quinta-feira, 20 de junho de 2019

Segundo IBGE, só 10,1% dos adultos baianos concluem o ensino superior. Estado é o penúltimo, só perde para o Maranhão

A Bahia tem o segundo pior índice de adultos com ensino superior completo no Brasil. Segundo dados divulgados nesta quarta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 1 em cada 10 adultos baianos (10,1%) concluiu o terceiro grau em 2018. Com esse percentual, a Bahia ficou acima apenas do Maranhão, onde só 8,6% dos adultos terminaram a faculdade. A taxa do estado ficou abaixo da média nacional, de 16,5% das pessoas de 25 anos ou mais de idade com curso superior completo em 2018. 
No estado, o percentual de adultos com nível superior praticamente não mudou entre 2017 (9,9%) e 2018 (10,1%). Nesse período, o estado foi ultrapassado por Alagoas (de 8,4% em 2017 para 10,3% em 2018) e Pará (de 9,1% para 10,7%).
Aliado a isso, a Bahia tem outro dado preocupante, na avaliação de especialistas: o percentual de pessoas de 15 a 29 anos de idade que não estavam estudando e nem trabalhavam avançou pelo segundo ano consecutivo e chegou a 28,2% em 2018 - quase um milhão de pessoas nessa situação (962 mil). 
Para além da educação, os resultados revelados pela Pesquisa Anual por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-Contínua) apontam para um futuro preocupante da juventude baiana. Hoje, um terço da população do estado não estuda, não trabalha e ainda tem acesso limitado ao ensino superior. 
“Estamos diante de um cenário muito preocupante. O número da Bahia é muito baixo mesmo em relação ao do Brasil, cuja média já é muito baixa. Se olharmos países em desenvolvimento, a taxa de população com ensino superior é de 30% a 35%”, avalia Tarso Nogueira, pró-reitor de Graduação do Senai Cimatec. 
Ele cita os casos de Israel e Coreia do Sul, países que passaram por um ciclo curto de desenvolvimento e hoje se destacam em inovação tecnológica. Nogueira pontua ainda que a tecnologia está em franca expansão e não se relaciona apenas com as engenharias, mas entra em áreas como Direito, Medicina e Ciências Sociais. “Nos EUA, as Ciências Sociais já estão estudando a relação de humanos e robôs. Na Universidade de Illinois, cursos de Medicina estão sendo integrados com Engenharia”, conta. 
Embora, na Bahia, o número de pessoas que terminaram o ensino superior seja o segundo pior do país, a realidade do estado não difere muito do resto do Brasil. A coordenadora de projetos do Todos Pela Educação, Thaiane Pereira, diz que o percentual de pessoas jovens que não trabalham nem estudam preocupa. No Brasil, em 2018, eram 23% daqueles com idades entre 15 a 29 anos. 
“Os gestores públicos precisam entender quem são esses jovens que estão fora da escola e do mercado. Tem uma massa enorme de jovens, com alto potencial, subaproveitados”, diz Thaiane.
Thaiane afirma que este cenário é reflexo da realidade do país de desigualdades sociais. Na Bahia, a taxa de pessoas com ensino superior completo entre a população branca foi de 17,9%. Entre negros e pardos, o número cai pela metade (8,4% deste grupo).
Além disso, os maiores índices estão nas regiões Sul e Sudeste. A taxa de analfabetismo reflete as desigualdades regionais, com as taxas mais elevadas no Nordeste (13,9%) e Norte (8%). No Sudeste, era de 3,5%. Na Bahia, 12,7% das pessoas acima de 15 anos são analfabetas.
“Nível de desigualdade que ainda permanece muito alto e é fruto de um padrão histórico, que vem passando entre as gerações. Essas populações sofrem com maior vulnerabilidade social, com altas taxas de trabalho juvenil, e estão mais dispostas à violênica”, avalia Thaiane.
Outro ponto levantado por ela é quanto à realidade das escolas, o que pode ser observado pelas taxas de evasão. Aos 4 ou 5 anos, quando a educação passa a ser obrigatória, pouco mais de 9 em cada 10 crianças baianas estão na pré-escola: 96,8%. A taxa é a quarta do país e está acima da média nacional (92,4%).
Mas no grupo etário de 11 a 14 anos, a defasagem/abandono escolar já começa a se apresentar. Nessa faixa etária, duas em cada 10 crianças na Bahia (19,9%) já não estão cursando o segundo ciclo do ensino fundamental. Esse percentual mais que dobra entre os de 15 a 17 anos. 
Nessa faixa etária, 44,6% ou já saíram da escola ou ainda não chegaram ao ensino médio. “Isso está relacionado a diversos fatores. Desde uma escola que não faz parte da realidade adequada, até outros fatores relacionados a trabalho, cuidar de alguém, principalmente as mulheres”, afirma. 
Para os especialistas, o caminho passa por mais investimentos, com foco na educação básica e ampliação do acesso ao ensino superior.
Salvador melhora índice na pré-escola
De acordo com a Pnad Contínua, Salvador conquistou o terceiro lugar entre as capitais com a melhor taxa de escolarização da pré-escola (crianças de 4 e 5 anos). Na capital baiana, a taxa em 2018 foi de 98,5%, abaixo apenas de outras duas cidades nordestinas - Teresina, no Piauí, e São Luis, no Maranhão, com cerca de 99%.

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