Tatiani V.Harvey
Médica Veterinária
Doutora em Parasitologia/UESC
CRMV/BA 04034
Contato: tvharveyvet@gmail.com
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Há dias atrás recebi um compartilhamento no Facebook sobre um alerta ao descaso com o antigo Hospital e Maternidade Santa Isabel. E, diga-se de passagem, Aderino França, você está certíssimo! Ao longo dos últimos 15 anos, desde que cheguei ao município, este local tornou-se uma referência da negligência da administração pública. Um ícone da depredação. E, para os críticos mais românticos, um poema angustiador de Alvares de Azevedo!
Mas, além deste fato, um outro ponto chamou-me a atenção: a reflexão sobre o papel do prédio abandonado como fonte de agravos à saúde pública e da transmissão de zoonoses, as doenças transmitidas ao homem pelos animais. Muito bem colocado! Infelizmente, esta é a serventia dos prédios e terrenos abandonados pelo país inteiro, incluindo Ilhéus. Refúgio de usuários de drogas, depósito de lixo e/ou criadouros de insetos (mosquitos, formigas, baratas) e aracnídeos (escorpiões, aranhas, carrapatos). Essa reflexão foi a minha inspiração para a coluna de hoje. E resolvi, então, chamar sua atenção aos terrenos baldios distribuídos pela nossa cidade.
Há uma necessidade urgente da criação e implementação de uma lei que obrigue os proprietários de prédios sem moradores e terrenos baldios a fazerem a manutenção constante destes locais. O controle das arboviroses, por exemplo, depende, em grande parte, da vigilância destes locais. Reflita sobre a seguinte observação: há inúmeras campanhas bonitas no papel que são armas políticas meramente ilustrativas.
Apesar de serem pontuais no Brasil, existem alguns bons exemplos de gestões preocupadas com o tema. Na cidade de Colombo, no Paraná, há uma lei que trata da obrigatoriedade da limpeza dos terrenos baldios, com penalizações. Recentemente, um projeto de lei autorizou a prefeitura de uma cidade paulista, Ariranha, a limpar os terrenos baldios e mandar a conta para os proprietários. A Câmara de Vereadores de uma cidade gaúcha, Santa Maria, aprovou uma lei que cobra a identificação de terrenos baldios ou sem construção, a fim de facilitar a localização dos proprietários e garantir o recebimento da notificação de limpeza.
Enfim, fica aqui a dica para os representantes eleitos pelo povo ilheense. Precisamos de projetos mais impactantes e que façam valer o nosso voto! E quanto à observação de Aderino França, termino a coluna de hoje com uma outra reflexão: quão mais fácil e justo seria o acesso ao tratamento de qualidade à saúde da população carente, especialmente a rural, se todo o investimento colocado no Hospital Regional Costa do Cacau tivesse sido feito no resgate do Hospital Santa Isabel?
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