terça-feira, 3 de junho de 2014

Chefe de gabinete diz que ameaças de morte motivaram aposentadoria de Barbosa



Joaquim Barbosa, presidente do STF, anuncia, na abertura da sessão plenária sua decisão de se aposentar do cargo de ministro, em junho - Divulgação/ STF
“Ele chegou ao seu limite. Não aguentava mais. Cansaço físico e consciência do dever cumprido. Duro e triste o dia de hoje (ontem). Mas sinto-o aliviado pela decisão.” O desabafo é do chefe de gabinete da presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), o diplomata Sílvio Albuquerque Silva.
Ele se emocionou ao falar sobre o anúncio da aposentadoria, na quinta-feira, feito pelo presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa.
— Havia ameaças de morte, com telefonemas para o gabinete e a casa dele, com frases covardes como: “Sua hora está chegando” — relatou o diplomata, na tentativa de explicar o inesperado gesto do presidente do Judiciário brasileiro.
Barbosa podia ficar mais 10 anos no STF, já que a aposentadoria compulsória se dá quando se completa 70 anos. Aos 59 anos, ele deixará o STF no final do mês que vem.
Em nota, a Secretaria de Comunicação do STF informou que as razões da aposentadoria de Barbosa são de “foro íntimo” e destacou que o chefe de gabinete da Presidência do STF não deu entrevista sobre o tema para nenhum veículo de comunicação. O jornal A Tarde, porém, confirmou a informação, dada ao colunista Adilson Borges.
A Polícia Federal já concluiu um dos inquéritos sobre ameaças de morte contra Joaquim Barbosa, mas por requisição do Ministério Público Federal teve que reabrir o caso e aprofundar a apuração. Há duas semanas, o procurador da República Francisco Guilherme pediu que a polícia verifique a identidade e os vínculos partidários de Sérvolo de Oliveira e Silva, apontado como um dos autores das ameaças contra Barbosa. Sérvolo foi identificado como secretário de Organização do PT do Rio Grande do Norte. Mas, para o MP, a polícia teria se baseado em informações da imprensa, o que não poderia se configurar como prova em um eventual processo judicial. O inquérito foi aberto em fevereiro, a partir de uma reclamação do presidente do STF, e não tem prazo para ser relatado em caráter definitivo. Por lei, o MP pode pedir o aprofundamento das investigações quantas vezes achar necessário.

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