A Campanha da Fraternidade é uma iniciativa da Igreja Católica no Brasil através da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB. Neste ano a CF nos apresenta um grande desafio: a formação da consciência ambiental. Tem como fundamento a obra criadora de Deus e a responsabilidade do ser humano perante ela.
O ser humano é espírito e matéria, corpo e alma, e só pode realizar-se na sua totalidade, com ser espiritual e natural. Por isso, ele precisa escolher, ao longo da vida, as propostas feitas por Deus na obra da criação, uma vez que foi moldado no barro e recebeu o sopro de Deus: “Então o Senhor Deus formou o ser humano com o pó do solo, soprou-lhe nas narinas o sopro da vida, e ele tornou-se um ser vivente” (Gn 2,7).
Ao criar o ser humano Deus lhe confiou a obra da criação, dizendo: “Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a! Dominai sobre os peixes do mar, as aves do céu e todos os animais que movem no chão” (Gn 1,28). A palavra dominar vem do latim dominus, que significa “senhor”.
Dominar significa exercer o senhorio sobre os demais, e este exercício do senhorio deve ser feito a partir do modelo de “Senhor” que é o próprio Deus. O domínio não deve ser exercido de acordo com critérios humanos de relação de poder.
A crise ambiental atual é manifestação clara do poder destruidor do pecado. É o mesmo poder que deturpa a relação amorosa de Deus com o ser humano, as relações entre o homem e mulher e com os outros seres humanos; que cristaliza estruturas sociais injustas e modos de produção e consumo destruidores do meio ambiente.
A alienação do ser humano em relação ao projeto criador de Deus é que cria uma sociedade injusta e opressora, utiliza de modo abusivo a natureza e a destrói.
Deus colocou o ser humano no jardim que é o planeta Terra e ele é convocado a cuidar dela segundo o modelo de Deus, aquele que cria, abençoa, possibilita o crescimento e cuida.
O exercício do senhorio, ou a dominação, por parte do ser humano quer dizer respeito à ação criadora de Deus, possibilitar o crescimento e a evolução da natureza, cuidado com o meio ambiente e fazer dele uma fonte de bênçãos, em comunhão com a Terra e com as outras pessoas.
O cristão, discípulo de Jesus, é responsável por este jardim. Deve ter a consciência ambiental para, assim, respeitar a natureza, promover a sua preservação, evitar a poluição e a degradação do meio ambiente, e principalmente, garantir a continuidade da vida no planeta Terra.
É preciso conhecer o rosto a ser cuidado. Hoje se coloca o rosto do próprio planeta Terra, pois “a criação geme como em dores de parto” (Rm 8,22), clamando por cuidados com seus distúrbios climáticos para os quais o modo de viver de nossa sociedade, baseado no consumismo, cooperou.
Todo cristão deve contribuir para que a natureza continue sendo grande bênção para todas as pessoas e revele o amor eterno do Deus criador.
Dom Mauro Montagnoli
Bispo diocesano de Ilhéus
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