domingo, 28 de junho de 2020

Os 486 anos de uma cidade sem rumo

São 486 anos de fundação. Portanto, nos faltam apenas 14 para a celebração dos rematados 500 anos. 
Rematados? 
Estamos parados diante de um porto vazio. 
E hoje, exatamente hoje, mais vazio, com a informação do portal World Cruises assinada pelo jornalista Daniel Capella, dando conta que a MSC Cruzeiros anunciou que MSC Seaview troca Ilhéus por Maceió. 
É apenas um, dos tantos que já foram. 
Em meio a uma pandemia, com a economia semi-paralisada, em nenhum momento a gestão municipal pensou em discutir e planejar os rumos para o futuro, numa recessão que pode durar mais de uma década. 
O governo municipal criou um “Gabinete de Crise” que gira em torno de si. Lembrar que temos a Universidade Estadual de Santa Cruz, o IF-BA, a UFSB, em Itabuna, o IF-Bahiano, em Uruçuca, a UFBa e tantos outras instituições de excelência que, juntos com o “Gabinete de Crise”, poderiam, se fossem convidados, planejar e evitar a evolução das adversidades, bem como criar ferramentas e produtos capazes de preservar a cidade da estagnação visível. 
Um município sem plano é como uma embarcação sem rumo. Não sabe onde está nem para onde vai. É o que podemos chamar de gestão por “susto”. Só quando uma “emergência” ou “urgência” surge, quando um problema assume o caráter de crise que a equipe de governo corre atrás da solução, que na maioria das vezes é improvisada e parcial. 
É o modelo que só age para apagar incêndios. Ou seja, não há uma previsão de ações de médio e longo prazo, não há diretrizes para o enfrentamento dos problemas ou das surpresas. 
Em nosso caso, não existe surpresa. 
Há mais de um quarto de século Ilhéus navega sem rumo e sem projetos. Poucos foram os prefeitos, cujas gestões reservaram tempo para o planejamento. 
Nestas circunstâncias começo perguntando: quais são os projetos e produtos que serão oferecidos no setor de turismo pós-pandemia? Para o comércio e serviços o que teremos? Para a indústria o que fora pensado? Diante da vastidão territorial do município o que será feito ou o que está sendo planejado para beneficiar a estimular a agricultura? 
Quando tempo, quantas possibilidades e oportunidades perdidas! 
O atual prefeito de Ilhéus contou com toda determinação do Governo do Estado. Rui Costa se fez o verdadeiro prefeito da cidade. Se as coisas melhoraram na saúde foi graças ao Governo do Estado, se a infraestrutura teve investimentos foi o Governo da Bahia. Não só a ponte, mas até o asfalto colocado nas ruas foi graças à determinação do governo baiano. 
Não se governa com sorrisos e tapas nas costas. Gestão é pragmatismo. Todo investimento precisa ter retorno e por agir com sensatez e planejamento o gestor desagrada sempre. É julgado, aplaudido ou rejeitado pela história e a história é escrita pela competência da sua equipe. 
Temos em Ilhéus, uma gestão incapaz, até mesmo, de oferecer os adornos necessários a obra da nova ponte – feita pelo governo do estado- capazes de, através do embelezamento, eficientizar os louros da conclusão. 
Uma lástima. 
Nos seus 486 anos, Ilhéus se insere entre as muitas gestões que têm se arrastado, apenas cumprem rotina, administram folha de pagamento, atendem - mesmo que atabalhoadamente - emergências, acumulando desgastes e frustrando expectativas dos munícipes, dos investidores e dos eleitores. 
Diante dessa realidade, da falta de planejamento, podemos vislumbrar o futuro. 
Parabéns aos ilheenses! 

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