sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Marão abraça empresários de ônibus e dá as costas ao ilheense

Editorial (ilheus em resumo)

Marão, ao lado de Junior Reis, herdeiro do ex-prefeito e
 dono de empresas de ônibus, Valderico Reis (à esquerda), e do
deputado federal e dono do grupo Brasileiro (a que pertence a Viametro),
 Ronaldo Carletto. A foto foi feita há pouco mais de uma semana.
As empresas pediram e o prefeito Mário Alexandre concedeu o reajuste da tarifa do transporte coletivo de Ilhéus sem pestanejar. O presente de natal de Marão aos empresários foi em tempo recorde. Na segunda-feira, dia 18, o pedido foi aprovado pelo conselho de transporte. Ontem, quinta, dia 21, o diário oficial do município já trazia o decreto. O ilheense vai pagar R$ 3,50 para ir do centro ao Pontal, por exemplo. Na capital, Salvador, a tarifa custa R$ 3,60, com direito à integração com outros ônibus ou com o metrô.
O reajuste concedido por Marão beira os 13% sobre o valor atual da tarifa, que é de R$ 3,10 e vale a partir de 30 de dezembro. Um presente para os empresários e uma bomba para o trabalhador, que viu o salário mínimo subir modestos 3%, saindo de 937 para 965 reais.
O aumento da passagem é mais de 4 vezes o percentual concedido para o salário mínimo e quatro vezes maior também que a inflação acumulada em 2017, que vai fechar em 2,94%, estima o Banco Central.
Esses números não mentem e deixam no ilheense a sensação de que o poder público trabalha para beneficiar empresas e não a população. O aumento acima da inflação e do reajuste do salário mínimo dá a entender isso.
Como contrapartida, a prefeitura exige das empresas, no prazo de dois meses, a disponibilização de 20 ônibus, 10 de cada, com wifi e ar condicionado a bordo. Não dá pra entender como esses dois elementos vão melhorar um sistema de transporte coletivo caótico, deficitário, sucateado e, sobretudo, injusto.
Injusto porque cobra de quem vai do terminal urbano ao bairro do Pontal (um trajeto inferior a 3 quilômetros), o mesmo valor de quem precisa se deslocar para o interior, por exemplo. Não defendemos penalizar o povo do campo, mas sim a busca por uma fórmula que equalize o problema.
Por fim, não havia como o prefeito Mário Alexandre encerrar, de forma mais trágica, seu primeiro ano à frente da administração municipal. O reajuste, como se deu, é uma demonstração clara de que o gestor está de costas para o ilheense e de braços dados com o empresariado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário