sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Gestante: ser bem atendida no SUS é um direito, não um favor



Quando se trata de políticas públicas, ou de reivindicação de direitos, muitas pessoas pensam que é muito difícil ter acesso a esses benefícios e quando os recebem, acabam concluindo que tiveram muita sorte em conseguir ou até que receberam um favor. Não é assim. Todo cidadão, toda gestante tem por direito, assegurado na Constituição, receber atenção e cuidados de saúde quando necessário. Para que todos os brasileiros tenham esse direito assegurado é que os impostos são recolhidos e as verbas, destinadas à saúde, aplicadas. São muitos os direitos assegurados à gestante no Sistema Único de Saúde: consultas e exames durante o pré-natal; tratamento adequado e em tempo e, quando necessário, acompanhante nas consultas e parto; vacinas e medicamentos; orientação sobre sinais de risco e aleitamento materno; cartão da gestante, etc. Será que esses direitos estão sendo respeitados? E quando não são, o que fazer? Se em nível local, a gestante não conseguir o atendimento necessário e de boa qualidade, ela pode procurar os órgãos competentes, como a Secretaria de Saúde municipal ou até estadual. Pode também ligar para o Disque Saúde: 136. A ligação é gratuita e pode ser feita de qualquer lugar do Brasil.
Clóvis Boufleur - Gestor de Relações
Institucionais da Pastoral da Criança
Gestantes conscientes, que conhecem seus direitos e os reivindicam não só ajudam a si mesmas, mas colaboram para que o atendimento melhore também para outras gestantes. Contudo, não é só esperar por qualidade no atendimento. Cada gestante deve fazer a sua parte, para que possamos ter, cada vez mais, partos de qualidade e nascimentos saudáveis.
“A gestante tem o direito de ter um pré-natal, um parto e um pós-parto de qualidade no serviço de saúde”, afirma Clóvis.
Em relação ao parto, fala-se que a gestante tem direito a um parto humanizado e de decidir que tipo de parto ela terá, exceto em caso de emergência. Então, por que acontecem tantas cesarianas no Brasil hoje em dia?
Criou-se no Brasil uma cultura de que a cesariana é um parto sem dor, mais rápido e agendado. Esta tradição, esta cultura, vai contra tudo o que no mundo se orienta em relação à proteção da criança e da futura mamãe, porque a cesariana é uma cirurgia. Ela deveria ser um procedimento com recomendação médica e não uma decisão da mãe, por achar que vai ter menos dor. Esta cultura, infelizmente, atinge praticamente 90% dos partos na rede privada - hospitais pagos pelas pessoas e pelos planos de saúde - e metade dos partos na rede pública. Isso gera um índice alto de mortalidade materna, e também problemas no desenvolvimento da criança por questões relacionadas ao parto antes do tempo.
O medo do parto natural também pode ser causado pela falta de conscientização das gestantes sobre isso?
De fato, nós estamos em uma geração que tem medo da dor, que tem medo de enfrentar o parto que trouxe à vida toda a humanidade ao longo dos séculos. É uma cultura que foi criada nos últimos 30, 40 anos, por causa da facilidade de fazer uma cirurgia, da anestesia... Isso precisa ser rediscutido com as mulheres, para elas entenderem o grande benefício que é o parto natural.
Como a Pastoral da Criança faz
O que está se fazendo hoje no Brasil, em termos de políticas públicas para priorizar este tipo de parto?
O Brasil fez um movimento, uma campanha muito forte para priorizar o parto natural. Inclusive, o SUS remunera de forma diferenciada o procedimento, justamente para incentivar os partos naturais na rede pública.

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