quinta-feira, 14 de abril de 2011

O mistério pascal de Cristo, sua passagem da morte para a vida definitiva.

Dom Mauro Montagnoli 
Bispo de Ilhéus



A festa da páscoa é memorial do dia em que o Pai tirou Jesus do túmulo, da morte, e o exaltou Senhor dos vivos e dos mortos. A liturgia celebra essa ação do Senhor em cada dia do ano e em cada celebração, mas com mais intensidade no tempo pascal. As cores alegres e festivas, com a predominância do branco, indicam o caráter festivo deste tempo.
A celebração anual da páscoa compreende um tempo de preparação, a festa e seu prolongamento.
O tríduo pascal é o coração da Semana Santa, começa na Quinta-Feira Santa, prolonga-se até o Domingo da Ressurreição, e tem como ponto culminante a Vigilia Pascal, celebrada à noite, no Sábado Santo.
Na Quinta-Feira Santa, Jesus celebra a ceia pascal com seus discípulos e antecipa, sacramentalmente, a sua morte na cruz: Jesus ao tomar o pão disse: “Isto é o meu corpo, que será entregue por vós”. Depois tomou o cálice dizendo: “Este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança, que será derramado por vós e por muitos para a remissão dos pecados”. Jesus instituiu a Eucaristia e o sacerdócio ministerial com o poder e a ordem de repetir este seu gesto até o fim dos tempos: “Fazei isto em memória de mim”. Cada missa é memorial da oferta voluntária e do amor do Filho de Deus ao Pai pela salvação do mundo. Cada missa torna presente, atual, nos sinais do pão e do vinho, esta entrega do Cristo que tem um valor infinito e nos oferece os frutos da redenção.
Na Sexta-Feira Santa, dia, em que Cristo, nosso cordeiro pascal, foi imolado, a Igreja, com a meditação da paixão do Senhor Jesus e adorando a cruz, comemora o seu nascimento do lado de Cristo que repousa na cruz, e intercede pela salvação do mundo todo. A hora da cruz, na verdade, é a hora da glória de Cristo. Não é o sofrimento que salva, mas sim o amor com o qual Jesus se oferece ao Pai por nós, amor que deu à sua paixão e morte um valor infinito. Com sua morte e ressurreição Jesus derrotou o demônio, autor do pecado, venceu o pecado e a morte e nos obteve a salvação. 
A cruz de Cristo é o símbolo de todos os sofrimentos da humanidade e do fardo que cada um dos seus discípulos deve carregar diariamente. Não há dúvida que o sofrimento, seja ele qual for, é um mal contra o qual temos que lutar. Se não for possível vencê-lo, não devemos nos revoltar, nem resignar-se passivamente, mas fazer dele um encontro com Jesus crucificado, vencedor do mal e da morte. Só Cristo crucificado pode dar sentido àquilo que em si é um contra-senso. 
Contemplemos Maria ao pé da cruz, que, unindo a sua dor materna à de seu Filho, colaborou com a nossa salvação.
Durante o Sábado Santo a Igreja permanece junto do sepulcro do Senhor, medita a sua paixão e morte, a sua descida à mansão dos mortos, e espera na oração e no jejum a sua ressurreição.
A Vigília Pascal é a Noite das noites segundo uma antiquíssima tradição, é “mãe de todas as vigílias”, em que a Igreja celebra jubilosa a Ressurreição de Cristo, a vitória da vida sobre a morte, da luz sobre as trevas, da graça sobre o pecado. 
Ao dar a vida por nós, Cristo nos libertou da morte com a própria morte.
Os cinquenta dias do tempo pascal são como “um só dia”, “um grande domingo” (Santo Atanásio), onde prolongamos o aleluia dando graças ao Senhor (aleluia é palavra hebraica que significa louvor a Deus) porque ressuscitou Jesus, e porque nos insere neste mistério de vida. 
A alegria da festa pascal prolonga-se por cinquenta dias.
Feliz Páscoa a todos.



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