domingo, 16 de junho de 2019

O cão e a saúde humana

Tatiani V.Harvey 
Médica Veterinária 
Doutora em Parasitologia/UESC
CRMV/BA 04034

Se você ainda não parou pra refletir sobre os benefícios de ter um cão, pare...e pense! Quando você o comprou, o ganhou ou o adotou, gratuitamente, você recebeu um pacote de benefícios que incluem companhia, fidelidade, amizade e proteção, no mínimo. Mas, quanto sua relação com ele é relevante na sua vida? 
Ao longo da história, o cão vem assumindo um papel importante na sociedade humana, oferecendo-nos, entre esses benefícios, uma alternativa para o tratamento e promoção da nossa organização psíquica. Ou seja, a interação com um cão passou a ser um tratamento para a nossa saúde psicológica. Esta interação preenche as lacunas desgastadas pelos conflitos das relações humanas, resultando no resgate da autoestima e da autoafirmação, na diminuição do estresse negativo e dos sintomas da depressão, no controle do humor, e no estímulo à socialização. 
Cada vez mais, a medicina tem utilizado a terapia assistida por cães (Cinoterapia) no tratamento de pacientes hospitalizados, especialmente crianças e idosos, para diversas doenças. Inclusive, doenças mentais e motoras. Os impactos positivos na atividade cerebral e cardiovascular, e a promoção da diminuição da dor e do desconforto levaram esses animais a integrarem equipes médicas em clínicas e hospitais. No Brasil, com exceção dos hospitais públicos, algumas clínicas, hospitais particulares e ONGs têm utilizado esta opção terapêutica. Em Ilhéus, O Projeto Patas que Curam aplicou este tipo de terapia, com sucesso. 
Agora, vejamos um outro contexto de saúde dentro da relação homem-cão. Desta vez, especialmente, para aqueles que interagem constantemente com os seus cães, para aqueles que os abraçam, que os beijam, que dormem com eles... Enfim, que permitem que eles dominem o seu ambiente doméstico. Os cães são transmissores potenciais de inúmeras doenças parasitárias como as verminoses, que podem acometer tanto o ambiente intestinal como o extraintestinal, e as ectoparasitoses, incluindo a escabiose, a pediculose, a tungíase (bicho-de-porco) e a larva migrans cutânea (bicho-geográfico). Todas, muito frequentes aqui no município! E para aqueles que permitem o acesso livre dos seus cães às ruas saliento que mordeduras, poluição ambiental com fezes caninas, acidentes de trânsito provocados por cães, também, são problemas sérios de saúde pública. Assim, o cuidado com a saúde do cão e sua restrição ao ambiente peridomiciliar é fundamental. 
Neste contexto, fica óbvio, então, que cuidar a saúde do seu cão é cuidar da sua saúde e da saúde da sua comunidade. É redobrar o cuidado com a saúde dos pacientes que recebem cinoterapia. É cuidar da saúde do ambiente. E, óbvia, também, é a necessidade de inserir orientações sobre o manejo adequado da população canina nas ações voltadas ao controle de doenças em Ilhéus. 

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