domingo, 22 de setembro de 2019

Por que evitar o convívio com os pombos?

Tatiani V.Harvey 
Médica Veterinária 
Doutora em Parasitologia/UESC
CRMV/BA 04034
Há uns dias atrás, um amigo recebeu um post fazendo um alerta sobre a meningite transmitida por pombos e me questionou sobre a veracidade da informação. Respondi que sim e fiquei contente com o cuidado dele quanto ao compartilhamento desse conteúdo. Mas, na verdade, a preocupação com as doenças transmitidas por estas aves não deve se ater apenas a esta doença. 
Entre as infecções que podem ser transmitidas ao homem estão incluídas a salmonelose, a criptosporidiose, infecções fúngicas pulmonares como a ornitose e histoplasmose, e a criptococose, que pode resultar em meningite e doença respiratória. Todas elas são transmitidas através das fezes dos pombos. As doenças fúngicas, normalmente, disseminam-se pelo ar a partir das fezes secas, enquanto que outras infecções podem ser veiculadas pelos alimentos contaminados com as fezes frescas. 
Os pombos, introduzidos no Brasil no século XVI, são aves que se adaptaram a viver próximas ao homem, especialmente pela grande oferta de abrigo e alimento. E é a grande oferta de alimentos que resulta na infestação dos centros urbanos, potencializando a transmissão de zoonoses e os prejuízos econômicos devido à corrosão de materiais causada pela alta acidez das fezes destes animais. 
Desta forma, deixo aqui algumas dicas de como prevenir e controlar estas infecções: não alimente os pombos, pois eles se reproduzem entre 10 a 14 vezes ao ano (quanto mais comida, mais posturas); impeça a formação de ninhos e alojamento na sua casa e na área peridomicilar (colocar fios de náilon a 10 cm de altura e objetos cortantes que impeçam o pombo de pousar em muros e beirais de telhados, telar beirais de telhados, forros e acesso a calhas); mantenha os alimentos cobertos (dica para os ambulantes que vem produtos de alimentação); antes de remover as fezes dos pombos, coloque luvas e máscara e jogue água com solução desinfetante (água sanitária ou amônia quaternária). Esta ação minimiza o risco de infecção pela via respiratória. 
Uma outra dica importante é consultar um médico para avaliar sintomas como tosse, falta de ar, dor no peito ou febre, presentes na criptococose pulmonar e dor de cabeça, febre, dor de pescoço, náusea e vômito, sensibilidade à luz, confusão ou mudanças de comportamento, presentes na criptococose cerebral. Estes sintomas podem levar à suspeita de outras doenças. Então, peça para o seu médico incluir a investigação de doenças fúngicas pulmonares e neurológicas como diagnóstico diferencial. E, se houver, informe o seu médico sobre o seu contato com ambientes frequentados por pombos. 
Deixo, também, uma pergunta: será que os garis do nosso município são orientados quanto a precaução e recebem EPI adequado para estas doenças? 

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