segunda-feira, 18 de agosto de 2014

O sorriso de Myan e a carícia de Francisco

O momento mais tocante da visita de Francisco à Coreia: o abraço aos portadores de deficiência do centro fundado pelo Pe. Oh Woong. Bergoglio rezou em frente ao jardim que lembra os bebês abortados.
Myan é uma jovem acamada, não pode falar, apenas sorrir. E, todas as vezes que se pede para que ela sorria, ela o faz. Ela sorriu também para o papa, que lhe acariciou o rosto. A visita de Francisco a Kkottongnae ("colina das flores"), um centro que reúne estruturas de reabilitação, de saúde, religiosas e espirituais fundadas pelo franciscanoJohn Oh Woong Jin, é o momento mais tocante do seu terceiro dia na Coreia.
Não há discursos a fazer, mas crianças, jovens, adultos e idosos portadores de deficiências graves a abraçar. São os compromissos que o Papa Bergoglio prefere, a oportunidade para "tocar a carne de Cristo" nos marginalizados pela sociedade, a oportunidade para testemunhar a "ternura de Deus".
Dentro do Centro de Recuperação para pessoas com deficiência House of Hope, o papa encontrou à sua espera 150 pacientes adultos, cerca de 50 crianças portadoras de deficiência que vieram de outro centro perto e um grupo de profissionais da saúde e professores do centro.
Francisco visitou antes de tudo a capela, onde alguns doentes foram acomodados. Depois chegou ao salão principal. Os responsáveis pelo centro e a jovem freira que traduz para ele do coreano ao italiano queriam que ele se sentasse, tomando o lugar na grande cadeira branca preparada para ele. Mas Bergoglio quis ficar de pé. Ele assistiu a um balé preparado por alguns dos jovens com deficiência, cumprimentou-os um por um, recebeu presentes. Um menino de cadeira de rodas colocou sobre o seu pescoço uma guirlanda de flores roxas decorada com uma fita larga que acaba no pescoço do papa.
Francisco começa a cumprimentar cada um dos internados. Há crianças portadoras de deficiência, abandonados duas vezes: pelos pais, que os abandonaram por causa da sua deficiência; pela sociedade, porque ninguém quer adotá-las. O papa coloca as mãos sobre a cabeça de cada um, acaricia, abraça, beija.
Chega a Myan, a mulher com uma grave doença cerebral, acamada, "que nunca perdeu o seu sorriso", explica a freira. E Myan, que não pode falar, sorri. Depois, há John, um dos primeiros hóspedes, que há muitos anos disse ao padre Woong Jin que queria estudar, apesar da sua grave deficiência. Assim começaram os programas educacionais dirigidos, e agora quem saúda o pontífice são jovens que se formaram.
John, sentado na cadeira de rodas, se agita e sorri. A sua mãe o abandonou e nunca veio encontrá-lo, mas agora há o papa que o abraça. Há também crianças muito pequenas, dentro dos seus berços transparentes. E há os idosos abandonados.
Na saída, deixando a House of Hope, Francisco se dirigiu de carro ao centro de formação School of Love, acompanhado pelo canto de um Coro de Sem-Teto. Durante o trajeto, o papa parou em oração na frente do Jardim dos Bebês Abortados, um grande gramado com pequenas cruzes brancas, na presença de uma representação dos ativistas pró-vida coreanos e o frei Lee Gu-won, jovem missionário nascido sem braços nem pernas.

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