sexta-feira, 23 de maio de 2014

Salinidade das águas do Rio Almada é tema da tese do programa de Doutorado

Pesquisa demonstra que no período de estiagem a cunha salina avança cerca de 40 km da foz do rio, além dos limites do estuário, alcançando fonte de captação de água para o abastecimento público. 
Pesquisa indica "Dinâmica da salinidade nas águas superficiais no curso inferior de uma bacia hidrográfica costeira" e foi tema da primeira tese do Programa de Doutorado em Associação Plena em Rede de Desenvolvimento e Meio Ambiente, na Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC. Foi defendida pelo Prof. Dr. José Wildes Barbosa dos Santos, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).
Tendo como área de concentração "Planejamento e Gestão Ambiental no Trópico Úmido" a pesquisa destaca a necessidade de instrumentos capazes de subsidiar a gestão integrada dos recursos hídricos na zona costeira. Esse é um dos principais desafios no campo científico, a crescente demanda por água em quantidade e qualidade exige o direcionamento de esforços no que se refere ao desenvolvimento de procedimentos e métodos que contemplem as inter–relações de sistemas distintos que são as águas interiores de bacias hidrográficas costeiras e os sistemas estuarinos, que muito embora estejam fisicamente interligados, os estudos desenvolvidos não contemplam essa interface. Tendo em vista a ocorrência de processos de salinização nas águas superficiais no curso inferior do rio Almada, no sul do Estado da Bahia. 
O plano metodológico desenvolvido nesta pesquisa buscou contemplar as inter–relações entre as águas estuarinas e continentais. Foram utilizadas técnicas consagradas para avaliação hidrogeoquímica e de isótopos ambientais estáveis, associado à modelagem matemática através da utilização do aplicativo SisBaHiA (Sistema Base de Hidrodinâmica Ambiental). Além destes, foram utilizados dados secundários de precipitação pluviométrica e vazão fluvial, para a caracterização do regime hidrológico. 
 arranjo metodológico utilizado mostrou importantes características nas águas superficiais do curso inferior do rio Almada. Os resultados da avaliação das razões iônicas indicaram que a cunha salina avança nas camadas mais profundas do canal alcançando a zona de maré do rio. Concluiu-se que no processo de salinização da água superficial, não há evidências da contribuição da água da subsuperfície em períodos de longa estiagem tendo em vista os mecanismos internos, como a mineralização da água em função dos aspectos geológicos e processos de evaporação. 
As simulações realizadas considerando períodos de cheias com vazões prescritas entre 8m³/s e 16 m³/s, e de estiagens com vazões inferiores a 2 m³/s, associados a diferentes marés, foi possível identificar as relações que contribuem para a penetração de sal além dos domínios estuarinos. Os resultados mostraram que a propagação de onda de maré é potencializada, pela característica do canal estuarino e alteração da corrente marinha na região costeira de Ilhéus em face a ampliação do Porto do Malhado, construído em mar aberto. 
Estes aspectos contribuem para o aumento do atrito (resistência), proporcionando uma maior incursão de ondas de marés progressivas, possibilitando desta forma o deslocamento de massas de água do mar a maiores distâncias. No período de cheias as simulações demostraram que cunha salina alcança distâncias entre 7 km e 10 km da foz do rio Almada. Contudo, o cenário simulado para o período de estiagem demonstrou que a cunha salina avança a distâncias aproximadamente de 40 km da foz do rio, além dos limites do estuário, alcançando uma importante fonte de captação de água para o abastecimento público na região. 
O arranjo metodológico desenvolvido proporcionou o entendimento da salinização das águas superficiais de uma bacia hidrográfica costeira, considerando as inter – relações de dois sistemas distintos. A pesquisa foi orientada pelo professor/Dr . Neylor Alves Calasans Rego(UESC), os examinadores externos os professores/Drs. Antenor de Oliveira Aguiar Neto, da Universidade Federal de Sergipe Gregório Guirado Faccioli, ambos da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Os examinadores internos os professores/Drs Francisco Carlos Fernandes de Paula e Marcelo Friederichs Landin de Souza (UESC).

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