terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Município terá que catar as nicas para reestruturar a saúde de Ilhéus


Por Anna de Oliveira, poetisa, jornalista e bacharel em Direito
Foi amplamente divulgado na imprensa regional, nesta última semana, que o município de Ilhéus receberá do Estado mais de R$ 15 milhões para a reestruturação da saúde municipal. O anúncio, foi do Secretário de Saúde do Estado (Sesab), Fábio Vilas-Boas, durante uma reunião com uma comitiva dos vereadores ilheenses e autoridades. No entanto, para fazer a verdadeira melhoria na saúde de Ilhéus, como está sendo anunciado, ao que parece, o governo municipal terá que catar as nicas.
A tal verba de R$ 15 milhões, será destinada, em sua grande parte, para o novo hospital materno-infantil, “na contratação de serviços de urgência pediátrica, ortopédica clínica e maternidade”, segundo nota, onde se localiza hoje o inoperante, fechado para reforma e municipalizado sem audiências públicas, Hospital Regional Luis Viana Filho (HRLVF).
Para a conclusão das quatro Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Ilhéus, a suposta verba do erário estadual servirá apenas como mero “apoio financeiro”, de acordo com a nota veiculada e declaração do Secretário da Sesab.

A reforma do novo hospital materno-infantil de referência de alto risco, certamente absorverá grande parte dos R$ 15 milhões, pois conforme estudo técnico apresentado no início do governo municipal, em 2017, o novo equipamento precisará dispor de estrutura para atender uma microrregião com 121 municípios.
Assim, são colocados em xeque os outros seguimentos da saúde municipal, tornando evidente de que são dos cofres públicos do Município, e não do Estado, de onde terão que brotar os recursos para a urgente melhoria, reestruturação e operacionalização que forem acrescentados à saúde ilheense, já que nem todos os usuários são gestantes de alto risco ou pediátricos.
O Estado precisa responder ao povo quando esse recurso efetivamente será destinado, até porque a necessidade da população não pode esperar todo o ano eleitoral.
Os que anunciam uma saúde ilheense em tempo de alegria, precisam informar quanto custará a reforma do novo hospital materno-infantil e se o recurso do Estado será suficiente para a estruturação e operacionalização das quatro Unidades Básicas de Saúde (UBS) e do Pronto Atendimento (UPA) da Conquista, já que o recurso estadual, se vier, e quando vier, será apenas um mero “apoio financeiro”. Afinal, quando estes equipamentos ficarão prontos? De onde virão os recursos para uma nova saúde no município, como e quando serão aplicados?
Digamos que parte desse recurso, quando sair, se sair, venha a ser de fato aplicado nas UPA’s e UBS. A pergunta que o governo precisa responder: com o surgimento das necessidades e despesas desses equipamentos, qual será a fonte financeira que irá retroalimentar essa estrutura para sua devida operacionalização? Por que afinal, os 15 milhões não são infinitos, vão acabar.
Com informações sem cronogramas, os noticiários oficiais se vão inchando de promessas, e a saúde ilheense agonizando.
Hospital Regional – A nota veiculada reconhece ainda que a reunião junto à Sesab, teve como motivação a busca de “algumas soluções para garantir um atendimento de melhor qualidade para a população ilheense, que após o fechamento do Hospital Geral Luiz Viana Filho, enfrenta inúmeras dificuldades para conseguir atendimento de urgência e emergência”.
Ora, se os Governos municipal e estadual já sabiam que o Hospital Costa do Cacau que tem atendimento de portas fechadas, pela Central de Regulação, não daria conta de absorver a demanda do Hospital Regional, o único de portas abertas da cidade, porque deixaram as populações de Ilhéus e redondezas, usuárias do SUS, desamparadas com o fechamento deste?
É no mínimo um desrespeito e irresponsabilidade subtrair o único hospital de urgência e emergência, com 117 leitos, de portas abertas da cidade, sem com isso apresentar uma solução imediata e eficaz. Agora, anunciam verbas na ordem de R$ 15 milhões com manchete de que será para a reestruturação da saúde de Ilhéus, como se a universalidade da saúde fosse ser contemplada, mas que na prática é para servir em grande parte para a reforma do hospital materno-infantil, que tem como público as gestantes de alto risco e o paciente pediátrico.
Todo cidadão que precisa do serviço público de saúde em Ilhéus, principalmente ambulatorial de urgência e emergência, passa por inúmeras dificuldades justamente porque o seguimento está um caos. O que se ouve é que vão fazer, que vão investir, que terão UPA’s, UBS, que está havendo contratação, que está licitando, que vai reformar etc, mas a realidade é que ainda estamos em tempo de tristeza.
Diante de todo esse cenário, o que se vê é a nuvem do ano eleitoral e o anúncio de bonitas notícias, enquanto o povo está sofrendo e partindo para a outra dimensão, porque não há estrutura.
O governo Mário Alexandre poderia fazer diferente. Perde-se muito tempo com velhos discursos e críticas aos governos passados. Enquanto isso, o tempo está passando, já se tem 1 ano e 2 meses de governo.
E a espera de dias melhores,
Bem comum,
De um tempo que parece não chegar,
Vai-se propagando ideologizada, e repetida,
Como ecos sem abrigos nas realidades dos que sofrem,
Resvalando nos imaginários abstratos de que tudo lindo está,
Mas sem morada,
Porque até as fadas descrentes estão de certos contos manjados,
E as sereias, com os seus cantos lindos,
Foram sucedidas pelos que tomam posse
E tramitam em gabinetes lotados,
Ávidos a satisfazer os políticos interesses dos grupos seus.

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