quarta-feira, 11 de junho de 2014

Despejados para construção de Itaquerão, moradores estão alojados em terreno a 3,5km da arena sem luz, água e, muito menos, televisão

Na Ocupação Copa do Povo, dá para enxergar o Itaquerão ao fundo, mas nenhum dos barracos tem energia elétrica
Amanhã, quando a Seleção der o pontapé inicial para a Copa do Mundo contra a Croácia, cerca de 8 mil pessoas estarão a apenas 3,5km da Arena Corinthians. Mas, para eles, será impossível acompanhar a partida histórica dali. Na Ocupação Copa do Povo, dá para enxergar o Itaquerão ao fundo, mas nenhum dos barracos tem energia elétrica, muito menos televisão. Moradores despejados de Itaquera para a construção da arena e estrangeiros sem lar fazem parte da imensa ocupação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Para eles, definitivamente, não vai ter Copa.
Andreia gostou do estádio como corintiana, mas sofre para sustentar os filhos
A Arena Corinthians em Itaquera levou para a periferia da Zona Leste uma mistura de alegria e desespero. Enquanto a torcida corintiana comemorou a construção da casa própria, um sonho de 113 anos, inúmeras famílias ficaram sem moradia. “O aluguel subiu de R$ 450 para R$ 950. Vim para a ocupação porque realmente não tinha condições de pagar”, conta Vivian Maria de Souza, 38 anos. “O estádio influenciou a vida de muitos aqui. Ninguém queria Copa. Queria saúde, segurança e educação.”
Indignação
“Estou aqui na esperança de dar um lar para os meus filhos. O aluguel ficou muito caro e eu não conseguia pagar”, conta Andreia Barbosa, viúva, mãe de cinco filhos. O marido de Andreia foi assassinado após um acidente de trânsito. Com os R$ 937 de pensão e tendo de pagar R$ 600 de aluguel, ela se viu obrigada a deixar as crianças com a avó e mudar-se para a ocupação. “Como corintiana, a construção do Itaquerão foi algo maravilhoso. Mas de que adianta se não tenho condições morar lá? Deviam ter olhado para as pessoas de baixa renda. Dava para ter feito casa para muita gente.”

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