quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Fachin entrou em campo para manter no cargo a mulher a quem deve o emprego

(Augusto Nunes - Veja) Por anos a fio, Luiz Edson Fachin foi simultaneamente procurador do estado e advogado com numerosa freguesia. A esse acúmulo de funções, proibido pela Constituição paranaense e, portanto, claramente ilegal, somou-se uma agravante inexplicável para quem não é provido do dom da ubiquidade: Fachin continuou a dar aulas na universidade. E o duplo emprego virou triplo.
Em numerosos artigos, entrevistas e discursos, o doutor em extravagâncias bacharelescas deixou claro seu menosprezo pelo preceito constitucional que garante a propriedade privada no Brasil. Nunca escondeu os laços afetivos com o MST, uma velharia comunista que não tem existência jurídica. E sempre defendeu enfaticamente a desapropriação de terras produtivas para fins de reforma agrária, sem o pagamento de indenização aos proprietários lesados.
Indicado para uma vaga no Supremo Tribunal Federal por Dilma Rousseff, Fachin superou a sabatina no Senado com a ajuda militante do cabo eleitoral Álvaro Dias. Na discurseira em que se derramou em elogios e rapapés ao sabatinado, o parlamentar tucano advertiu os que lastimaram a deserção do até então combativo oposicionista: todos iriam arrepender-se quando Fachin começasse a agir no Supremo.
Terça-feira(8), em decisão monocrática, o magistrado dos sonhos de Álvaro Dias suspendeu a comissão do impeachment que a Câmara começou a montar horas antes. A palavra final caberá ao plenário do tribunal, que examinará a pendência na próxima quarta-feira. Mas agora está claro que Fachin entrou em campo para manter no cargo a presidente a quem deve o emprego.
Na conversa gravada por Bernardo Cerveró, filho de Nestor Cerveró, o senador Delcídio do Amaral e seus comparsas exultam com a informação de que determinado caso seria julgado por Fachin. A interrupção do processo de impeachment ajuda a entender o entusiasmo da turma empenhada em desmoralizar a Operação Lava Jato, a força-tarefa de procuradores federais e o juiz Sérgio Moro.
Para devolver à condição humana ministros convencidos de que a toga transforma advogados em divindades, basta que os milhões de indignados retomem as ruas e mostrem claramente o que o país que presta pensa de gente assim. O Congresso fará a vontade do povo. O STF não ousará desafiá-la com atrevidas manifestações de gratidão ao padrinho. Ou madrinha.

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