quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Microempreendedores individuais do sul da Bahia são geradores de mais de R$ 6 milhões em impostos

Renata Smith - A dona-de-casa Maria Eugênia Sertório trabalhava na informalidade como sacoleira, em Itabuna, no sul do Estado. Apesar da insistência, o negócio nunca foi muito adiante, por causa do alto índice de inadimplência. Para complementar a renda, arranjava um tempinho na agenda para exercer outra atividade que sempre foi a sua grande paixão: a de cabeleireira. Os prejuízos acumulados com a venda de confecções de porta em porta a levaram a tomar uma difícil decisão quatro anos atrás: optar pelo fim do negócio.
A partir do ano 2010, ela se formalizou como Microempreendedora Individual (MEI) e transformou o que até então era “um bico”, uma pequena ajuda para pagar algumas contas, no seu negócio mais lucrativo.O salão de beleza que funciona na garagem da própria casa, no bairro de Fátima, passou a atender de forma mais profissional à clientela que antes só era agendada para as horas vagas.
Maria Eugênia é um exemplo bem sucedido de empreendedores do sul do Estado que optaram, nos últimos anos, pelo segmento de prestação de serviço, através do Simples Nacional, e que vêm contribuindo com a geração de receita para os municípios.Segundo dados da Receita Federal, em 2013, os 26 municípios que compõem o Território Litoral Sul faturaram juntos com Imposto Sobre Serviço (ISS) o montante de R$ 6.015.000, apenas com microempreendedores formalizados. As duas maiores cidades da região – Ilhéus e Itabuna – faturaram juntas R$ 4 milhões e 970 mil em ISS.
Profissionalismo na atividade
Para se qualificar e ampliar os horizontes sobre o seu novo negócio, Maria Eugênia decidiu participar das inúmeras atividades desenvolvidas pelo Sebrae. Esteve presente em cursos de qualificação, se inscreveu em missões empresariais para conhecer experiências e projetos iguais ao seu em outros lugares do Brasil e se integrou ao Núcleo de Salões do Projeto Comércio e Serviços da entidade.
Para não repetir erros da experiência comercial anterior, aprendeu a fazer, dentre outras coisas, o controle financeiro do salão. “E estas decisões mudaram minha história. Graças ao Sebrae agora sou uma outra pessoa”, reconhece.
Lei geral e avanço
O analista do Sebrae, Michelangelo Lima, credita o crescimento ao trabalho das cidades que já conseguiram implementar a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas (MPE) e criaram, como conseqüência da ação, o Balcão do Empreendedor.“A existência da do balcão torna a prefeitura protagonista do processo de formalização”, assegura. Mas o analista faz um alerta para os gestores: “É preciso investir em capacitação das MPEs e no fomento do empreendedorismo nas escolas”.
“Hoje tenho uma empresa, crédito em banco e trabalho para, ainda este ano, profissionalizar ainda mais meu negócio”, afirma Maria Eugênia. Como mantém o salão na garagem de casa, ela quer dar “um tom” diferente ao negócio, separando definitivamente o pessoal do profissional. “Vou reformar, investir, trocar piso, comprar lavatórios e crescer ainda mais”, planeja. O acesso a estes benefícios e créditos ela tem pelo fato de estar rigorosamente em dia com a Declaração Anual de Faturamento.
O movimento aumentou tanto nos últimos tempos – “dobrou”, segundo Maria Eugênia –que hoje ela conta com a ajuda da filha, Paloma, estudante de Biomedicina na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc). Entre um trabalho e outro, a jovem destaca o orgulho que tem da história de luta da mãe. “Ela é uma vencedora. Basta ver tudo isso aqui”.

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