sábado, 4 de abril de 2020

Estudo mostra como vírus deve se espalhar nos próximos meses

Se isolamento e outras medidas falharem,
covid-19 pode avançar pelo vasto trecho
 do litoral entre RS e BA
(REVISTA FAPESP) Se medidas de distanciamento social e redução de deslocamento não entrarem em funcionamento ou, se uma vez adotadas, não surtirem o efeito esperado, a infecção pode se espalhar rapidamente pelo vasto trecho do litoral entre o Rio Grande do Sul e a Bahia, onde vive a maior parte da população.
A previsão resulta de uma nova rodada de projeções sobre o vírus SarsCoV-2, causador da doença covid-19, apresentada em 25 de março por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Fundação Getulio Vargas (FGV), ambas no Rio. Em meados de março, o grupo, coordenado pelo físico Marcelo Ferreira da Costa Gomes, especialista em modelos de propagação de doenças, havia divulgado uma projeção de como o vírus se comportaria em uma fase inicial da epidemia. 
Agora, o risco de casos importados de outros países estabelecerem novos focos de transmissão continua a existir, mas ganha importância a dispersão regional, nos municípios mais conectados por via terrestre às capitais em que a transmissão já está estabelecida. Segundo os pesquisadores, nesse segundo momento prevê-se a disseminação para os municípios litorâneos de uma faixa que vai de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, a Salvador, na Bahia, e nos municípios vizinhos das capitais na Paraíba, em Pernambuco e no Ceará, além do entorno de Cuiabá, no Mato Grosso; de Goiânia, em Goiás; de Brasília, no Distrito Federal; e de Foz do Iguaçu, no Paraná. 
A dispersão por toda essa área pode ser mais rápida ou mais lenta, a depender da adoção de medidas de distanciamento e isolamento social e do quanto se mostrem eficazes. Corrida contra o tempo. Nas simulações mais recentes, os pesquisadores estimaram o efeito da restrição de viagens entre municípios e do distanciamento social para reduzir a disseminação do vírus. Eles verificaram que só se consegue retardar de modo significativo a chegada do vírus a esses municípios quando as duas medidas – restrição de deslocamento intermunicipal e diminuição do contato entre as pessoas – são tomadas em conjunto. 
O fator que mais contribuiu para reduzir a velocidade de disseminação do vírus foram o distanciamento e o isolamento sociais adotados em nível local. Sem distanciamento social, os primeiros casos surgem em um município de 5 a 20 dias depois da transmissão sustentada na capital – o menor prazo ocorre quando há uma redução de 30% nas viagens intermunicipais e o maior, quando a restrição é de 80%. O tempo aumenta para 27 a 70 dias quando um terço da população do município se isola em casa.

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