terça-feira, 12 de novembro de 2013

Quadrilha de estelionatários queria fazer Hospital Referencia em Ilhéus

Carlos Alessandro Lins e Silva e Rogério Manso Moreira
Nesta segunda-feira (11), depois de uma operação nos Rio de Janeiro, Espirito Santo, Paraná e Bahia a Polícia Civil  prendeu 15 integrantes de uma quadrilha de estelionatários. Entre os presos estão dois elementos supostamente envolvidos com a obra de reconstrução do prédio da antiga Maternidade Santa Isabel, em Ilhéus. 
Rogério Manso coloca-se entre Jabes e  a ex-secretaria de
Saúde Ledívia Espinheira.  Carlos Alessandro é o e camisa 
branca  com listras, à esquerda da ex-secretária.
Carlos Alessandro Lins e Silva e Rogério Manso Moreira foram presos em Salvador(BA), e Belford Roxo (RJ). Rogério é apontado como chefe do bando. 
No dia 20 de fevereiro, Carlos e Rogério participaram de uma audiência com o prefeito de Ilhéus, Jabes Ribeiro (PP). O dois integravam o grupo de supostos empresários que propunham a transformação do prédio da antiga Maternidade Santa Isabel num Hospital de Referência.
Como a quadrilha atuava - A quadrilha convencia pequenos empresários a aumentar o capital social da empresa para poder entrar em licitações que eles seriam os vencedores;
Empresários contraíam empréstimos para aumentar o capital social, ficavam endividados;
A quadrilha aconselhava os empresários a abrir uma nova firma e adquiria a empresa endividada, que era colocada em nome de “laranjas”;

A quadrilha usava o CNPJ das empresas para contrair novos e maiores empréstimos, que eram usados para aumentar o capital social de outras empresas falidas adquiridas pelo grupo e assim formar uma espécie de pirâmide de empréstimos.
"É uma quadrilha que age, principalmente na Baixada Fluminense, mas tem tentáculos em outros estados também. É uma quadrilha especializada em golpes bancários milionários, uma das maiores do país. Em dois anos, eles movimentaram quase R$ 40 milhões, adquiriram 82 caminhões que eram usados para lavar dinheiro e usavam ainda empresas de fachada para praticar o crime", explicou Curi.
De acordo com o delegado, os integrantes da quadrilha faziam a proposta para que pequenas empresas fizessem um trabalho para a prefeitura. No entanto, em troca, esses microempresários tinham que aumentar o capital da mesma. Para que isso acontecesse, eles faziam grandes empréstimos nas instituições financeiras.
"Quando este empresário percebia que não tinha condições de arcar com o custo, os lobistas transferiam a empresa para algum laranja, que também pertencia à quadrilha. E aí era feita uma pirâmide de empréstimo com outras várias empresas", acrescentou. Ainda de acordo com o delegado, entres os presos está um assessor da prefeitura, identificado como Rogério Ramos. Os criminosos agiam principalmente nos municípios de São João de Meriti, Duque de Caxias, Belford Roxo, Queimados e Nova Iguaçu, na Baixada.
Caminhões adquiridos
O delegado explicou ainda que os empréstimos variavam de R$ 1 mihão a R$ 3 milhões e, com isso, a quadrilha adquiriu 82 caminhões, que estão espelhados pelo país e foram comprados com a finalidade de lavar o dinheiro.
"Eles colocaram em empresas de fachada e esses caminhões que dão uma renda para eles. Cada caminhão pode ser alugado por até R$ 5 mil por mês", concluiu.
Sigilo bancário e fiscal
Ainda segundo o delegado, a polícia quebrou o sigilo bancário de 35 empresas e 173 contas correntes foram analisadas. Além disso, houve 36 contas interceptadas e 70 mil registros entre ligações e mensagens vasculhados.
O empréstimo variava de R$ 50 mil a R$ 200 mil. "Eles precisavam de empresas com CNPJ antigos para dar continuidade aos empréstimos e quando essas empresas não conseguiam arcar com o valor pego no banco, eles colocavam um laranja deles como sócio dessas empresas. Esses laranjas na maioria das vezes eram pessoas analfabetas", relatou.
Lavagem de dinheiro
O arrendamento dos caminhões a R$ 5 mil por mês, além de render lucro à quadrilha também permitia ao grupo fazer a lavagem do dinheiro dos empréstimos. Uma das empresas da quadrilha estava reformando uma escola - que na verdade é o Instituto Marcos Richardson, falido e de propriedade da família do lobista Rogério Manso Moreira - e recebia depósitos da Prefeitura de Belford Roxo para as obras que não eram realizadas.
Na Bahia 
E tinha ainda uma ONG de administração de hospitais públicos na Bahia, que recebia dinheiro para prestar serviços terceirizados como, segurança, limpeza e aluguel de equipamentos, para unidades de saúde pública de Ilhéus e Itagimirim. Mas os serviços nunca eram prestados, segundo o delegado Curi.
"Eles tentaram trazer o esquema desta ONG para o Rio. Tentaram pegar o Hospital Santa Cruz, em Niterói (Região Metropolitana), que está praticamente desativado. Mas a fraude foi descoberta e o negócio não foi concretizado", disse o delegado.
Agora, de acordo com o delegado da 54ª DP, vão começar as investigações sobre as possíveis ligações da quadrilha com agentes públicos, políticos e prefeituras da Baixada Fluminense. Curi destacou que duas empresas do grupo fizeram uma doação de R$ 390 mil para a campanha de um candidato eleito para prefeito na região. O delegado não quis adiantar nomes, pois ainda não há comprovação de envolvimento do prefeito com os fraudadores.
"Essa é uma questão que vamos começar a investigar. O montante doado, de acordo com o próprio prefeito, foi o equivalente a mais de 50% do valor das doações recebidas por ele durante a campanha", disse o delegado, que acredita que esta também foi uma forma de lavar o dinheiro dos golpes bancários.
A investigação sobre a quadrilha durou sete meses e os presos responderão por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e 554 estelionatos. Curi destacou que o grupo foi descoberto depois que a polícia começou a investigar o lobista Rogério Manso Moreira por estelionato. O pai, o tio e o primo de Rogério já respondem por outras anotações criminais por estelionato.
No Rio, foram presos o lobista Rogério Manso Moreira, considerado pela polícia como o chefe da quadrilha, o pai Reinaldo Polifique Moreira, o tio Reginaldo Polifique Moreira, o primo Ricardo Meireles Moreira, Pedro de Oliveira, Rogério Vieira Ramos, Luciano Maciel Peixoto, Cassius Nascimento Valença, Cristiano Maciel Peixoto, Alex Sandro de Souza Andrade e Irapuã dos Santos Soares. Os advogados de alguns presos estiveram na Cidade da Polícia, onde o grupo foi apresentado, mas não quiseram dar entrevista.
Veja a lista de presos:
Rogério Manso Moreira
Rogério Vieira Ramos
Andreia Ferreira Sampaio
Alex Sandro de Souza Andrade
André Souza da Silva
Luciano Maciel Peixoto
Cristiano Maciel Peixoto
Irapuã dos Santos Soares
Luiz Guilherme Ferreira Sampaio
Pedro de Oliveira
Ricardo Meireles Moreira
Reginaldo Moreira
Reinaldo Moreira
Carlos Alessandro Lins e Silva
Cassius Nascimento Valença

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