sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Jogo Pokémon Go pode comprometer ergonomia visual, alerta especialista

Estresse ocular por alta exposição a telas e monitores causa dores de cabeça e fadiga ocular
Recém-lançado no Brasil, o jogo de realidade aumentada para smartphones Pokémon Go é febre nos Estados Unidos e Austrália e acumula mais de 20 milhões de usuários. O objetivo do game é utilizar o celular para procurar e “capturar” os personagens pokémons, os mesmos da série animada dos anos de 1990.
O aplicativo mistura o mundo virtual com o real. Isso porque o jogador tem perfil dentro do jogo e caminha no mundo real como se estivesse dentro do app. Nos Estados Unidos, é comum ver nos parques das grandes cidades e shopping centers grupos de jovens andando no meio da rua enquanto olham para o celular. Ou seja, cada vez mais, muitas pessoas passam a ver o mundo, literalmente, através da tela dos seus smartphones.
Além de muitas implicações no quesito segurança, outra questão envolvendo o uso exacerbado de smartphones vem preocupando especialistas. “Todo mundo deve ter ouvido da mãe ou avó que deveria ficar mais distante da televisão ou computador, para não “cansar as vistas”. Pois elas estavam certas: usar computador ou televisão, e mais recentemente, smartphones e tablets, pode realmente estar prejudicando a visão das pessoas. E é vício mesmo – pessoas com menos de 25 anos têm o costume de olhar pelo menos 32 vezes por dia se tem alguma coisa acontecendo na tela do seu smartphone, segundo estudo recentemente publicado”, aponta o oftalmologista Antônio Nogueira, diretor técnico do Cenoe Hospital de Olhos.
O uso exagerado da tecnologia leva consequências indesejadas ao corpo humano cada vez mais cedo, comprometendo a ergonomia corporal e também a visual. Crianças e adolescentes pouco habituados a dosar o tempo diante de TVs, computadores, videogames, tablets e smarphones são mais propensas a cefaleia, perda auditiva e dores nas costas. “A superexposição a esses aparelhos aumenta em até 30% a ocorrência de cefaleia relacionada à visão. É que tamanho esforço visual resulta numa espécie de estresse ocular”, explica o médico. O especialista recomenda um limite diário de uma hora e 20 minutos para crianças e adolescentes utilizarem gadgets e computadores. Já para os adultos que trabalham com os equipamentos, o ideal é dar uma pausa de 20 minutos a cada jornada de, no máximo, 80 minutos diante do monitor.
Síndrome do Usuário do Computador – Conhecida como fadiga visual ou CVS (Computer Vision Syndrome), termo que originou sua nomenclatura no Inglês, a doença é causada pela falta de lubrificação dos olhos, como reação natural da pessoa quando está em uma atividade ocular intensa, utilizando smartphones, tablets, computadores ou assistindo à televisão. Ressecamento, ardência e vermelhidão nos olhos são sintomas de quem passa muito tempo em frente a telas luminosas. “O que acontece com os portadores da síndrome é uma diminuição da frequência das piscadas, provocando ressecamento, vermelhidão, coceira, lacrimejamento, sensação de peso e sensibilidade à luz na região ocular. Para evitar transtornos decorrentes da síndrome, é necessário consultar periodicamente o oftalmologista”, alerta Antônio Nogueira.
Para evitar a fadiga visual, o oftalmologista recomenda, além de diminuir o tempo de exposição aos aparelhos, manter a iluminação sob controle. “Na hora de usar o computador, verifique se não há nenhum objeto ou luz causando reflexo na tela do monitor. Além disso, mantenha a intensidade de luz da tela apenas o suficiente para que você veja os textos e imagens com clareza”, sugere. Para evitar o ressecamento dos olhos, o médico indica que a pessoa tente piscar com frequência. “Quanto mais você piscar, mais lubrificados estarão seus olhos. Essa atitude também previne irritações. Faça exercícios com os olhos a cada 2 horas, piscando várias vezes ininterruptamente e olhando ao longe, pela janela. Isso descansa os olhos e recupera um pouco da lubrificação natural”, ensina. Além de tudo isso, uma boa noite de sono evita o estresse, promove descanso para os olhos e melhora a qualidade da visão.
*Antônio Nogueira é oftalmologista especializado em catarata e glaucoma pela Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte.

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