sábado, 19 de setembro de 2020

Você já parou pensar e entender a importância da Leishmaniose?

Uma das doenças mais preocupantes para a Saúde Animal e para a Saúde Pública é a Leishmaniose, um complexo de doenças resultantes da infecção por um protozoário, transmitidas por um dos insetos mais temidos, atualmente, um “mosquito”. Na verdade, um flebótomo, conhecido como mosquito palha, birigui, cangalhinha, tatuíra, entre outros nomes. Porém, o mais alarmante é que grande parte da população brasileira nunca ouviu falar da doença, e que muitos tutores de cães e gatos nem imaginam como ela se manifesta ou como possa ser transmitida. Especialmente, porque o Brasil concentra 90% dos casos humanos de Leishmaniose Visceral (LV) registrados na América Latina, e 80% dos casos da doença no mundo, apesar de mais de uma década de existência do nosso Programa de Vigilância e Controle de Leishmaniose Visceral.
Tatiani V.Harvey
Médica Veterinária 
Doutora em Ciência Animal
(73) 99983-5097 - +1(617) 417 1908
@dra_tatiani_harvey 
A transmissão ocorre a partir da picada do mosquito-palha num hospedeiro - homem ou animal – infectado. O mosquito infecta-se, e o parasita que segue seu desenvolvimento dentro do corpo do mosquito é transmitido quando o mosquito pica outro hospedeiro. Um fato importante é que o período que transcorre desde a infecção até a manifestação de sinais clínicos é variável, tanto em animais quanto em humanos. Com média de 3 meses a anos, 3 a 7 meses para cães e de 2 a 6 meses para humanos. 
A doença pode manifestar-se se sob a forma cutânea, chamada Leishmaniose Tegumentar (LT), a mais comum, e suas variações, e sob a forma visceral, a mais grave, conhecida como Calazar (LV). A LT em humanos e animais provoca úlceras na pele e mucosas, quais podem ser únicas ou múltiplas, disseminadas ou difusa. As úlceras têm bordas elevadas e fundo granuloso, geralmente indolores, com cicatrização difícil. Em humanos as lesões aparecem com mais frequência no nariz, na boca e na garganta, tendo como diagnóstico diferencial a hanseníase, a esporotricose, a sífilis e tuberculose, por exemplo. A LV em humanos é uma doença crônica, de evolução sistêmica e que leva ao óbito 90% dos pacientes não tradados, e precisa ser diferenciada de esquistossomose, malária, doença de chagas, etc. Em cães e gatos, a leishmaniose manifesta-se, especialmente através de dermatopatias, com a presença de nodulações e/ou úlceras em áreas menos pilosas, como orelha, boca, focinho, saco escrotal e prepúcio, por exemplo. Na forma visceral, observam-se alterações oculares, rigidez de membros posteriores, perda de peso, dermatites, crescimento exagerado das unhas, linfadenomegalia, perda de pelo ao redor dos olhos, entre outros sinais, evoluindo para o óbito, comumente, caso não se faça o tratamento. 
Quanto ao tratamento da LV, os medicamentos atuais não eliminam por completo o parasito nas pessoas e nos cães. Mas, o homem não tem importância como reservatório da doença, e sim o cão. Desta forma, a eutanásia de animais é preconizada pelo Ministério da Saúde, como medida de prevenção da doença em humanos, a qual tem sido questionada quanto sua eficácia e ética. No entanto, atualmente, animais positivos podem ser tratados, a partir do comprometimento dos tutores, oficialmente documentado e fiscalizado, com o tratamento. Caso contrário, os animais devem ser eutanasiados. 
Como medidas de prevenção das leishmanioses, deixo as seguintes: evitar a exposição (homens e animais) a ambientes externos após às 17H, mantenha sempre limpos os quintais, removendo todo o conteúdo orgânico em decomposição, e abrigo de animais, que são locais de proliferação do inseto. Limpe e aplique inseticidas, diariamente, em galinheiros, currais e outras construções para criação de animais. Coloque telas finas em janelas e portas, embale o lixo adequadamente. Use repelentes no pelo do animal e coloque coleiras repelentes de insetos nos cães, respeitando o prazo de validade do produto. Para mais informações, busque um veterinário ou acesse o site do Ministério da Saúde.

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