quinta-feira, 21 de junho de 2012

"Futuro que preparam na Rio+20 vai nos levar ao abismo", diz Leonardo Boff

"É um documento materialista e miserável". Foi dessa forma que o teólogo e escritor Leonardo Boff se referiu ao documento geral da ONU que está sendo preparado na Rio+20, Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho, no RIo de Janeiro.
A reortagem é de Matheus Lombardi e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 16-06-2012.
"O Futuro que preparam na Rio+20 vai nos levar ao abismo", disse Boff, um dos responsáveis pela Carta da Terra, declaração de princípios que busca inserir na sociedade princípios mais éticos na relação com o meio ambiente.
Segundo o teólogo, a busca por uma economia mais sustentável, um dos principais focos da Rio+20, não terá sucesso algum com as ideias e panoramas atuais.
"Só se fala de economia verde. Mas o que eles querem é apenas uma economia pintada de verde. Temos que ter uma ruptura com o sistema atual", afirmou.
Dez países devem ajudar Brasil em acordo
Representantes de delegações de ao menos dez países devem ajudar o Brasil a coordenar as negociações do comitê preparatório para Cúpula de Chefes de Estado da Rio+20. O encontro deveria se encerrar com um rascunho da declaração final praticamente fechado, mas ainda há muitos pontos em debate e as negociações vão continuar informalmente.
O porta-voz das negociações do Comitê de Preparação da Rio+20, Nikhil Seth, confirmou que a delegação do Brasil, como anfitriã da Conferência, assume a coordenação dos debates entre as delegações de Estado a partir do sábado (15). “A meta de todos agora é estar com todo ou pelo menos quase todo o texto fechado até o dia 19, antes da chegada dos chefes de Estado”, disse Seth.
Seth rechaçou a hipótese de que os temas-chave em discussão e estão sem consenso serem definidos apenas em 2013.
Carta da Terra quer ser um "mapa" para uma sociedade mais justa
Mais preocupadas com as atitudes do que com as palavras e vírgulas de um documento, as entidades que fazem parte do grupo de implementação da Carta da Terra querem criar uma espécie de "mapa" para que atitudes sustentáveis possam ser seguidas por pessoas, empresas e governos.
A Carta da Terra é uma declaração de princípios que busca inserir na sociedade princípios mais éticos na relação com o meio ambiente. Empresas e governos utilizam os princípios do documento para nortear decisões e projetos.
“Queremos dar um direcionamento para uma sociedade mais justa. A iniciativa começou com a ONU e não chegou a um acordo. Agora, o documento está na mão da sociedade. Queremos que as pessoas peguem o documento e o utilizem na prática. Vamos deixar que outras pessoas fiquem apenas discutindo. Nós temos que agir”, declarouMirian Vilela, da representante Carta da Terra Internacional.
Porém, o apoio das principais potências mundiais é essencial que para que todo o esforço da Rio+20 tenha um resultado prático, segundo o diretor do WWF Brasil, Kenzo Jucá Ferreira.
“A falta de líderes das principais economias preocupa em relação aos resultados que serão obtidos aqui na Rio+20. O mundo vive uma encruzilhada e, agora, é a hora de encontrarmos novas diretrizes”, afirmou.
Ainda falta apoio para implementação
Apesar de ter mais de dez anos, os organizadores do movimento da Carta da Terra ainda sentem falta de apoio, principalmente da ONU (Organização das Nações unidas).
“É importante que a ONU assuma esse processo. Ainda faltam reconhecimento e aplicabilidade da Carta da Terra”, disse o conselheiro do Instituto Alternativa TerraAzul, Pedro Ivo.
Os encontros e debates que serão realizados durante a Cúpula dos Povos, evento paralelo a Rio+20, serão importantes para criar uma rede nacional que divulgue os princípios éticos do documento.
“Aqui esperamos consolidar todas essas discussões que já duram anos. Falta a consciência de que não estamos separados do meio ambiente”, declarou Alexandra Reschke, secretária-executiva do IDS (Instituto Democracia e Sustentabilidade).

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