segunda-feira, 11 de junho de 2012

Consea: para conselheiro Edélcio as autoridades estão longe da dor das populações carentes

O Congresso Nacional, por meio da Comissão Mista sobre Mudanças Climáticas, promoveu na última terça-feira (05/06) uma audiência pública sobre o impacto das alterações no clima nas cidades e no campo. O conselheiro Edélcio Vigna, do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), foi um dos especialistas convidados.
No debate, o conselheiro disse que as regiões mais pobres da África, Ásia e América Latina são as que têm menos condição de enfrentar as mudanças climáticas no mundo e as mais vulneráveis a eventos extremos, como enchentes, estiagens e furacões. A constatação, segundo ele, está indicada no Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, da Organização das Nações Unidas (ONU).
Edélcio disse que, apesar de todas as dificuldades, o Brasil não possui um mapeamento das áreas e das populações que estão em zona de perigo, além de não contar com medidas socioambientais de prevenção a riscos climáticos. “Dá a impressão que as autoridades estão alheias aos problemas que a sociedade sofre. Elas prometem programas, atividades e recursos, mas estão longe da dor dessas populações”, disse o conselheiro.

Para ele, o foco principal do impacto das mudanças climáticas são as grandes cidades, que concentram 82% da população brasileira. Essas pessoas, disse Edélcio, sofrerão mais com as ­enchentes, deslizamentos de encostas, soterramentos, descontinuidade nos serviços públicos e ineficiência das políticas urbanas, o que resulta na falta de moradia digna, saneamento básico, água potável e luz elétrica.
No campo, as mudanças climáticas afetam a produção, demandando mais agrotóxicos e produtos químicos, com maior possibilidade de poluição hídrica. Edélcio citou estudo que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) fizeram sobre o aquecimento global e a nova geografia agrícola.
Segundo o conselheiro, a conclusão da pesquisa foi que o crescente impacto das mudanças climáticas ­forçará a mudança do sistema nacional de produção e armazenamento. Para evitar a falta sucessiva de alimentos, a população terá de formar reserva e abastecimento.
Além de Edélcio Vigna, participaram do debate Francisco Campello, diretor de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, o senador Sérgio Souza (PMDB-PR) e o deputado federal Márcio Macêdo (PT-SE).

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