sábado, 21 de março de 2020

Conter a marcha do vírus

Isolamento e UTIs são cruciais, mas gestão da crise também depende de capacidade de diagnosticar 

Resultado de imagem para covid 19(Folha de São Paulo) O exemplo internacional mostra que a prioridade zero de União, estados e municípios deve ser a contenção dos efeitos da marcha inexorável do coronavírus. Antes de mais nada, tentar enfrentar o colapso de serviços de saúde—oficialmente esperado em abril— aliviando a sobrecarga de pacientes nas unidades de terapia intensiva. 
Existem duas maneiras principais de obter tal resultado. A primeira: suavizar a curva exponencial de contágios com medidas de distanciamento e isolamento social. Torna-se evidente que grandes centros urbanos necessitarão adotar restrições mais e mais draconianas para impedir circulação e contato entre pessoas. A outra é aumentar de modo célere as vagas de UTI ou instalação similar para receber doentes graves de Covid-19, com os obrigatórios aparelhos de respiração forçada e monitores de funções vitais. 
Trata-se de desafio logístico gigantesco, sobretudo em áreas e estados menos desenvolvidos. A figura-se decisiva a coordenação de Brasília para fazer o equipamento chegar a onde for mais necessário. Facilitar importações, como já vem fazendo,é só o começo; será preciso, decerto, comandar também a fabricação no país de peças e dispositivos para diminuir a dependência da oferta internacional, cada vez menor. 
Liderança semelhante se espera do governo para equacionar outra atividade crucial para o enfrentamento da epidemia: obter dados de melhor qualidade sobre a propagação da síndrome respiratória grave. Neste caso, o necessário é elevar a capacidade de realizar exames para detecção do vírus CoV-2. 
O Ministério da Saúde anunciou a meta de comprar 2,3 milhões de testes diagnósticos, que seriam suficientes para examinar1,1% da população. Mas esse é apenas o plano; como noticiou esta Folha, até aqui 150mil kits foram de fato adquiridos da Fiocruz e, destes, 29,3 mil entregues e 17,9 mil distribuídos. A 22 pacientes por kit, seria o bastante para 394 mil brasileiros, ou 0,2% da população. 
Na Itália, onde grassa verdadeira hecatombe sanitária, foram testados 0,3% dos cidadãos. Na Coreia do Sul, cujo sucesso no combate à Covid-19 se atribui em parte à calibração eficiente das medidas com base em dados abundantes, chegou-se a 0,6%. No Brasil, tal percentual corresponde a 1,26 milhão de pessoas. A meta do governo Jair Bolsonaro de obter 2,3 milhões de testes parece adequada, mas pairam dúvidas sobre sua real capacidade de torná-los disponíveis mais rapidamente

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