domingo, 26 de maio de 2019

O que mantem as verminoses na zona rural de Ilhéus?

Tatiani V.Harvey-
 Médica Veterinária 
Doutora em Parasitologia/UESC
CRMV/BA 04034
Criticas e sugestoes:
Na coluna anterior conversamos sobre o fato dos ambientes urbanos terem importantes fontes de infecção por verminoses, assim como as áreas rurais e periféricas. Hoje, eu gostaria de comentar sobre a minha percepção sobre a manutenção de doenças nas comunidades rurais de Ilhéus.Durante o ano de 2016, investiguei a presença de verminoses em crianças e cães de 40 comunidades rurais do nosso Município. Esta tarefa, além de aprimorar meu conhecimento geopolítico sobre a cidade, e permitir-me ver o quão lindo é o seu interior, proporcionou-me ver, entender e questionar a realidade das comunidades rurais ilheenses. Em termos de saúde, eu vi que há MUITO o que fazer por elas! Apesar das marcantes deficiências sanitárias, não foram estas as que mais me surpreenderam. Sem generalizar, obviamente, ví administradores que não sabem o número de moradores de seus povoados, ou que dificultam melhorias por questões meramente políticas. Ví postos de saúde fechados, ou abertos poucas horas da manhã, pessoas se queixando da falta de médico ou do atendimento áspero e indiferente dos servidores da saúde, em geral. Ví agentes comunitários despreparados, mães negligentes, adultos e crianças doentes, higiene pessoal e ambiental inadequadas, muitos analfabetos, muitos desempregados. Percebi o descaso com o lixo, tanto pela população como pela empresa de coleta. 
Ví populações caninas e felinas numerosas, animais em péssimo estado de saúde, vacas, cavalos, patos e galinhas espalhados pelas ruas em várias comunidades, vias de acesso em péssimo estado de conservação… e por aí vai. Tudo o que foi citado aqui contribui, também, para a propagação de verminoses dentro de qualquer população. Esses fatos estão inseridos dentro do que chamamos determinantes de saúde, os quais são fatores que influenciam na saúde pessoal e comunitária.
Entretanto, não possso deixar de falar de algumas coisas boas que presenciei: alguns professores e agentes comunitários empenhados em mudar esta realidade, mães que buscam medidas pra criar seus filhos de maneira saudável, tutores que conhecem a importância de não deixar animais soltos nas ruas, enfermeiros e agentes comunitários atuantes e competentes… esperança…
Enfim, há problemas de cunho cultural, comportamental e infraestrutural. Assim, visto que, mexer em infraestrutura não faz parte da realidade da gestão pública, vejo que, possivelmente, o investimento em EDUCAÇÃO EM SAÚDE seja a medida mais viável e efetiva para reduzir as taxas de parasitoses nas populações humana e animal deste Município.
Nas próximas colunas comentarei sobre as infecções em todos os distritos.
Aos interessados em prevenção, indico o material produzido pelo Ministério da Saúde, que pode ser acessado no link http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_pratico_controle_geohelmintiases.pdf

Nenhum comentário:

Postar um comentário