quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Ilhéus comemora 105 anos de Jorge Amado, prefeito destaca o legado de sua obra para Ilhéus


Jorge Amado, Sa Barretto,Telmo-Padilha,
 Florisvaldo, Mattos e James-Amado 
A arquiteta francesa Maud Vantours foi uma das primeiras visitantes a chegar, na manhã de hoje, 10 de agosto, à Casa de Cultura de Jorge Amado, no Centro Histórico de Ilhéus. Atraída pela importância da obra do escritor, ela foi conhecer de perto a casa onde Jorge Amado passou a infância e escreveu o seu primeiro romance “O País do Carnaval”, aos 18 anos. As mesmas curiosidades sobre a vida e obra do escritor promoveram o encontro entre a arquiteta francesa e a brasileira Joselita Isabel, professora da Universidade Estadual do Piauí. Em Ilhéus, a passeio, Joselita também escolheu a casa de Jorge Amado para iniciar o seu tour na cidade de “Gabriela.”
Professora de Literatura, Joselita Isabel viajou cinco mil quilômetros para conhecer a história de Jorge e os seus principais cenários de inspiração. E garante: valeu a pena o esforço. Vicente Domiciano, de São José dos Campos, interior de São Paulo, outro visitante de hoje, disse que é uma honra estar na casa de Jorge, a quem definiu como “uma lenda cultural do País só comparável na literatura mundial ao escritor espanhol Miguel de Cervantes”.
“Este legado precisa, cada vez mais, ser valorizado”, disse hoje o prefeito Mário Alexandre, ao lembrar o aniversário de nascimento do escritor. Se vivo estivesse, Jorge Amado completaria hoje 105 anos. Falecido em 2001, o escritor deixou um importante acervo literário, inspirado nas fazendas de cacau, nos coronéis, nas mulheres e homens com quem conviveu ou de quem apenas ouviu falar um dia. “Jorge Amado deu a Ilhéus a identidade reconhecida pelo mundo. Sua obra resgata o cotidiano de Ilhéus e revela a nossa gente que, até hoje, anda nas ruas e constrói a nossa história”, reconheceu Mário Alexandre.
ValorizaçãoPara o prefeito de Ilhéus, é preciso cada vez mais valorizar este legado que promove a cultura e o turismo. Ele garante ter como projeto revitalizar o prédio e o acervo ligado ao escritor, que hoje ajudam a contar a história de um homem nascido na fazenda Auricídia, no distrito de Ferradas, filho do fazendeiro de cacau João Amado de Faria e de Eulália Leal Amado.
Na atual gestão, a Casa de Jorge Amado tem obtido avanços importantes para sua consolidação. Suas portas agora ficam abertas também aos finais de semana, para mostrar a vida e obra de Jorge, como se um curioso leitor estivesse abrindo as páginas dos seus livros e lendo a história da nossa gente. Recentemente, a casa adaptou o sistema de som com a trilha sonora de novelas como Tieta, Gabriela, entre outras.
História da casa - Em 1914, quando o pequeno Jorge estava com menos de dois anos de idade, o rio Cachoeira enfureceu-se e provocou uma das maiores enchentes de sua história. Muitas pessoas perderam as plantações de cacau, dentre elas, o coronel João Amado de Farias, pai do escritor, que mudou-se, então, com a família, para o bairro do Pontal, na baía do mesmo nome, arredores da cidade de Ilhéus.
Empobrecidos, tendo perdido tudo, montaram uma fábrica de tamancos, passando a sobreviver da renda do pequeno empreendimento. Com as economias poupadas comprou uma casa pobre, no centro da cidade, que tinha apenas uma porta e uma janela. Passado o tempo, João Amado tirou o primeiro prêmio da Loteria Federal, mandou construir no local do modesto barraco, o belíssimo palacete, com 582 m2, que abriga hoje a Casa da Cultura Jorge Amado.
A construção teve início em 1920, sob o comando de Maximiano Souza Coelho, e o prédio foi inaugurado em 1926. A casa não tem um estilo próprio, sendo considerada de arquitetura eclética, com mistura do neoclássico e do colonial. O piso é todo original, a madeira da casa é jacarandá trabalhado, madeira própria da região, de baixo custo e alto valor. Era muito usada nas casas, por trás das janelas, porque ficava inviável utilizar cortinas em tecido, já que todo tecido existente naquela época, em Ilhéus, era estrangeiro. O lustre da sala principal é de vidro, não é cristal verdadeiro, não é o original, mas é da época.
Olhando pela janela da casa, enxerga-se cenários que inspiraram o autor a construir uma das mais importantes obras literárias do século 20.

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