sábado, 21 de março de 2020

COVID19: e quanto ao contato com animais?

Dra. Tatiani Harvey
Médica Veterinária - Parasitologista
 @dra_tatiani_harvey
Tenho recebido perguntas sobre o cão de Hong Kong, supostamente infectado pelo SARS-Cov-2, o novo coronavírus. Assim, venho esclarecer este fato e salientar que não há evidência suficiente da transmissão deste vírus por cães e gatos. 
Segundo o documento informativo da Associação Mundial de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais, do dia 07/03/20, a infecção detectada naquele cão tem maior probabilidade ter ocorrido por transmissão humana. Os primeiros testes, realizados através de técnicas moleculares, detectaram baixa carga de RNA viral em amostras nasais e orais do cão. Porém, a presença de partículas infecciosas não foi confirmada. A partir daí o animal foi posto em quarentena, sem apresentar sinais clínicos relevantes, e novos exames foram feitos. O resultado “fraco positivo” do novo teste sugere que o cão possui um baixo nível de infecção e dá indícios de que ele possa ter sido infectado por transmissão humana. Este achado não é suficiente para provar que o cão seja uma fonte de infecção para pessoas. 
Obviamente, mais estudos ainda precisam ser feitos e, nesta situação, é preciso tomar alguns cuidados muito especiais: a) tutores de animais de estimação que residam em áreas onde há casos de COVID-19 devem, obrigatoriamente, lavar as mãos antes e depois de interagir com seus animais; b) tutores e pessoas que trabalham com animais, e que estejam doentes pela COVID-19, além de limitar o contato com os animais, devem usar máscaras na presença destes e seguir a orientação de higienização das mãos mencionada previamente. 
Como o abandono de animais é crime, saliento que os tutores doentes podem deixar seus animais de estimação com familiares e amigos que tenham competência para tal, até a remissão da doença. 
Um outro ponto importante é a questão sobre a imunização dos cães com as vacinas atuais contra o coronavírus canino. Estas vacinas polivalentes imunizam os cães contra gastroenterite, mas não contra infecções respiratórias. Deixemos claro que algumas enterites e infecções respiratórias são causadas por variantes distintas do coronavírus. 
É fato, então, que os veterinários não devem usar esta vacina, neste contexto de epidemia, na tentativa de gerar uma reação cruzada contra o SARS-Cov-2. A WSAVA reforça que não há evidências que as vacinas disponíveis no mercado possibilitem a proteção cruzada contra esta infecção. E salientam, ainda, que não existem vacinas disponíveis em nenhum mercado para infecção respiratória por coronavírus em cães. 
E mais dica, nas áreas onde o vírus está ativo, evite o contato com animais com os quais você não esteja familiarizado. 
Nessa hora, o que mais precisamos é consciência, comprometimento e SOLIDARIEDADE.

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