sábado, 17 de fevereiro de 2018

Saúde em Ilhéus: o caos é maior e a retórica também.

Em Salvador a servidora Jorgina componente da comissão dos servidores do Hospital Geral Luiz Viana Filho, e vereadores, entregou ao secretário de Saúde do Estado, Fábio Villas-Boas, as 5630 assinaturas da população Ilheense e região, solicitando ao governo que o Hospital Geral Luiz Viana Filho de Ilhéus continuasse com as portas abertas. O documento foi ignorado.
O secretário de Saúde do Estado da Bahia, Fábio Vilas-Boas, esteve mais uma vez em Ilhéus para reunir com prefeito Mário Alexandre, o vice, José Nazal e outros no Centro Administrativo. Durante o encontro, o secretário anunciou investimentos na ordem de R$ 15 milhões para auxiliar a reestruturação da saúde do município de Ilhéus e repetiu a retórica sem apresentar solução imediata para o caos que se estabeleceu após a inauguração do Hospital Regional da Costa do Cacau. 
De acordo com o secretário Fábio Vilas-Boas, os recursos serão aplicados na reforma do Hospital Regional Luiz Viana Filho, que terá seu perfil alterado para uma unidade materno-infantil de referência de alto risco. A unidade reformada contará com UTI neonatal e pediátrica, além de um moderno centro cirúrgico e obstétrico. Segundo ele, as obras estruturantes começam a partir do dia 1º de março. Já no CSU, o Governo do Estado irá transformar o atual posto de saúde em duas Unidades de Saúde da Família. “Conseguimos junto ao Ministério da Saúde a autorização para construção de uma Unidade de Pronto Atendimento 24 horas (UPA-porte 2), no bairro do Malhado, ainda neste semestre”, anunciou Fábio Vilas-Boas. 
Sobre a morte do garoto Gabriel de Andrade, de apenas 1 ano de idade, ocorrida no dia 16, depois de esperar 14 dias por uma vaga numa UTI do Hospital Geral Luis Viana Filho, em Ilhéus, o secretário de Saúde do Estado da Bahia disse que “o Hospital Geral Luiz Vianna Filho nunca possuiu uma UTI Pediátrica, nem uma UTI neonatal durante o período em que esteve funcionando.” 
Ele tem razão, mas o diagnostico de Gabriel indicava problemas cardíacos e a criança estava internada desde o dia 2 no Hospital Luiz Vianna. A UTI do Hospital foi desativada por determinação do Estado e se encontra fechada com cadeado em suas portas e, o que é mais grave, criança não foi acolhida no recém-inaugurado Hospital da Costa do Cacau. De acordo com a mãe da criança, Gabriel foi levado para uma UTI em Feira de Santana, mas não resistiu e morreu. 
Desde a inauguração e o anuncio do modelo de gestão no Hospital Regional da Costa do Cacau, que o caos foi sentenciado. Naquela ocasião nem o Estado da Bahia nem a gestão do prefeito ilheense Mário Alexandre, que oficializou a transferência do Hospital Luiz Viana Filho para o município,  apresentaram um plano de como passaria a prestar atendimentos às pessoas que dependem do Hospital Geral Luiz Viana Filho. Esta situação deixa um lastro de desgraça nos municípios cuja população também, era atendida no Hospital Geral, em Ilhéus a exemplo de Camacan, Arataca, Pau Brasil, Mascote etc. 
Dando continuidade a retórica banal o Secretario Vilas Boas disse que “ faremos um convênio com a Prefeitura de Ilhéus e iremos contratar o Hospital de Ilhéus que funcionará com serviços de leitos de retaguarda e serviços de urgência pediátrica para atender a região central”. 
Não explicou quando. 
“Além disso, garantimos o apoio financeiro para a conclusão de seis Unidades Básicas de Saúde (UBS). Também serão cedidos mais de 200 servidores (sem custo para a prefeitura) para fortalecer a rede municipal de saúde. Outra boa notícia é que a unidade de Pronto Atendimento (PA) no bairro da Conquista, que irá funcionar 24 horas com atendimento clínico e cirúrgico de urgência e emergência de adultos”, frisou o secretario Estadual. 
O prefeito de Ilhéus, Mário Alexandre, portando-se como se ainda estivesse em campanha eleitoral repetiu “faremos o que for necessário para fazer Ilhéus sair da estagnação de mais de 30 anos em diversos setores, inclusive na saúde. Esse também foi meu projeto de governo e vemos que o momento é bastante favorável. Reunimos com o governador e sua equipe, discutimos como seria o novo fluxo e qual seria a contrapartida da prefeitura para que a rede de saúde funcionasse adequadamente e certamente Ilhéus tem aí a oportunidade de corrigir todos os desfites crônicos que sempre enfrentou. A população terá a saúde que sempre mereceu e que infelizmente por irresponsabilidade de governos passados, não teve. É um novo momento na saúde em nosso município que será um Polo de saúde na Bahia”, comemorou Mário Alexandre. 
Sorrisos a parte não há o que comemorar. Como também não há como perder de vista o passado ou vislumbrar um futuro melhor - na saúde do município. O que temos e vemos é a desgraça personificada nos postos que estão com as paredes no chão, noutros que estão prontos, desde a gestão passada, e não funcionam por falta de pessoal, aqueles que não atendem por falta de internet, por falta de tinta para impressora, por falta de papel para imprimir. 
O que acontece é que o estado quer se livrar dos serviços que o Hospital Luiz Viana prestava a população regional e o município de Ilhéus não faz a sua parte, o dever de casa. Exacerba-se o caos quando o Governo do Estado da Bahia, por vaidade ou perversidade anuncia rescisão de convênios com a Santa Casa de Misericórdia de Itabuna e a de Ilhéus, alegando que os serviços de cardiologia estão sendo prestados no Hospital Costa do Cacau. 
É bom lembrar que na Santa Casa Misericórdia de Itabuna ou na Santa Casa se Misericórdia de Ilhéus não é necessário marcação para morrer. São atendidos todos os que batem a sua porta a qualquer hora da noite ou do dia.

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