quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Por que as pessoas temem tanto as ameaças cósmicas?



Por que as pessoas temem os asteroides, corpos interestelares que cortam o Universo em eterna viagem solitária? O que os assusta? A ameaça oculta, que por enquanto não podemos enfrentar, ou as próprias ideias sobre a efemeridade da vida, que lembra a impotência diante da morte?
A psicóloga Irina Lukianova ajudou a Voz da Rússia a entender as causas da histeria em massa em torno de meteoritos e asteroides. Por exemplo, por que fez tanto barulho o meteorito de Chebarkul, caído em 15 de fevereiro de 2013 na região de Chelyabinsk.

"Isto ocorreu então, quando ninguém esperava. Não houve qualquer aviso de que esse meteorito cairia. Porque os radares por enquanto não podem registrar a aproximação de objeto tão pequeno segundo as medidas cósmicas. Mas justamente este momento de “não aviso” chocou fortemente as pessoas. E apesar de a queda do meteorito não ter causado grandes destruições, ela teve consequências mais profundas: ela destruiu a fé das pessoas na própria segurança. Verificou-se que nós somos impotentes diante das ameaças externas. E justamente esta impotência é que assusta e irrita as pessoas."
Em dezembro de 2012 os habitantes da Terra esperavam a chegada de Nibiru, o mítico planeta X, que deveria por fim a toda a vida e desse modo realizar a profecia maia sobre o fim do mundo. Não ocorreu a catástrofe universal.
Depois todos, com o coração nas mãos, acompanharam como o asteroide 2012 DA14 voou em proximidade direta da Terra. Na opinião da psicóloga a ameaça do fim do mundo e o medo de cataclismos naturais e de extraterrestres remetem a humanidade a nossas fobias profundas e subconscientes. Sendo que a realidade é inquietante no mundo. A Coreia do Norte e o Irã, com seus programas nucleares, a crise financeira no Chipre, a situação na Síria. Nos últimos anos o mundo parece cada vez mais e mais uma grande úlcera a sangrar. A tensão geral aumenta. As pessoas perdem o emprego, perdem o bem-estar financeiro, a crença numa vida tranquila. Na opinião de Irina Lukianova:
"Em tais momentos as terríveis lendas sobre o fim do mundo, onde cada um receberá o que merece, parecem-nos especialmente atraentes. Pois, às vezes queremos destruir o mundo, onde não há justiça e igualdade e construir sobre suas ruínas um mundo novo e perfeito. Entretanto este é um enfoque profundamente infantil. Por nossa própria impotência queremos destruir e sermos destruídos, punidos."
Justamente neste momento nós concentramos nossa atenção nas ameaças externas. Por exemplo, as que partem do cosmos. É como na infância, se você se comporta mal, sabe que a punição dos pais não se fará esperar. Neste caso, justamente o “cosmos perigoso” ou a “natureza que não pode ser dominada pelo homem” desempenham o papel de pais que punem. Nós tememos a punição e sabemos que ela é inevitável. Este processo é velho como o próprio mundo. Disto vêm as antigas profecias sobre o Apocalipse, baseadas na mesma psicologia da criança “desobediente” em forma de humanidade pecadora e Deus ou as forças naturais em forma de pai “severo porém justo”.
Assim que o tema do “Grande Dilúvio” ou da “Chuva de Fogo do Céu” não será esgotado enquanto não ocorrer de verdade. Nós tememos meteoritos e asteroides, como também terremotos e tsunamis. A humanidade teme aquilo sobre o qual não pode influir e escapa ao controle. O desconhecido e a própria impotência assustam. Porém acima de tudo assusta a morte. O único meio de livrar-se dos temores é entender que todos no mundo, naturalmente, e cada um vive o tanto quanto lhe foi destinado.
É absurdo acompanhar cada asteroide que voa ao lado da Terra. A atenção não mudará a trajetória de seu voo. E a trajetória de sua vida pode perfeitamente ser virada para um lado melhor, está convicta a psicóloga Lukianova. Basta apenas concentrar-se não nos temores, mas nas maravilhosas coisas pequenas que ocorrem diariamente conosco, e que são a vida.

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