quarta-feira, 11 de abril de 2012

Cúpula dos Povos questiona e debate rumos para o planeta

Entre 20 e 22 de junho, o Rio de Janeiro receberá a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a chamada Rio+20. Paralelamente ao evento principal, ocorrerá a Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental.  Será de 15 a 23 de junho, no Rio de Janeiro.
A Cúpula dos Povos pretende apresentar um contraponto ao processo de mercantilização da natureza. O que as pessoas reunidas em torno da Cúpula dos Povos desejam é justamente questionar e demonstrar as contradições do modelo baseado em um suposto capitalismo verde.
Movimentos sociais e organizações da sociedade civil têm apontado que, na Rio+20, não se pretende debater questões que promovam realmente alternativas ao atual cenário em que o planeta se encontra, senão por meio do mesmo sistema econômico vigente. Marcelo Durão, dirigente nacional do MST e um dos representantes da Via Campesina na Cúpula dos Povos, diz que “o evento será um grande acordo entre chefes de Estado e grandes corporações, e as soluções para uma economia verde virão pelo mercado. A sociedade civil, por outro lado, entende que deveria ser um debate mais amplo em relação às questões ambientais”.
Para Durão, “discutir a economia verde é discutir o capitalismo. Está se acreditando que o capitalismo pode ser bonzinho. Não existe uma real economia verde, não existe um real capitalismo verde. Exemplos disso são os sequestros de carbono, pagamento por serviço ambiental – que não apresentam soluções reais e concretas. É a continuação do mesmo capitalismo travestido de verde. Geralmente o discurso é sempre no sentido de continuar a centralizar, acumular riquezas na base dessas corporações”. Essa aparente solução de matriz capitalista deixa de lado milhões de anos do convívio do ser humano com a natureza, já que também somos parte de um ecossistema, e insere neste contexto a ideia de que tudo pode ser comercializado.
Uma das críticas vigentes à chamada economia verde é justamente o fato de que se trata de um modelo que mercantilizará ainda mais as riquezas naturais, pelo que se convencionou chamar de “serviços ambientais”. “Isso é errado, porque esse modelo trata a floresta como um produto. Por exemplo, o ar não pode ser comprado. A ideia deles é de pôr preço em todos os bens naturais. Não concordamos com isso e temos de afirmar o caráter de público destes bens, porque os bens naturais pertencem à sociedade”, afirma Ivo Lesbaupin, membro da diretoria executiva da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong).
Para os nove dias de Cúpula há uma programação que pautará a atuação de diversos povos, além de uma marcha em nível mundial marcada para 5 de junho, data em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente. Rosilene Wansettos, da rede Jubileu Sul e integrante do grupo de articulação pra Cúpula dos Povos, diz que “a ideia é de que seja um momento de fortalecimento. É uma agenda assumida, assim como no dia 20 de junho, que também será um dia de mobilização global”.

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