quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Paizinho, Vírgula! Ser pai é muito mais do que prover!




Foto: Acervo da Pastoral da Criança
Ser pai é muito mais do que prover! (Pastoral da Criança) - Na família brasileira comum, a mãe sempre teve a responsabilidade dentro do lar: arrumar a casa, educar os filhos, acompanhar a saúde e o desenvolvimento das crianças. Enquanto o pai ia trabalhar fora, porque ele era o provedor da família, tinha que garantir o sustento. Com as transformações da sociedade, essa visão ultrapassada começou a mudar. Hoje, boa parte dos pais já estão participando mais ativamente da tarefas e têm uma relação mais afetiva e próxima com os filhos.
Sobre esse pai, sempre mais presente e participativo, a Pastoral da Criança entrevistou o autor do blog “Paizinho, Vírgula!”, Thiago Queiroz. Ele vai falar da sua experiência, do que tem estudado e conversado em encontros com outros pais.
Qual é a importância da participação direta do pai no cuidado com os filhos? E como isso impacta no dia a dia da família?
A participação ativa do pai é uma coisa muito importante para sociedade como um todo. Porque a gente está começando a questionar e desconstruir aquele papel de “pai provedor”, o pai que ajuda ou aquele pai que só dá uma ajudinha e pronto, é ovacionado por isso. Estamos começando a pensar naquele pai que está no dia a dia mesmo, fazendo todas as atividades, tudo que a mãe faz, porque ele pode fazer tudo que a mãe faz, ele deve fazer tudo que a mãe faz, porque ele também é pai. Para a criança, ver o pai assumindo o papel diferente, mais participativo, é muito importante para formação como adulto. Vai crescer sabendo que não existe divisão de tarefa, coisa de homem, coisa de mulher, coisas que pai faz, coisas que mãe faz. Vai crescer sabendo que são tarefas e que serão feitas por todo mundo. Isso no ponto de vista de formação. No ponto de vista emocional da criança, é importantíssimo. Porque quando o pai se torna mais ativo, mais participativo, e cuida de fato do filho, ele começa a criar um vínculo muito forte, que vai dar segurança emocional para a criança ao longo da vida toda.

Thiago Queiroz
A aprovação do Marco Legal da Primeira Infância ajudou a reforçar o direto da gestante a ter um acompanhante no pré-natal, no parto e, também, no pós-parto. Quais são os benefícios da presença do pai em todo esse processo?
Essa pergunta é muito interessante, porque ainda é um movimento muito tímido, de reforçar esses direitos do pai e da mãe. É que a gente tem que evoluir bastante nesse sentido. Já é um bom indicativo de que a gente está apontando nossas atenções para isso, para essa importância. O pai que acompanha o pré-natal, por exemplo, já começa a se vincular com a criança e com aquela nova situação, aquela nova dinâmica familiar desde a gestação do próprio filho. Já na gestação, também, a presença do pai é importantíssima, porque ele é o cara que dá apoio para a parceira, que também está ali naquele processo do parto. Ver tudo aquilo e fazer parte é um dos eventos mais incríveis da vida. E no pós-parto, também, porque o bebê nos primeiros meses mama muito, ele vai demorar muito na mãe. Mas, num certo tempo, o pai pode assumir, pode dar um colo, pode por para dormir. O pai tem que assumir essas atividades, inclusive, para facilitar o equilíbrio da parceira. Então, quando o homem começa a assumir mais as responsabilidades que ele tem que assumir, a mulher também começa a se aliviar um pouco da sobrecarga que ela tem historicamente.
Quais seriam as suas orientações para o pai construir um relacionamento amoroso, para educar os filhos sem deixar de indicar limites?
Essa pergunta é muito interessante, porque existe uma grande confusão, hoje em dia, quando a gente fala de criar com afeto, de criar com o vínculo bem forte. As pessoas tendem a achar que é uma criação mais permissiva, sem limites. Não é nada disso. Na verdade, o que a gente busca em termos de disciplina, é a disciplina cognitiva que é o meio termo nisso. A gente não vai deixar a criança fazer tudo que ela quiser. Por outro lado, a gente não vai tolir de tudo que ela poderia fazer. Então, a construção desse limite respeitoso com a criança é o que vai fazer com que ela cresça de uma maneira saudável.

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