quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Os casais estão roubando a cena no Sínodo

Embora o Sínodo dos bispos sobre a família, que está sendo realizado de 5 a 19 de outubro, seja, primeiramente, uma reunião de prelados, durante os dois primeiros dias do encontro foram os leigos, em grande parte, aqueles que roubaram a cena.
Uma vez que esse é um encontro sobre questões familiares, o Sínodo convidou 12 casais de todo o mundo para estar entre um grupo conhecido como "auditores", ou seja, pessoas que tomam parte nas discussões, mas não tem direito de voto.
Até agora, porém, a falta de direitos de voto não tem impedido esses casais de causar uma boa impressão.
Para ser justo, parte da razão que os comentários avultam é porque o Vaticano não forneceu muita informação em termos daquilo que os bispos estão dizendo, apenas uma lista de quem está falando todos os dias, por isso há uma tendência natural para enaltecer tudo o que está disponível.
Mesmo assim, os casais têm virado algumas cabeças.
Ontem, o Sínodo ouviu o casal Ron eMavis Pirola de Sydney, Austrália, casados há 55 anos e que têm quatro filhos. Eles forneceram uma dose de vida real, contando aos bispos sobre os amigos cujo filho gay disse que queria levar o seu parceiro para casa no natal.
Os Pirola explicaram que seus amigos além de fiéis católicos, são também pais amorosos que queriam que seus netos os vissem acolher o parceiro de seu filho na família. Sua resposta, disseram os Pirola, poderia ser expressa em quatro simples palavras: "Ele é nosso filho".
O casal Pirola usou o episódio para ilustrar como os clérigos podem aprender algo com as famílias sobre como obter um equilíbrio entre a defesa da doutrina da Igreja, mas também mostrar "misericórdia e compaixão".
Ontem, foi a vez de um casal das Filipinas (foto), casados há 27 anos e que também tem quatro filhos. Ambos estão envolvidos com o movimento "Casais para Cristo", uma associação de leigos reconhecida pelo Vaticano.
Cynthia e George Campos disseram aos bispos que, em determinado momento, eles tentaram lançar um programa de extensão para casais em "situação irregular", como as pessoas que não estão casadas ​​na Igreja, que vivem juntas sem casamento, ou cujos casamentos fracassaram e elas se casaram novamente sem a anulação.
A organização não saiu do chão, disse o casal Campos, em parte porque eles foram informados por representantes da Igreja que seu grupo é destinado somente para casais casados ​​na Igreja.
Essa experiência, segundo eles, levou-os a esperar por mais "caridade pastoral" na Igreja, que possa promover "formas inovadoras de acompanhamento" e uma "participação inclusiva na vida da Igreja".
Em outras palavras, esse casal filipino aproveitou a sua participação no Sínodo para defender uma maior política "de portas abertas" no catolicismo, que tente reunir as pessoas que entraram em conflito com as regras, em vez de mandá-las embora.
É certo, porém, que o poder real em termos de como lidar com essas questões ao longo do Sínodo pertence aos bispos, e, ao final, fica a critério inteiramente do Papa Francisco decidir o que fazer com os seus conselhos.
Após o segundo dia, no entanto, ninguém pode confundir esses casais leigos com uma mera vitrine no Sínodo. Aconteça o que acontecer, eles estão dando a esse grupo de prelados algo para pensar.

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