terça-feira, 12 de março de 2013

Na última missa antes do início do conclave o decano do Vaticano, Angelo Sodano, defendeu a unidade da Igreja e o amor como principal mandamento



O GLOBO COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
Cardeais participam da missa solene que antecedeu o início do conclave
 STEFANO RELLANDINI / REUTERS
ROMA - Em seu último compromisso público antes do início, na tarde desta terça-feira, do conclave que escolherá o sucessor do Papa Bento XVI, os cardeais participaram pela manhã de uma missa solene na basílica de São Pedro. A cerimônia, chamada “Pro Eligendo Romano Pontifice” (em latim, “para a eleição do Pontífice Romano”), foi celebrada pelo decano dos cardeais, Angelo Sodano, que, por ter mais de 80 anos, não participará do processo de escolha do novo Pontífice.
A cerimônia foi aberta ao público, que aguardou em longas filas à espera de um lugar na basílica, construída em 1506. Além das pessoas que lotavam o templo, fieis assistiram à missa por meio de telões na Praça São Pedro, em frente à igreja, a despeito da chuva fina que cai sobre Roma desde o início da manhã.
Na homilia, Sodano, antigo secretário de Estado do Vaticano, agradeceu a Cristo pelo “luminoso pontificado” “com a vida e a obra do venerado Pontífice Bento XVI”, a quem manifestou profunda gratidão. A multidão no templo aplaudiu demoradamente a menção ao Papa, que renunciou no dia 11 do mês passado.
- Ao mesmo tempo, pedimos ao Senhor que, por meio dos cardeais, nos conceda outro Bom Pastor para sua igreja - disse o decano.

Segundo analistas, a fala de Sodano enfatizou a continuidade, citando os Papas Paulo VI, João Paulo II e o próprio Bento XVI. O cardeal pediu que o futuro Pontífice continue o trabalho de seus antecessores em defesa “da paz, da justiça e da ordem” mundiais. Outro tema ressaltado por Sodano foi a necessidade de unidade dentro da Igreja:
- São Paulo nos ensinou que cada um de nós deve trabalhar para construir a unidade da Igreja.
Ele deu também particular ênfase ao amor, remetendo à última ceia, na qual Jesus disse aos discípulos “tomai e comei, este é o meu corpo”.
- O sacrifício de Jesus nos lembra que o grande mandamento da Igreja é o amor. Esse é o comportamento fundamental de todo pastor, oferecer a vida pelos outros. Isso se aplica especialmente ao sucessor de Pedro (o Papa). Quanto mais alto o oficio pastoral, maior deve ser o amor.
Em um discurso mais moderado que o proferido por Josef Ratzinger na missa que antecedeu o conclave de 2005, do qual saiu como Papa Bento XVI, Sodano ressaltou a missão dada por Jesus a São Pedro, enfatizando o amor, o sacrifício e a evangelização:
- Como disse o Divino Mestre ao pescador da Galileia: “Se me amas mais que a todos os outros, então apascenta minhas ovelhas.”
Sodano voltou a citar Bento XVI, lembrando que “a evangelização é o maior gesto de caridade”, e encerrou sua fala mais uma vez pedindo a ajuda divina na escolha.
- Meus irmãos, rezemos a fim de que o Senhor nos conceda um Pontífice que realize com coração generoso tal nobre missão. É o que Lhe pedimos por intercessão de Maria Santíssima, Rainha dos Apóstolos, e de todos os Mártires e Santos que ao longo dos séculos deram glória a esta igreja de Roma.
Após a homilia, foram lidos textos nos mais diversos idiomas falados por quase 1,2 bilhão de católicos em todo o mundo, entre eles inglês, francês, português, malaio, swahili e alemão.
Novo Pontífice não deve ser escolhido no primeiro dia de conclave
Na manhã desta terça-feira, os cardeais se instalaram na Casa de Santa Marta, um prédio dentro do próprio Vaticano, no qual ficaram hospedados durante toda a duração do conclave. Essa é a segunda vez que a Casa de Santa Marta é usada como residência dos cardeais durante um conclave. A primeira foi em 2005, quando foi eleito Bento XVI.
À tarde, os 115 cardeais seguirão para a Capela Sistina cantando a “ladainha dos santos”, um canto gregoriano implorando que os santos lhes concedam inspiração na escolha do novo Papa. Eles ouvirão um sermão de um cardeal maltês, farão um juramento de confidencialidade e, possivelmente, realizarão a primeira votação, embora, na segunda-feira, o Vaticano tenha considerado improvável que o Pontífice fosse escolhido já no primeiro dia.
Chuva pode atrapalhar saudação do novo Papa
Se, por um lado, os cardeais pediram inspiração divina, um dos problemas do conclave também vem dos céus: a chuva. A meteorologia prevê que Roma - por conseguinte, o Vaticano - enfrente mau tempo até o fim de semana, o que, em caso de escolha de Pontífice, pode atrapalhar sua tradicional primeira aparição na sacada para abençoar a multidão.

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