sábado, 24 de dezembro de 2011

Natal e Esperança cristã

Dom Mauro Montagnoli,  
Bispo da Diocese de Ilhéus 
 - O Natal, com suas manifestações coloridas e seus variados símbolos, é a Festa da Esperança “porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, ele recebeu o poder sobre seus ombros, e lhe foi dado este nome: Conselheiro-maravilhoso, Deus-forte, Pai-eterno, Príncipe-da-paz” (Is 9,5).

O Natal agita todo mundo por causa das festas, dos presentes, das músicas. Nas igrejas se montam os presépios com as figuras tradicionais: Maria, José e o Menino na manjedoura, a vaca e o burro. Crianças e adultos se comovem diante da singeleza e ternura dessas imagens. 

Mas esse Menino é ao mesmo tempo o Homem da Cruz e o Cristo ressuscitado. Permanecer na mera contemplação do Menino no presépio não deixa que a fé cristã se amadureça e a pessoa se torne capaz de enfrentar a dureza da vida, e a fecha para a vivência da Esperança que ultrapassa os tempos. A imagem que permanece é de um Jesus na manjedoura 
Celebrar o Natal é celebrar o Reinado de Deus. O Menino na manjedoura é o Senhor, o Kyrios, aquele que traz consigo o Governo de Deus. Só participa desse reinado quem prepara o caminho do Senhor e endireita suas veredas. Então “toda carne verá a salvação de nosso Deus” (Lc 3,4.6).
O Natal é o tempo favorável para se fazer uma incursão para dentro de si próprio e perceber o desejo de infinito que não se satisfaz com uma festa meramente convencional. Santo Agostinho descreve com uma imagem muito significativa a ânsia do infinito e a limitação pessoal: “Suponha que Deus queira encher a você com mel (a bondade e a ternura de Deus). Se você, porém, está cheio de vinagre, onde vai pôr o mel?” O coração deve se abrir e ser limpo: livre do vinagre e do seu sabor, aí ele se torna livre para Deus e para os outros.
“O que nós esperamos... são novos céus e nova terra, onde habitará a justiça” (2Pdr 3,13).
 A Esperança cristã dá a força para que a pessoa saia de um mundo que oferece uma felicidade que se resume em músicas, presentes, festa e algumas orações, e abre o coração de cada um para valores novos, inspirados pelo próprio Deus. “Assim, visto que tendes esta esperança, esforçai-vos ardorosamente para que ele vos encontre em paz, vivendo vida sem mácula e irrepreensível” (2Pdr 3,14). 

Celebrar o Natal é renovar nossa Esperança e assumir plenamente a missão de mensageiros da Esperança num mundo necessitado de corações abertos, capazes de reconhecer seus limites, com o desejo de acolher o Deus da Esperança.
Somos reenviados ao mundo para continuar o trabalho de Jesus, dando-lhe voz e vez onde estivermos, para que se cumpra a profecia:
Amor e Verdade se encontram,
Justiça e Paz se abraçam;
da terra germinará a Verdade,
e a Justiça se inclinará do céu” (Sl 85(84)).

BOM NATAL E FELIZ 2012!

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