segunda-feira, 4 de junho de 2012

Pra não dizer que não falei de flores

 Artigo do jornalista Altamir Vieira (Jornal O Popular - Goiás) -  Para quem quiser falar de flores, estão em pauta as conversações sobre a Conferência Rio+20 e os vetos da presidente Dilma Rousseff ao Código Florestal na tentativa de buscar um meio termo entre produtores rurais e ambientalistas. A presidente vetou 12 dos 84 artigos do código aprovado pela Câmara dos Deputados e, com isso, desagradou ambas as partes.
A agrônoma Laura Antonizazi, do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Icone) afirmou que "a anistia permaneceu para os madeireiros ilegais", o Le Monde vê redução da proteção da Amazônia no Brasil e a BBC fala em Código Florestal retrógrado. Aqui, os ambientalistas criticam Dilma por não ter vetado o texto integralmente.

Ao dizer que o Executivo não está respeitando a realidade dos produtores rurais, o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) anuncia um mandado de segurança e assegura que o governo não pode editar Medida Provisória sobre "matéria que foi votada e aprovada no Congresso Nacional antes que analisemos os vetos".
Para Caiado, além de inconstitucional, a ação governamental representa uma afronta e um desrespeito ao Congresso Nacional. Em meio a tudo isso, o Poder Legislativo está às voltas com a CPI do Cachoeira, onde alguns de seus integrantes se julgam no direito de investigar e julgar os acusados, condenando os adversários políticos e inocentando os companheiros, envolvidos ou não com o mensalão. Diante do cheiro de pizza no ar e de membros da CPI do Cachoeira estarem sem pique para subir a rampa do PAC (Palácio), o povão começa a indagar com muito humor se o engraxate do Cachoeira, o barbeiro, o alfaiate e as cozinheiras do contraventor serão chamados para depor, já que, embora sem ser nenhum mensalão, recebiam de qualquer forma dinheiro do contraventor.
Se há indícios reais de falcatruas, esses assuntos devem ficar a cargo do Congresso Nacional, Tribunais de Contas, Ministério Público e do Poder Judiciário, como no impeachment de Collor. Ninguém deve ser conivente. Quem deve tem de pagar. A própria CPI, devido à sua alta responsabilidade, não poderia ter na presidência um senador acusado de empregar assessora-fantasma no Senado e parentes de políticos e aliados.
As cidades registram números recordes de homicídios, drogas, roubos e estupros, mas as autoridades não se descuidam das Unidades da Polícia Pacificadora nos morros cariocas, para dar uma imagem de segurança e atrair turistas do mundo inteiro para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil.
O problema maior é que o Brasil está paralisado, com esses quiprocós da política. As atenções se voltam para a CPI, Comissão da Verdade, Código Florestal e Copa do Mundo que, para animar os torcedores, vai permitir a venda de bebida alcoólica nos estádios. A Lei Seca irá para escanteio.

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