sexta-feira, 20 de abril de 2018

População critica lojistas que com apoio da Secretaria da Prefeitura decidiram abrir o comercio no dia do Padroeiro de Ilhéus e da Diocese

O funcionamento do comércio nesta segunda-feira (23), feriado municipal dedicado ao padroeiro da cidade e da Diocese, São Jorge, é alvo de críticas de religiosos e da população em geral. Nas redes sociais católicos se manifestam contra a postura do Sindicato do Comércio Varejista entidade que, com apoio da Secretaria de Indústria e Comércio e da Ilhéus e da Câmara de Dirigentes Lojistas de Ilhéus, determinou o funcionamento das lojas no feriado. 
Além de circular, o Sicomercio disparou mensagens através do whatsapp conscientizando os lojistas. “O Sicomercio Ilhéus levando em consideração que no próximo final de semana ficaríamos 3 dias com as lojas fechadas, em Assembleia e reuniões com o Sindicato dos Comerciários decidiu-se, a exemplo de outras cidades, abrirmos as portas na segunda-feira 23 e desta maneira reduzir o número de dias fechados neste mês e atendermos melhor a população nas suas necessidades de consumo. Como ficou estabelecido, que cada funcionário receberá r$ 25 de bonificação e uma folga, cada comerciante deverá analisar a quantidade de funcionários que vai necessitar nesse dia e assim reduzir os seus custos ao máximo.”
Os três dias a que se referem os lojistas de Ilhéus são sábado-21, domingo-22 e segunda-23. A nota frisa “a exemplo de outras cidades”, mas não cita quais, até porque não se tem conhecimento de nenhuma cidade da região cujos lojistas tenham desrespeitado um feriado religioso. 
Ao que podemos apurar as agencias bancárias, INSS, SAC, Escolas inclusive da rede municipal, as lojas Ricardo Eletro, Insinuante, clinicas etc, não vão abir, estarão respeitando a data. Diante da recursa o próprio secretario de Indústria e Comércio Paulo Sérgio dos Santos conhecido como “Ceo Modas”, chegou a ligar pessoalmente para alguns setores exigindo o funcionamento no feriado do padroeiro da cidade. 
“Neste dia não se deveria abrir comércio. Não se deveria ficar preocupado com esta ganância desenfreada. Porque as pessoas vão trabalhar ou teriam que trabalhar se nós podemos respeitar o feriado religioso?” questiona um taxista. “Hoje que a cúpula da Prefeitura de Ilhéus é toda evangélica. Todos escolhidos pela mãe do atual prefeito Mario Alexandre, a deputada Ângela, acham o feriado de São Jorge é sem importância,” esbraveja uma senhora. 
Através da sua página no facebook o padre José Alvino de Cristo dispara “Vejam a que ponto nós estamos chegando em Ilhéus... O sicomércio determina como deve ser o dia de São Jorge padroeiro do município e da Diocese de Ilhéus. Tem cabimento isso? É preciso se manifestar senão do contrário vão acabar com a cidade toda.”  O comentário do Padre deu vez uma serie de comentários, todos, desabonando a iniciativa do Sicomercio com apoio da Secretaria de Indústria e Comércio da Prefeitura. 
“Aqui vai o meu protesto fiquei sabendo que segunda-feira(23), dia do nosso Padroeiro São Jorge não é feriado onde estamos? nasci ,me criei, me casei em Ilhéus e sempre foi feriado para que as pessoas possam participar das Missas de intenções e festivas mas, como fiquei sabendo o CDL Sicomércio e Prefeitura decidiram abri o comércio. Eu pergunto onde está a Câmara de Vereadores que foi eleita pelo povo para responder pelo povo? mas estou vendo que estão atuando em causa própria. Amo muito a minha Igreja e o sagrado , não posso ficar calada diante de um absurdo deste. Está parecendo decisão política precisamos fazer alguma coisa porque se ficarmos calados, vai chegar a hora de decidirem até os horários de missas e tudo referente a nossa religião vamos protestar. Porque só em Ilhéus não é feriado no dia do Padroeiro? porque em todos os lugares é feriado no dia do seu Padroeiro? Empresários não vão ficar nem mais ricos nem mais pobres por um dia que o comércio não funcionar. Povo de Ilhéus vamos questionar é nosso direito e dever como Cristão Comprometido com a nossa Missão de Batizado e que todos fiquem com Deus,” convoca Raymunda Malagutty, uma das lideras da Igreja Nossa Senhora de Fátima. 
Na mesma linha, um comerciante que prefere não se identifica, mas que não aderiu o convocação do Sicomercio e do secretário da Prefeitura, “os comerciantes que se dizem católicos estão bastante acovardados diante dessa postura Sindicato e da Prefeitura. Se a gente não se rebelar esse povo vai
terminar proibindo a procissão. Não me consta o comércio abrindo vai enriquecer o lojista de uma hora pra outra. Considero uma falta de respeito com os católicos da cidade, além de ganância.”
O outro lado
Procuramos o presidente do Sicomercio, Antonio Costa para se posicionar sobre o assunto.
Segundo ele o comércio funcionar em feriados, é comum em diversas cidades do país. Como exemplo mais próximo, temos Salvador.
Nas nossas negociações com o sindicato dos empregados já algum tempo, tentamos incluir isso na nossa convenção, sem sucesso.
Este ano de 2018, para este feriado específico, conseguimos e tivemos a gentil aquiescência do sindicato laboral, que entendeu a real necessidade, e:
Considerando que o comércio está muito fraco,
Considerando que ficaríamos três dias consecutivos com as lojas fechadas,
Considerando que o mês de abril ficaria com apenas 23 dias úteis,
Considerando que somos uma cidade turística e precisamos atender a quem nos visita,
Resolvemos, não o presidente, mas todos aqueles que atenderam a nossa convocação para Assembleia Geral, tomar essa iniciativa, de procurar minimizar os prejuízos que vem sofrendo o Comércio, dando a possibilidade de gerar lucros.
Logicamente, que não tivermos as opiniões daqueles que rejeitaram participar da Assembleia.
Como já foi anunciado, acreditamos não haver necessidade de convocar todos os seus funcionários. Convoque-se apenas aqueles que, por intuição e experiência do gestor, poderão ser úteis nesse dia.
A contrapartida Extra ao funcionário é tão somente R$ 25,00. Outras despesas, como vale-transporte, fazem parte de qualquer dia de funcionamento. Portanto, não podemos considerar como despesa Extra.
A folga, para os que não abriram segunda-feira de carnaval, já tem um crédito de uma folga conforme o parágrafo 3º da cláusula 31ª. da Convenção Coletiva. Para os demais, pode ser escalonada de maneira que só falte um funcionário por vez na loja.
Desde segunda-feira 16/04, temos dois carros de som avisando toda a população, não só no centro como nos bairros, do funcionamento do comércio no dia 23.
Esta é uma ação do Sicomercio Ilhéus para colocar clientes na sua loja.
Consideramos que desta maneira, foi um grande avanço nas negociações e que prejuízo terá, sim, a loja que não abrir.
Comércio é uma atividade de risco em qualquer lugar e qualquer época. E como tal, a cada dia que abrimos as portas de um estabelecimento, estamos apostando no risco do lucro ou prejuízo que podemos vir a ter. Porém, se não arriscarmos, aí sim, não vendemos.
Espero que com estas informações, tenha esclarecido as dúvidas que por ventura existiam. Se ainda persistir qualquer dúvida, pode o companheiro lojista entrar em contato com seu sindicato, que estará disponível a lhe atender da melhor maneira.”

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