quinta-feira, 28 de junho de 2018

484 ANOS: Ilhéus navegando à deriva

 Posto Sarah Kubitschek
“Comprometemo-nos, durante a campanha em cuidar da cidade, nosso lema foi: Vamos cuidar de Ilhéus. Vamos cuidar de Ilhéus na saúde, na educação... o que é que o povo me pediu durante a campanha, principalmente na periferia e nos lugares mais distantes? Médico, a medicação, uma atenção básica fortalecida uma humanização do servidor e dos serviços, merenda escolar de qualidade para que a agente possa levantar alto-estima do nosso povo. Uma estrutura onde o aluno e o professor possam trabalhar com tranquilidade e felicidade e gostar de trabalhar naquele local que hoje são totalmente insalubres. Temos o diagnóstico de várias escolas com sérios problemas. Precisamos é arrumar a nossa cidade. Na verdade o que a gente se comprometeu foi ampliar e melhorar a atenção básica em todos os setores do município.”
Essas declarações foram do recém-eleito prefeito Mario Alexandre, ao Diário de Ilhéus. Exercício de retórica a parte, vamos à realidade de uma cidade onde a qualidade dos seus serviços são as piores. O Prefeito falou da atenção básica e logo depois assistimos o desmantelamento da rede. 
A população agoniza e implora por socorro. Só não tem a quem pedir socorro. Se num posto falta cartucho para impressora, noutro o serviço de internet está suspenso, faltam os insumos ou, falta material humano, como é o caso de Carobeira cujo posto foi inaugurado no final governo passado e continua fechado com os equipamentos enferrujando. O governo anuncia reformas de postos de saúde cumprindo uma agenda de “inaugurações de obras” na semana do aniversário da cidade. Não consegue levantar a alto-estima do ilheense que vê nos escombros dos Postos Sarah Kubitschek e Princesa Isabel o retrato da falta de compromisso do governo para com o povo. 
Com a inauguração do Hospital Regional da Costa do Cacau, o governo do Estado optou em converter o antigo Hospital Geral Luiz Viana Filho em hospital materno infantil. Mas, em nenhum momento a comunidade ilheense foi chamada a compreender e dialogar sobre a suspensão de suas atividades, gerando os problemas atuais. 
A crise na Atenção Básica é aguda e sofre desestruturação física das unidades de saúde da família, juntamente com a falta de equipes, marcação de exames insuficientes, entre outros, o que gera filas quilométricas nos setores de regulação. 
O problema também atinge a Média e Alta Complexidade, onde os serviços estão abandonados, o SAMU, por exemplo, recebe agora duas ambulâncias alugadas. Os Centros de Atenção Psicossocial encontram-se desestruturados, sem apoio técnico pedagógico. A inexistência de veículos para os programas que exigem mobilidade, como o Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) e o Programa Melhor em Casa, agravam, ainda mais, a situação dos usuários que necessitam do apoio domiciliar. 
O Governo Federal tem transferido recursos para Ilhéus e os investimentos do Estado são garantidos para o município cuja gestão da Saúde municipal é plena. 
Durante 2017, Ilhéus recebeu R$51.880.892,73 (quase 52 milhões de reais) e este ano, até fevereiro, foram destinados para os cofres municipais R$7.821.747,87 (quase 8 milhões de reais), totalizando nesse período cerca de 60 milhões de reais. 
Recentemente, o Governo do Estado anunciou investimentos R$15 milhões destinados à reestruturação da Atenção Básica, e à reforma e adaptação do Hospital Geral Luiz Viana Filho. O Governo de Mário Alexandre, cujo slogan “Tempo de Alegria”, caso se confirme os investimentos anunciados pelo governo estadual, terá recebido até o final deste ano , algo em torno de R$ 100 milhões para gerenciar a Saúde de Ilhéus. 
Se o discurso é uma lástima as ações são iguais
“Eu não vim aqui para cometer o mesmo erro que os outros (Prefeitos). Gerenciar recursos, empregar um bocado de gente e não sobrar nada para os que realmente estão precisando da nossa atenção especial e daquele que acreditou nesse projeto que não é meu é de todos os munícipes,” disse o empolgado alcaide. 
Está claro que as autoridades estaduais sabem que não é possível levar a sério as soluções apontadas pelo poder executivo de Ilhéus para tentar diminuir a agonia dos que vivem todos os setores da gestão pública do município. O alcaide porta-se como se ainda estivesse no palanque eleitoral onde a retórica e a falácia se entrelaçam. 
Os problemas de Ilhéus não terminam na saúde. Quem mora nas imediações ou frequenta a Central de Abastecimento do Malhado, sabe que fazer compras no local precisa disputar espaço com cães vadios, ratos, urubus e muito, mas muito lixo, além de um mal cheiro insuportável. O lixo e o chorume se espalham pelo chão preto. O desleixo tem gerado reclamações e prejuízos aos comerciantes do local que pagam taxas altas para trabalhar no local. 
Para este sábado (30) o Coletivo Sol Raiz programou um ato de protesto contra o estado de calamidade das estradas vicinais do interior de Ilhéus. O evento vai acontecer na feira do produtor da Central de Abastecimento do bairro Hernani Sá. Com a participação de feirantes que produzem hortifrutigranjeiros nas localidades e assentamentos de Sapucaeira, Repartimento, Japu, Acuípe, Rio do Engenho e Santo Antonio além de representantes de associações e sindicatos agrícolas, moradores das localidades e alunos da escola indígena Tupinambá de Sapucaeira-Olivença.
Ilhéus permanece sem mobilidade, desorganiza, e suja os calçadões foram transformados em feiras livres. Os pontos de ônibus foram derrubados para em seu lugar surgirem toldos com alugueis caríssimos. As ruas no centro e nos bairros se trans formaram num queijo suíço de buracos. 
Sorrisos a parte não há o que comemorar. Como também não há como perder de vista o passado ou vislumbrar um futuro melhor - na saúde do município. 
Esta claro que as autoridades estaduais sabem que não é possível levar a sério as soluções apontadas pelo poder executivo de Ilhéus para tentar diminuir a agonia que vivem todos os setores da gestão publica do município. O alcaide porta-se como se ainda estivesse no palanque eleitoral onde a retórica e a falácia se entrelaçam.

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