terça-feira, 5 de junho de 2012

Nota de repúdio: Oh, meu Santo Amaro da Purificação rogai por nós ciganos e não ciganos brasileiros!


Beato Zeferino Gimenez

Cópias desta nota de repúdio foram enviadas aos órgãos governamentais ligados a esta questão
 Por: Nicolas Ramanush  -  presidente Embaixada Cigana do Brasil – Phralipen Romani.
Às margens do rio Traripe viverm os primeiros colonizadores, no local um incidente trágico causou a morte de um jesuíta, o que fez os moradores se deslocarem para um local próximo, onde construíram uma capela para Santo Amaro. Neste ponto desenvolveu-se a cidade. Em 1837 transforma-se em cidade, com o nome oficial de Leal Cidade de Santo Amaro, hoje Santo Amaro ou como muitos falam Santo Amaro da Purificação.
O preconceito e a intolerância estão fundamentados na insegurança e no medo. A falta de ação do governo federal faz dos Estados, pequenas “ilhas” rodeadas por um mar de insegurança e medo. Mas todos nós brasileiros, de etnia cigana ou não, não somos iguais a “Robson Crusoé” desterrados em uma “ilha” cuja principal atividade seja manter nossa sobrevivência. Ciganos e não ciganos do Brasil são brasileiros! E devemos viver em sociedade. Viver em sociedade implica em entrar em contato com mentes que pensam de forma diferente e em alguns casos portadoras de valores étnicos diferenciados. Obviamente que essa relação social gera as contradições e os inevitáveis choques culturais. E é justamente nesse momento que devemos praticar a tolerância que nada mais representa do que o respeito para com os valores alheios. Diante do lamentável fato ocorrido no último dia 03 de junho quando cerca de 600 pessoas atearam fogo em um acampamento por “retaliação” à morte de um não cigano, fazendo com que crianças, idosos e mulheres brasileiros de etnia cigana tivessem que abandonar suas casas (tendas) para não morrerem queimados, devemos nos lembrar de Voltaire, “ Não concordo com nada do que você diz, mas defenderei o seu direito de dizê-lo até o fim”. Esse pensamento e atitude são primordiais para garantir o respeito que devemos ter para com nossos semelhantes. E respeitar não significa nos silenciarmos diante dos conflitos.  E Voltaire não disse: “ Não concordo com nada do que você faz, mas defenderei o seu direito de fazê-lo”.

Meu louvor ao povo cigano

A problemática na equação dessas necessidades com relação ao respeito aos nossos semelhantes reside no seguinte fato: um sábio pode se colocar no lugar de um ignorante, mas um ignorante não tem como se colocar no lugar do sábio, porque lhe faltam condições para bem avaliar o que é a sabedoria. Em outras palavras: O Governo Federal não desenvolve políticas efetivas nesse sentido, apenas cumpre agendas de apelo internacional, através da Secretaria de Direitos Humanos, da Secretaria de Políticas da Promoção da Igualdade; e a Imprensa brasileira continua generalizadora e discriminatória, pois, no último dia 24 de maio Dia Nacional do Cigano não houve espaço significativo para a data, mas quando se trata de disseminar a insegurança e o medo o espaço está garantido como manchete.
No século XVIII, Voltaire, em seu Dicionário Filosófico, se perguntava: “O que é a intolerância?” E, respondia: “É um dom da humanidade. Estamos todos insensíveis pelas nossas debilidades e erros; perdoemo-nos reciprocamente nossas tolices, é a primeira lei da natureza”.

A liberdade dessas pessoas que atearam fogo nas casas (tendas) dos ciganos de Santo Amaro da Purificação reside na permissividade de todas as formas de poder dessa cidade, indo desde a permissividade do poder policial ao silêncio dos poderes ideológicos. Resta-nos rezar e pedir ao Santo Amaro da Purificação que amanhã ou depois, se um favelado envolvido em uma desinteligência tirar a vida de alguém, os “cidadãos” da região não toquem fogo em toda a Favela em forma de retaliação.
A liberdade não é para qualquer um, muito menos para aqueles que não conseguem dominar os seus caprichos. Não se consegue ser livre quando se é fraco. A liberdade é dom exclusivo dos homens de têmpera, que sabem discernir o que exige a justiça e o bem-estar dos outros e livremente se dispõem a executá-lo (Dosoiewsky)..


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