O prédio General Osório está abandonado |
Na sua coluna publicada no Jornal A Tarde de 24.09.2011, com o título de “A primeira biblioteca da Bahia”, o antropólogo Luiz Mott, professor titular de Antropologia da UFBA, informa que “salvo erro, tenho o privilégio de ter descoberto no arquivo da Inquisição de Lisboa a primeira biblioteca particular da Bahia, quiçá do Brasil, datada de 1574, propriedade de Rafael Olivi, italiano de Florença morador na Fazenda São João, no termo de Ilhéus. Foi acusado ao Santo Ofício de ter dito uma série de proposições heréticas, do tipo “a religião fora inventada para sujeitar os povos e os milagres dos santos não passavam de artes mágicas”. Ao ser preso pelo vigário e alcaide de Ilhéus, encontraram 27 livros em sua fazenda! Entre eles obras religiosas como o Breviário, A Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo, no Tesouro dos Pobres; obras literárias, como Viagi Fallida, Rime de Monsenhor Pero Lobo Pirotichiria, Comédia de Sacrifícios e, sobretudo, livros científicos: La Nova Ciencia, de Nicoló Tertaglia, Aristóteles, Libelus de Tactus, Discorsi de Nicoló (Machiavel), Josefus Judaico e outros.”
Vale acrescentar que Luiz Carlos Villalta, no seu artigo Bibliotecas Privadas e Práticas de Leitura no Brasil Colonial, quando fala de estudos quantitativos da posse de livros no Brasil colônia, assim se refere a Rafael Olivi e à sua biblioteca “O maior proprietário de livros no século XVI, foi provavelmente Rafael Olivi, italiano estabelecido em Ilhéus, no atual estado da Bahia, dono de 27 volumes.”
Termina assim o oportuno artigo do Antropólogo Luiz Mott: “Estes livros de Rafael Olivi constituem a primeira biblioteca particular que se tem notícia em toda a história do Brasil. Biblioteca diversificada e atualizadíssima, incluindo obras recentemente editadas, como o livro do matemático Tartaglia, falecido em 1557. No século XVI, sobretudo no selvagem Brasil, livros eram raridades caríssimas, daí a importância dessa coleção. Onde foram parar tais preciosidades? O bibliófilo italiano felizmente foi absolvido pela Inquisição. Deo gratias”
Pois é meus amigos, em 1574 a nossa Ilhéus já tinha uma biblioteca, a primeira da Bahia e talvez até do Brasil, e o maior proprietário de livros no século XVI. Hoje passados 437 anos, a única biblioteca que tínhamos foi destruída pela incúria dos nossos governantes.
Já que o poder público não faz, talvez a sociedade organizada de Ilhéus deva chamar para si esta responsabilidade. Dentro desta ótica, estou propondo aqui que comecemos, imediatamente, uma grande campanha para criarmos uma moderna Biblioteca Pública na nossa cidade, contando inclusive com uma Seção de Multimeios, onde possamos guardar um acervo audiovisual com partituras, filmes, gravações sonoras, fotografias e etc. Com certeza teremos muita gente para nos ajudar.
Proponho inclusive que a nossa blogosfera, com seu grande poder de penetração em todas as classes sociais, e os nossos órgãos de imprensa abracem está campanha, e que uma das nossas Agências de Publicidade trabalhem o assunto, criando um slogan, convocando todos para a criação da nossa Biblioteca, para que todos os blogs, jornais, revistas e outros meios de comunicação, passem a divulgar nas suas páginas esta campanha que com certeza será vitoriosa.
Carlos da Silva Mascarenhas
carlos.consultic@gmail.com
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