio o ex-governador já falecido do Paraná, José Richa (1934-2003), na categoria governamental; e a Associação Contas Abertas, na categoria sociedade civil. O ex-vice-presidente da República José Alencar (1931-2011) e o ex-deputado Aécio Cunha (1927-2010), pai do senador Aécio Neves, foram homenageados neste ano como patronos do prêmio.

Os participantes da VII Assembléia da Pastoral do Menor, que está se realizando em Belo Horizonte (MG), receberam dom Leonardo Ulrich Steiner, secretário geral da CNBB em clima de oração e compromisso com louvor à Nossa Senhora, nesta quinta-feira, 8, dia da Imaculada Conceição. O secretário dirigiu uma palavra aos participantes na companhia de dom Leonardo de Miranda Pereira, bispo de Paracatu (MG) e de referência da Pastoral do Menor.
Em sua fala, Dom Leonardo Steiner apontou o grande papel que todos tem como pastoral na luta pelos direitos, enquanto igreja. Ele diz que as pastorais são um pouco o rosto da igreja e aponta a necessidade de um maior envolvimento nos Conselhos de Direitos. Ao final Dom Leonardo Steiner agradeceu o convite e leu para todos uma carta enviada pelo Cardela Dom Raymundo Damasceno justificando sua ausência e agradecendo pelo convite.
Ainda na manhã deste terceiro dia de Assembléia, quinta-feira, dia 8, Pe. Bartolomeo Bergese, assessor da Pastoral de Pesqueira/PE dirige um grande momento de oração com o retiro. Todos em silêncio refletem em oração com leituras que levam a Palavra de Deus aos corações. Posteriormente, os participantes tocados por muita emoção expõe os seus entendimentos e reflexões nestes contatntes desafios da Pastoral do Menor. Ainda neste grande sentimento, todos seguem para a Capela, onde Dom Leonardo Steiner, Dom Leonardo de Miranda, Dom Enemésio, Dom Edson e padres presentes presidem a celebração eucarística.
A programação da Assembléia continua:
PROGRAMAÇÃO
QUARTO DIA – 09/12/2011 – SEXTA - FEIRA
09:00h –Palestra: Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE).Irmã Delci Frazen - assessora da Comissão da Caridade, Justiça e Paz durante 08 anos. Atualmente faz parte do Centro de Assessoria e Apoio a Iniciativas Sociais da Rede de Assessoria da Misereor no Brasil 10: 30 h – Reunião por Região (trabalhos em grupos) – Discussão, análise e síntese dos DESAFIOS ou novas fronteiras a serem enfrentados pela Pastoral do Menor.Tarde14:25- Trabalho de Grupo, por região, para definição de até 03 diretrizes para o triênio 2012/2014 e escolha dos coordenadores das regiões.18:00 h – CelebraçãoQUINTO DIA – 10/12/2011 –SÁBADO
08:45h - Plenária - Aprovação das Diretrizes e das Moções 11:40h – Agradecimentos aos coordenadores que deixam seus mandatosTarde14:00h - Apresentação e referendo das novas coordenações15:00h - Momento especial: a Construção da Tábua com as diretrizes da Pastoral do Menor para o triênio 2012/2014.16:30h: Celebração Eucarística de Encerramento e EnvioOUTRAS INFORMAÇÕES: Dilane Moreira 9932-0093

A capital baiana receberá em breve os símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). O evento, conhecido como “Bote Fé”, acontecerá nos dias 17 a 19 de dezembro. Diversos movimentos, pastorais, e instituições estão envolvidos na realização do evento.
Marcos Felipe Fonseca, secretário arquidiocesano do Setor Juventude de Salvador, ressalta que receber a Cruz e o Ícone não é somente ter  em sua cidade os símbolos de um evento de cunho missionário, mas significa também toda experiência de fé que este grandioso evento proporcionou e continua a proporcionar a diversos jovens de todo o mundo.
“A Juventude de Salvador já se prepara com entusiasmo e ansiedade para acolher estes Símbolos, que de maneira muito especial representam uma nova experiência com a fé católica para a nossa cidade, e para o nosso país, que terá o seu cume em 2013, no Rio de Janeiro”, disse.
No primeiro dia (17), as atividades se iniciam às 11h, com a acolhida da Cruz e do Ícone de Nossa Senhora na entrada da Ilha de Salinas, onde haverá uma carreata pela região. Às 15h, o bispo auxiliar de Salvador, dom Gilson Andrade, celebrará a santa missa em Itaparica e, pela noite, os símbolos chegam em Cruz das Almas, onde haverá novamente, uma Celebração Eucarística, presidida também por dom Gilson.
No sábado, 18, os jovens despertarão cedo, às 5h30, para estar na BR 324 (Km 613), entrada de Valéria, com alvorada e carreata para o Santuário de Irmã Dulce, a freira baiana recentemente beatificada pelo papa Bento XVI. Em seguida, haverá a caminhada para o Santuário do Senhor do Bonfim. Às 9h, haverá missa presidida pelo arcebispo dom Murilo Krieger, e, após a celebração eucarística, a Cruz e o Ícone ficarão no Bonfim para visitação até às 13h.
Um momento muito esperado será a recepção dos ícones no Campo Grande, às 15h, com a caminhada até a Praça Municipal com shows da Banda Dominus e Ministério Alto Louvor e logo após, a atração terá Eliana Ribeiro e artistas locais na Praça Municipal.
Além disso, a Pastoral da Juventude de Salvador realizará na segunda-feira, 19, uma visita a jovens carentes e excluídos, necessitados do amor de Cristo.
“A Cruz visitará algumas realidades específicas e especiais, pois passará pela Fundação da Criança e do Adolescente Tancredo Neves (Fundac), e também por uma penitenciária (Mata Escura), representando que a JMJ acolhe também os jovens excluídos e marginalizados” conta Marcos Felipe. “Podemos esperar do Bote Fé Salvador, muito ânimo, muita fé e, sobretudo, muita esperança na juventude. Salvador também quer fazer ecoar a sua voz que diz, "eu acredito na Juventude!”, acentuou o secretário.

Os bispos do Rio Grande do Norte, dom Matias Patrício de Macêdo, arcebispo de Natal; dom Mariano Manzana, bispo da diocese de Mossoró; dom Manoel Delson Pedreira da Cruz, bispo de Caicó; e dom Heitor de Araújo Sales, arcebispo Emérito de Natal - emitiram nota manifestando a preocupação com projeto de irrigação do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), na região do Rio Grande do Norte chamada Chapada do Apodi, projeto que consta da desapropriação de mais de 13 mil hectares de terras, ocupadas atualmente por pequenos proprietários que desenvolvem a Agroecologia e a Agricultura Familiar.
No texto, os bispos afirmam que "neste momento, como pastores do Povo de Deus, que está sob o nosso cuidado pastoral, somos chamados a ser solidários aos agricultores/as familiares da Chapada do Apodi e a sensibilizar o Governo Federal para REVOGAR o Decreto Nº 0-001 de 10 de Junho de 2011 e abrir diálogo na construção de novo projeto com os recursos já disponibilizados no PAC, que seja capaz de integrar a Chapada e Vale do Apodi visando fortalecer a agricultura familiar camponesa de base agroecologica, incluindo todos os assentamentos que estão nesta região".
Leia Nota na íntegra, abaixo
Nota dos Bispos da Igreja Católica no Rio Grande do Norte
sobre o Projeto de Irrigação do DNOCS para a Chapada do Apodi
A Igreja Católica no Rio Grande do Norte, ao tomar conhecimento do Projeto de irrigação que o DNOCS deseja implantar na Chapada do Apodi, amparado pelo Decreto Nº 0-001 de 10 de Junho de 2011, que torna de utilidade pública 13.855,13 hectares para fins de desapropriação, vem, através de seus Bispos, manifestar a sua preocupação acerca da implementação do referido Projeto.
Todos somos sabedores que, naquela região, se concentram as principais experiências de agroecologia e produção de alimentos da Agricultura Familiar Camponesa do nosso Estado. Essa realidade nos interpela para a consciência de se preservar o modo de viver destas comunidades, bem como a sadia qualidade de vida dessas famílias e do meio ambiente, sem interferir em suas práticas culturais e socioambientais.
Sabemos da grande importância do aproveitamento das águas da Barragem de Santa Cruz do Apodi, garantindo, em primeiro lugar, o abastecimento humano de todas as comunidades rurais e urbanas da região, como também na utilização para a produção de alimentos saudáveis, sem uso de agrotóxico, geração de emprego, renda, segurança e soberania alimentar para as famílias de agricultores/as familiares.
Após diálogo com as famílias na região, movimentos sociais, serviços e pastorais sociais da Igreja Católica, que há muitos anos atuam na Chapada do Apodi, compreendemos que a proposta de projeto defendida pelo DNCOS trará enormes prejuízos aos agricultores familiares ali residentes, pois terão de deixar suas casas e as terras, onde vivem há mais de um século, praticando agricultura baseada na agroecologia, para dar lugar a um grupo de empresas cujo modelo de produção baseia-se na monocultura e no uso intensivo de agrotóxico que, como sabemos, contamina a água, a terra e o ar, com consequências graves diretas na saúde das pessoas e no meio ambiente.
Lamentavelmente, ao alimentar esse padrão de desenvolvimento, o atual governo inviabiliza a justa prioridade que atribuiu ao combate à miséria em nosso país, tendo como eixo estruturante o crescimento econômico pela via da exportação de commodities. Esse padrão gera efeitos perversos que se alastram em cadeia sobre a nossa sociedade. Na Chapada do Apodi, a expressão mais visível da implantação dessa lógica econômica é a expropriação das populações de seus meios e modos de vida, acentuando os níveis de degradação ambiental, da pobreza e da contínua dependência desse importante segmento da sociedade potiguar às políticas sociais compensatórias.
Não temos dúvidas de que esse modelo, aqui adotado desde o início de nossa formação histórica, ganhou forte impulso nas últimas décadas com o alinhamento dos seguidos governos aos projetos expansivos do capital. Materialmente, ele se ancora na expansão do hidro agronegócio e em grandes projetos de infraestrutura implantados para favorecer a extração e o escoamento de riquezas naturais para os mercados globais.
A Igreja Católica, à luz de sua doutrina social, entende que a implantação de um projeto desta magnitude não pode ser motivada por uma lógica meramente econômica e produtivista, que não leva em consideração a proteção da vida humana e da sociobiodiversidade. Não temos o direito de subordinar a agenda do bem viver das comunidades campesinas à agenda econômica do modo de produção e consumo vigente.
Neste momento, como pastores do Povo de Deus, que está sob o nosso cuidado pastoral, somos chamados a ser solidários aos agricultores/as familiares da Chapada do Apodi e a sensibilizar o Governo Federal para REVOGAR o Decreto Nº 0-001 de 10 de Junho de 2011 e abrir diálogo na construção de novo projeto com os recursos já disponibilizados no PAC, que seja capaz de integrar a Chapada e Vale do Apodi visando fortalecer a agricultura familiar camponesa de base agroecologica, incluindo todos os assentamentos que estão nesta região.
Por fim, pedimos que Nossa Senhora da Apresentação, a Senhora Santana e Santa Luzia, padroeiras de nossas dioceses, intercedam junto a Deus para iluminar nossos governantes, para que promovam o bem comum, a paz e a justiça socioambiental.Natal-RN, 05 de dezembro de 2011
Dom Matias Patrício de MacedoArcebispo Metropolitano de NatalDom Mariano ManzanaBispo de MossoróDom Manoel Delson Pedreira da CruzBispo de CaicóDom Heitor de Araújo SalesArcebispo Emérito de NatalPresidente do Seapac

"Queremos que as pessoas acreditem que nós também somos seres humanos. Só queremos viver, educar e libertar os nossos filhos desse caminho criado pelos que nos odeiam. Isso tem que mudar, tem que haver justiça", desabafou emocionada, Léia Aquino, mãe e professora, membro da Comissão Aty Guasu, em evento realizado na noite desta terça-feira, 6, na Câmara Municipal de São Paulo, durante lançamento do Comitê Nacional em Defesa da População Indígena de Mato Grosso do Sul.
Léia Aquino, que faz parte do Conselho Internacional dos Povos Guarani, integra uma delegação de lideranças Guarani-Kaiowá que está em São Paulo para participar de várias ações, na Semana em Defesa da Terra, Vida e Futuro Guarani-Kaiowá, evento que acontece de 5 a 8 de dezembro, promovido por organizações solidárias aos povos indígenas.
Na sua intervenção, Léia Aquino, leu o Manifesto do Conselho Aty Guasu, elaborado no último dia 27 de novembro, na Terra Indígena Yvy Katu, localizada no município de Japorã (MS) no qual os indígenas exigem, entre outras providências, "imediata intervenção federal no estado do Mato Grosso do Sul", proteção às lideranças e comunidades "ameaçadas por grupos paramilitares", a publicação, ainda em 2011, "dos relatórios sobre a identificação das terras indígenas em estudo por seis Grupos Técnicos criados em 2008". O Manifesto exige também "rigorosa investigação e prisão dos responsáveis pelos ataques armados à comunidades e lideranças indígenas", e alerta: "não mais aceitamos calados que nossos líderes continuem irrigando com seu sangue a nossa própria terra, enquanto ela continua sendo pisada pelos bois de fazendeiros assassinos", diz o texto, que ainda responsabiliza a presidente Dilma e seu governo por qualquer conseqüência advinda de ações que os indígenas realizarem para defender e reconquistar o seu território.
Egon Heck do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) do MS, relatou uma série de ataques sofridos pelas comunidades Guarani Kaiowá no mês de novembro em retaliação pela retomada de suas terras. No dia 18 de novembro, o cacique Nísio Gomes, foi assassinado, juntamente com outras três pessoas (dois jovens e uma criança), no município de Amambaí (MS). Naquele dia, cerca de 40 pistoleiros encapuzados e armados invadiram o acampamento Tekoha Guaiviry e atiraram no cacique. Depois de morto, o corpo do líder foi levado pelos pistoleiros e até hoje não foi encontrado. "Apesar de tudo, os indígenas seguem firmes na terra retomada e decidiram que esses fatos não deveriam ficar só no Mato Grosso do Sul, mas ser divulgado para outros estados", explicou Egon ao falar sobre a importância da Semana.
Para Lúcia Helena Rangel, antropóloga da PUC-SP, "a situação do Mato Grosso do Sul é paradoxal e exemplar. Por um lado temos um alto desenvolvimento, com o agronegócio, que o povo brasileiro gosta de ver. É a produção de álcool, do etanol, a soja, o milho, o boi ... o grande empreendimento. Um estado rico", disse a antropóloga e continuou: "e exatamente na medida do seu progresso econômico temos o seu inverso, que é o progresso da selvageria desse capitalismo que mata, que deixa crianças passarem fome, contamina com o agrotóxico e que deixa mas de 45 mil Guarani-Kaiowá, confinados, em situações de estrema pressão nos acampamentos à beira das estradas onde são alvos de grande violência". Segundo a professora, que há décadas coordena o relatório, realizado todos os anos pelo Cimi, de Violência contra os Povos Indígenas no Brasil, são quatro os bolsões críticos para os indígenas: Roraima, Maranhão, Sul da Bahia e Mato Grosso do Sul. Nesse estado, entre 2003 e 2010, foram assassinados 250 indígenas. Se agregarmos os assassinatos às tentativas de assassinatos ocorridas entre os Guarani-Kaiowá, durante os oito anos do governo Lula, teremos 250 mortes e 190 quase mortes, somando 440 pessoas atingidas por essa forma de violência, revela outro relatório de Violência contra os Povos Indígenas em mato Grosso do Sul, também elaborado pelo Cimi (2011).
"Vivemos num estado sanguinário onde não se respeitam os direitos humanos dos nossos Povos Indígenas. Vivemos um etnocídio, um genocídio, um nazismo e uma opressão inconcebível", argumentou Samia Jordy Barbieri, advogada da Comissão Permanente de Assuntos Indígenas da OAB/MS, que acompanha a delegação. Entre os presentes estavam as juízas da Associação dos Juízes para a Democracia, Dra. Dora Martins e Dra. Kenarik B. Felippe e representantes de várias organizações. Não faltaram críticas ao Judiciário pelas suas posições com relação aos processos relativos às causas indígenas.
O cacique Faride Mariano de Lima, da Terra Indígena Laranjeira Nhanderu e o professor Oreil Benites, do Conselho Internacional da Nação Guarani, também deram seus depoimentos. "Índio é brasileiro e pertence ao povo do Brasil. Nós somos donos da terra. Os fazendeiros tomaram as terras", destacou o cacique Faride. "Hoje nós estamos voltando para as nossas aldeias e não estamos invadindo, mas retomando o que é nosso. Todas as autoridades foram na minha aldeia e até agora, depois de quatro anos, não resolveram. Não podemos plantar, quando alguém fica doente o fazendeiro não deixa entrar para levar. Nem os mortos nós podemos levar para sepultar em Rio Brilhante. Então nós enterramos lá mesmo na fazenda", afirmou e fez um apelo: "peço que ajudem os povos indígenas".
Oriel Benites acha estranha a ação dos estados nacionais com relação aos Povos indígenas. "Nós já sofremos discriminação, preconceitos, já fomos chamados por vários nomes pelo próprio governador do Estado (André Puccinelli - PMDB). Sofremos preconceitos dos nossos inimigos com a intenção de nos rebaixar e isso fortalece o espírito da luta por que somos a favor da vida, queremos a vida para a terra, para a floresta, para o nosso povo", explicou.
Ao falar do futuro, o jovem professor recordou que os pais querem uma vida digna para seus filhos. "Assim, as mães de vocês também tiveram sonhos para que vocês chegassem onde estão. Isso também nossa mãe e nosso pai tem para nós. Mas a nossa riqueza é a terra", lembrou e fez um apelo. "Ajudem o povo Kaiowá Guarani. Nós não queremos mais morrer, nós queremos construir uma família, nós também somos seres humanos. Nós sempre respeitamos a lei e somamos com votos para eleger o governador, a presidente, o prefeito, o vereador. Mas quando agente grita por favor, ninguém olha pra nós", desabafou.
Na segunda-feira, 5, a delegação indígena acompanhou a entrega do Prêmio Santo Dias de Direitos Humanos para a advogada de Direitos Humanos Dra. e Irmã Michael Mary Nolan. A programação da Semana em Defesa da Terra, Vida e Futuro Guarani-Kaiowá encerra nesta quinta-feira, 8, com o lançamento do Relatório de Direitos Humanos da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos.

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