terça-feira, 25 de junho de 2019

O retorno da RAIVA

Tatiani V.Harvey 
Médica Veterinária 
Doutora em Parasitologia/UESC
CRMV/BA 04034
No início deste mês, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Bahia (DIVEP/SUVISA/SESAB) divulgou um novo alerta sobre uma das doenças que vem, pouco a pouco, reaparecendo em território nacional, a Raiva. 
A Raiva é uma infecção causada por um vírus presente na saliva de animais infectados, principalmente através de mordedura, lambedura ou arranhadura, causando encefalite progressiva aguda e letal. Todos os mamíferos são susceptíveis e a transmissão relaciona-se a quatro ciclos epidemiológicos distintos. São eles: a) ciclo silvestre aéreo, que os morcegos; b) o ciclo rural, que envolve os bovinos, equinos, caprinos, ovinos e suínos; c) o ciclo urbano, que envolve, principalmente, os cães e os gatos; d) e o ciclo silvestre terrestre, que envolve gambas, saruês, raposas, cachorros e gatos do mato, saruês, etc. 
Após a inoculação o vírus dissemina-se pelo sistema nervoso periférico, atingindo o sistema nervoso central. A partir daí dissemina-se por vários órgãos e glândulas salivares. Os humanos manifestam sintomas como mal-estar geral, febre, anorexia, cefaleia, náuseas, dor de garganta, irritabilidade, alterações de comportamento, ansiedade, hiperexcitabilidade, delírios, espasmos musculares e/ou convulsões, paralisia e fotofobia. Ocorrem alucinações, até a instalação do coma, que evolui para o óbito. Em animais, o quadro clinico comum caracteriza-se por isolamento em lugares escuros, agressividade, salivação abundante, agitação, incoordenação motora, e paralisia do tronco e dos membros. 
Este último alerta chamou a atenção para os 32 casos de raposas positivas detectados em alguns municípios baianos, entre 2015 e 2019. A maioria destes casos envolveu agressões a humanos e animais. Em 2017, foram registrados casos da doença em Paramirim (um óbito humano), Feira de Santana, Lauro de Freitas (cães) e Catu (gato). E aqui faço uma consideração importante: o período de transmissibilidade dos animais silvestres ainda não foi estabelecido! E sabemos que o período de transmissão por cães, normalmente, inicia 2 a 5 dias antes da manifestação de sinais clínicos, persistindo durante a evolução da doença.

Nenhum comentário:

Postar um comentário