segunda-feira, 14 de março de 2011

Pastoral da Criança mantém recomendação: aleitamento materno exclusivo até os seis meses

Pesquisa questiona tempo de amamentação exclusiva, mas para entidade há mais riscos de doenças na introdução precoce de alimentos
O leite materno deve ser a alimentação exclusiva dos bebês nos primeiros seis meses de vida. A orientação da Pastoral da Criança é reafirmada pelo médico Nelson Arns Neumann, coordenador nacional adjunto da instituição, ao avaliar recente estudo de pesquisadores britânicos sobre amamentação que divergem da recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo a OMS, a amamentação é a melhor maneira de proporcionar o alimento ideal para o crescimento saudável e o desenvolvimento dos recém-nascidos. E desde 2001 recomenda, de forma global, que os bebês recebam exclusivamente, sem adição de outros alimentos, leite materno durante os primeiros seis meses de vida.
A prática do aleitamento materno, aliada ao conhecimento dos benefícios da amamentação para o desenvolvimento do bebê, permeia a atuação da Pastoral da Criança em comunidades de baixa renda de todo o país. Desde a gestação, as mães são orientadas e incentivadas para amamentar seus bebês até dois anos ou mais.
“A amamentação tem efeitos imediatos na prevenção de mortes infantis e, também, tem efeitos futuros por prevenir obesidade, hipertensão e diabetes na adolescência”, afirma Nelson. “Assim, deve ser tratada como tema de saúde pública, devendo sua prática continuar a ser incentivada por lei. As leis, aliás, devem ser melhoradas de forma a propiciar que todas as mães, não somente as que têm vínculo empregatício ou com a previdência, tenham o equivalente à licença maternidade.”
Ao questionar a exclusividade da amamentação no primeiro semestre de vida, os especialistas do University College do Reino Unido consideram que o ideal é a inclusão de novos alimentos já a partir dos quatro meses. A introdução de alimentos semissólidos na dieta das crianças ajudaria a prevenir problemas de saúde, como a deficiência em ferro ou a doença celíaca.
No Brasil, o Ministério da Saúde determina como norma o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida, complementando com outros alimentos a partir desta idade e mantido até o segundo ano de vida ou mais. Apesar dos resultados apresentados pela pesquisa européia, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) mantém a recomendação da amamentação exclusiva até os seis meses.
Cuidado para não generalizarOs resultados da pesquisa devem ser avaliados com cautela, na opinião do representante da Pastoral da Criança. “Não se pode generalizar a partir de uma pesquisa ou duas”, diz Nelson. “Três milhões de crianças morrem anualmente por diarréia e pneumonia e a amamentação exclusiva protege contra estas doenças”.
Este também é o entendimento da pediatra Elaine Pinto Albernaz, professora da Universidade Católica de Pelotas. “Até termos mais evidências, penso que devemos apoiar e adotar a atual recomendação dos órgãos oficiais.” Ela acredita que famílias inglesas e de outras comunidades mais desenvolvidas talvez tenham mais condições de adquirir alimentos adequados ao bebê. “Entretanto, para a maioria das crianças esta não é a realidade”, afirma Elaine.
Além dos benefícios do leite materno protegendo contra infecções e alergias, do ato de amamentar auxiliar no desenvolvimento do bebê e na promoção do vínculo mãe-bebê, muitas famílias não têm acesso a alimentos complementares adequados, avalia a médica, também doutora em epidemiologia.
A professora ressalta que a interrupção do aleitamento materno exclusivo pode significar maior risco de infecções por alimentos contaminados ou perda do fator protetor do leite materno, isto em um período de grande vulnerabilidade que é o primeiro semestre de vida. Além disso, pode aumentar o risco de desnutrição no caso das famílias terem dificuldade para oferecer alimentos adequados à criança.
Quanto ao risco de anemia, ela observa que, em algumas situações, como na prematuridade, existe a orientação de suplementação com ferro, sem que isto caracterize interrupção do aleitamento exclusivo, auxiliando na prevenção de anemia.
Para as demais crianças o risco de anemia pode ser maior quando desmamadas precocemente e alimentadas de forma inadequada. “É importante lembrar – conclui Elaine – que as recomendações são para beneficiar a maioria e que situações individuais, muitas vezes, devem ser analisadas no seu contexto”.

Assessoria de Imprensa
Coordenação Nacional da Pastoral da Criança
Fone (41) 2105 0244

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