terça-feira, 9 de outubro de 2018

Pesquisa genômica inédita em plantações de cacau identifica resistência de plantas à podridão-parda

Descoberta pode significar o controle da
doença causada por fungos e responsável
por perdas de até 40% na produção global 
Vinicius Galera Globo Rural Causada por fungos, a podridão-parda é responsável por perdas que vão de 30 a 40% na produção global do cacau. Na Bahia, segundo maior Estado produtor do Brasil, somente na safra 2017 a doença gerou prejuízos de 14%, de acordo com os dados do Ceplac, de Ilhéus. 
Agora, uma pesquisa genômica inédita realizada na Unicamp e em plantações de cacau do sul da Bahia identificou genes resistentes a três espécies de fungos do gênero Phytophthora presentes no território brasileiro e causadoras da doença. Dois desses fungos são responsáveis por perdas de até 10% da produção mundial. 
A descoberta abre caminho para o controle da doença no Brasil e em outras regiões tropicais onde o cacau é cultivado, como na África, que vem sofrendo com a podridão-parda.
O trabalho é resultado de uma tese de autoria de Mariana Barreto na área de genética animal. Apesar de ter sido defendida em 2014, somente agora os resultados da pesquisa foram publicados.
A professora Anete Pereira de Souza no
 laboratório do Centro de Biologia Molecular
e Engenharia Genética da Unicamp (Foto: Divulgação) 
“O objetivo do estudo era descobrir se havia plantas resistentes ao fungo, além de saber se era possível usar as plantas como fonte de resistência”, diz a orientadora do estudo, a professora Anete Pereira de Souza, do Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética da Unicamp. 
A partir de um conjunto de plantas originadas de cruzamento e mantidas por um centro de pesquisa em Ilhéus desde o começo dos anos 2000, a pesquisa se deteve sobre 300 árvores para saber quais eram resistentes e sensíveis à podridão-parda. O resultado levou à descoberta de um conjunto de perfis de genes. 
A pesquisa identificou seis regiões diferentes do genoma do cacau com resistência ao fungo. “É uma resistência durável. Pode ser transmitida geneticamente e controlada por um número pequeno de genes”, diz Anete. 
De acordo com a pesquisadora, os resultados abrem caminho para a obtenção rápida de plantas resistentes aos fungos. “Descobrimos onde estão as plantas resistentes, a forma de transmissão e com um teste simples conseguimos selecionar rapidamente aqueles resistentes às três espécies de fungo”. 
Segundo a pesquisadora, as plantas resistentes descobertas pela pesquisa já estão sendo usadas em outros cruzamentos. 
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