quarta-feira, 4 de maio de 2011

Jovens carentes do Teotônio Vilela serão os primeiros beneficiados com gratuitos da FMT


Wendell, Sânio, Rosa Maria e Lucas Paim
Estudante do primeiro semestre de Administração da Faculdade Madre Thaís (FMT), Wendell Suliê, de 23 anos, também tem no currículo um curso técnico em Gastronomia. Ele é um dos alunos selecionados pelo Programa de Cursos Gratuitos, oferecido pela FMT, que vai passar a sua experiência para jovens carentes do bairro Teotônio Vilela, zona oeste de Ilhéus.
 “Estaremos num bairro onde é muito comum as famílias produzirem verduras e hortaliças no próprio quintal de casa. Então vamos mostrar para eles como é possível ganhar dinheiro com ´pratos inteligentes´ e como economizar no dia a dia reaproveitando alimentos e evitando o desperdício”. Para Wendell, o projeto proposto pelos professores da faculdade não será útil apenas para a comunidade visitada. “Estou saindo de uma zona de conforto, que é a sala de aula, e passando a conhecer de perto realidades que podem me ajudar muito quando estiver disponível no mercado de trabalho”.
Os jovens do Vilela serão os primeiros, mas outras comunidades também serão beneficiadas. O bairro Teotônio Vilela será atendido no próximo dia 24. A idéia inicial era levar os jovens até as salas confortáveis da FMT. Mas a pedido da Associação dos Moradores, que viu dificuldades no transporte, a FMT vai atender na própria comunidade, na sede da associação. Assim como o chef Wendell, Sânio Oliveira levará para os jovens carentes do bairro a arte do Grafite. “Desenho bem e tenho um irmão que vive desta profissão. Além de ensinar a técnica pretendo transformar a visão de cada um deles e mostrar que Grafite não é pichação, é uma arte que pode transformar ambientes e estimular a alegria na forma de viver”. Rosa Maria, de 27 anos, enxerga na dança a possibilidade de transformar vidas. “O objetivo do meu curso não é promover diversão para o grupo. É mostrar a dança como fonte de renda numa cidade que tem potencialidade turística”. Lucas Paim, o mais novo da turma, com 20 anos, vai ensinar informática básica, para ele, uma necessidade cada vez mais emergente para quem quer conquistar um posto no mercado de trabalho.
Nesta etapa-piloto do programa, serão oferecidos cursos de Montagem e Manutenção de Microcomputadores, Informática Básica, Técnica de Vendas, Qualificação e Técnica de Comportamento Profissional, Grafite, Dança, Desenvolvimento Ambiental com Sustentabilidade, Finanças Domésticas e Reaproveitamento Alimentar. “Em todos os cursos estamos focando na importância do aprendizado como função econômica. O foco não é lazer. É dar ao jovem a oportunidade de qualificá-lo, permitindo que, a partir deste reforço, ele possa ganhar dinheiro com o que aprendeu”, destaca o professor Hélio Denni, coordenador do curso de Administração da faculdade.
Exemplo - Entre os 22 estudantes que se inscreveram como monitores do programa, também está a estudante Macláudia Angeli de Sá, que cursa o sexto semestre de Administração. Ela mora no Teotônio Vilela e conhece de perto as dificuldades enfrentadas pelos jovens da localidade. “Temos grandes problemas no bairro. Mas não tenho dúvida de que o maior é a falta de oportunidade”, analisa. Antes de chegar à faculdade, foram 12 anos de tentativas frustradas no vestibular. “Cheguei a pensar que estava pagando um preço caro demais por ser da periferia e não ter tido muitas oportunidades de aprender”, revela.
“Este tem que ser o papel social de uma faculdade. Aqui formamos mais que um profissional. Preparamos o cidadão que esteja atento a tudo que acontece ao seu redor”, explica o professor Hélio Denni, explicando que, para os alunos, a contrapartida oferecida pela faculdade é o reconhecimento desta carga horária, além de certificado. As aulas vão acontecer aos sábados, sempre sob a coordenação de um professor do curso de Administração da FMT.
Rondon - A idéia surgiu após a inserção da faculdade no Projeto Rondon. Todos os anos os estudantes da FMT estão presentes, com destaque, no projeto. “É um exercício pleno de contribuição à sociedade e uma grande recompensa para a Faculdade Madre Thaís, que oferece a contrapartida social às comunidades carentes de nosso país, mostrando aos nossos estudantes a realidade brasileira que vão encontrar após o término da graduação”, explica o professor Lúcio Gomes, que este ano coordenou o projeto.
Os alunos da FMT já ajudaram a outras populações carentes do interior do Brasil a buscar caminhos de superação. Este ano, foi a vez de Porto da Folha, pequeno município de 20 mil habitantes, localizado no estado de Sergipe que faz divisa com Alagoas, que vive basicamente de pequenos comércios e de programas sociais do governo federal. A partir destas experiências pelo interior da Bahia é que surgiu a idéia de executar um projeto semelhante nas comunidades carentes de Ilhéus onde a faculdade está implantada.

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