sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Verme do coração em cães de Ilhéus

Tatiani V.Harvey 
Médica Veterinária 
Doutora em Parasitologia/UESC
CRMV/BA 04034
Outro dia, conversando com uma colega veterinária aqui do município, me surpreendi com a notícia de ínumeros casos de Dirofilariose, a doença do verme do coração, sendo detectados aqui em Ilhéus, em cães de comunidades urbanas e rurais. Notícia preocupante, inclusive para nós humanos! 
A Dirofilariose é uma zoonose rara transmitida pela picada de mosquitos como o Aedes, Culex e Anopheles, por exemplo. A partir da picada do mosquito, a larva de algumas espécies de Dirofilaria migram pelos tecidos subcutâneos, atingem o leito vascular e chegam a diferentes regiões do coração direito, como a veia cava, átrio direito, ventrículo direito e artéria pulmonar onde circulam e morrem levando a alterações clínicas importantes, e que podem conduzir ao óbito. 
Cães e canídeos silvestres, como as raposas são os hospedeiros mais importantes do parasita. Gatos são relativamente resistentes à infecção. 
No homem, a infecção pode apresentar-se como uma lesão nodular no pulmão, tecidos subcutâneos, cérebro, olhos ou testículos. O acometimento do coração pode resultar em um ou mais nódulos pulmonares periféricos, frequentemente detectados em pacientes assintomáticos submetidos a diagnósticos por imagem da cavidade torácica. Esses nódulos, muitas vezes, são erroneamente interpretados como tumores malignos. Apesar de ser um hospedeiro, o homem não tem um papel na transmissão da doença, pois a infecção não resulta na produção de microfilárias. 
Por outro lado, os cães e outros canídeos silvestres, como as raposas, são os principais hospedeiros envolvidos na transmissão da doença. Nestes animais, ocorre a produção de microfilárias, que são ingeridas pelos mosquitos, dando continuidade ao ciclo. Assim como ocorre no homem, os vermes podem causar obstrução da artéria pulmonar, levando a complicações cardíacas e pulmonares, incluindo sinais como tosse com ou sem sangue, exaustão após o exercício, desmaios e perda de peso grave. Em gatos, asma, morte súbita e sinais neurológicos são mais comuns. E vômito associado a tosse aumentam o grau de suspeita. 
Para prevenir a doença, precisamos ter em mente que vivemos numa região propícia para a manutenção contínua do ciclo biológico dos mosquitos. É fato, então, que precisamos controlar a população de mosquitos dentro e fora do nosso domicílio, usar repelentes, evitar o acúmulo de lixo, água parada e outros elementos que permitam a proliferação destes insetos. Além disso, previna a doença em seus animais de estimação! Leve-os ao veterinário, no mínimo, anualmente, a fim de investigar a presença da infecção e obter as recomendações adequadas para a profilaxia medicamentosa. Deixo a dica, especialmente, para os leitores, moradores e tutores de cães de comunidades do nosso distrito Sede e do Distrito de Aritaguá.

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