quinta-feira, 10 de julho de 2014

Tese avalia "Padrões espaciais dos homicídios associado ao Indicador Adaptado de Condição de Vida, no Município de Itabuna- BA"

Professora Flávia Moura Costa (centro)
 Professora Flavia Moura Costa defendeu a primeira tese do curso de Doutorado em Saúde Pública, interinstitucional, da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da USP, em convênio com a UFMA e UESC.
centro de Itabuna
A tese, "Padrões espaciais dos homicídios associado ao Indicador Adaptado de Condição de Vida, no Município de Itabuna- BA", foi defendida pela prof. Flávia Azevedo de Mattos Moura Costa. Tratou-se da primeira defesa de tese do curso de Doutorado em Saúde Pública, interinstitucional, cuja instituição promotora é a Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, em convênio com a Universidade Federal do Maranhão - UFMA e Universidade Estadual de Santa Cruz -UESC.
A defesa ocorreu no dia 5 de junho, tendo uma banca com três professores da USP e dois da UESC, profa. Dra. Maridalva de Souza Penteado e Prof Dr. Maurício Santana Moreau. O curso teve inicio em maio de 2011 e vai terminar em dezembro de 2014. Dos 15 alunos, sete são da UESC e oito da UFMA.
A Tese
Considerada um flagelo social, a violência, em especial o homicídio, é problema de saúde pública de grande magnitude e transcendência, que provoca forte impacto na mortalidade da população, sendo fundamental compreender sua ocorrência no contexto das condições de vida da população e do espaço que a envolve. 
Este estudo, explica a professora Fávia Moura Costa, com delineamento híbrido, ecológico e de tendência temporal, teve como objetivo obter o padrão espacial dos homicídios, segundo local de residência de suas vítimas, no município de Itabuna-BA, no período de 2006 a 2012, relacionando-o ao Indicador Adaptado de Condição de Vida no ano de 2010. A população envolvida no estudo constituiu-se de todos os homicídios de residentes no município ocorridos no período estudado. 
Os dados de mortalidade foram obtidos do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde e as informações, que compuseram o Indicador Adaptado de Condição de Vida foram coletadas do Censo Demográfico de 2010, sendo a unidade de análise o setor censitário. Indicadores epidemiológicos, Anos Potenciais de Vida Perdidos, mapas temáticos e estimador de densidade Kernel foram obtidos. 
Para a elaboração do Indicador Adaptado de Condição de Vida foi utilizada a Análise Fatorial com os estratos de condição de vida definidos por meio da técnica de agrupamento (hierarchical cluster analysis). Os testes Qui-quadrado e Razão de Chances bruto foram calculados segundo nível socioeconômico para verificação de associação entre os casos de homicídios e a baixa condição de vida. Os softwares ArcGIS 10 e SPSS 18 foram utilizados. 
94% das mortes foram masculinos
De acordo com a professora "o aumento dos homicídios observado ao longo dos anos analisados foi de 214%, sendo que 94% deles incidiram na população masculina. Entre estes, o crescimento se deu principalmente para os mais jovens, de 15 a 29 anos. A arma de fogo foi o instrumento responsável pelos homicídios, em 83% das mortes. Quanto às variáveis que compuseram o Indicador Adaptado aquelas com maiores cargas fatoriais foram: população alfabetizada acima de 10 anos de idade (0,920); proporção de crianças até 5 anos de idade (0,801) e população alfabetizada com idade entre 10 a 14 anos (0,720)."
O município foi classificado em quatro clusters: alta, média, baixa e muito baixa condição de vida. A comparação dos mapas de condição de vida e residência das vítimas de homicídios evidenciou relação entre o fenômeno e as áreas mais carentes da zona urbana. A Razão de Chances bruto quando comparados os clusters alta e baixa condição de vida foi igual a 12,62 (RC=12,62; IC 95%:[4,78 ; 33,32]) e igual a 6,93 para os clusters de média e baixa condição de vida (RC= 6,93; IC 95%:[2,76 ; 17,4]). 
A mortalidade por homicídios em Itabuna atinge índices observados nas grandes metrópoles do país na década de 1980, evidenciando que o fenômeno da criminalidade violenta, antes predominante apenas nos grandes centros urbanos, avança para o interior provocando mudanças no mapa da violência homicida no país. A estratificação do município, segundo condições de vida e distribuição espacial das residências das vítimas de homicídios, permitiu a identificação de áreas onde a população está mais vulnerável, fornecendo subsídios para ações de vigilância à questão da violência. 



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