quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Diário da CNBB

REFLEXÃO
A resposta que damos à pergunta que Jesus faz aos discípulos e a cada um de nós no Evangelho de hoje mostra principalmente o significado que ele tem em nossas vidas e exige coerência no relacionamento que nós temos com ele. Para Pedro, Jesus é o Messias, o enviado de Deus, o Ungido, o Salvador, mas Pedro é incoerente no relacionamento, pois não quer submeter-se a ele e aceitar os caminhos da salvação. Assim também acontece conosco: dizemos que Jesus é amor, mas não amamos; que é Deus, mas não o servimos; que é o enviado do Pai, mas não o ouvimos; que é nosso irmão, mas não criamos fraternidade.
NOTÍCIAS
Cardeal Raymundo Damasceno completa 75 anos e é homenageado na CNBB
Em coletiva, Presidência da CNBB fala sobre Ficha Limpa, CNJ e povos indígenas
Comissão da CNBB presta homenagens a dom Ladislau Biernaski
Campanha da Fraternidade: 49 anos de amor ao próximo e referência democrática
Cardeal Raymundo Damasceno completa 75 anos e é homenageado na CNBB
No dia 15, o cardeal arcebispo de Aparecida (SP), dom Raymundo Damasceno Assis, completou mais um ano de vida. Para celebrar a data especial, houve uma missa na capela da sede da Conferência dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília (DF), e, em seguida, uma confraternização. A missa contou com a presença do arcebispo de São Luís (MA) e vice-presidente da CNBB, dom José Belisário da Silva, do bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner; bispos participantes do Consep; membros da Nunciatura Apostólica, assessores da CNBB, padres, diáconos, além dos colaboradores da CNBB.
Na celebração eucarística, dom Damasceno foi homenageado pelos companheiros de episcopado. Dom Leonardo Ulrich Steiner, proferiu palavras de carinho, citando sua admiração pelo cardeal. “Admiro dom Damasceno pela sua humildade e por não ter traço de vaidade”, disse referindo-se à postura do cardeal.
O padre José Ernanne Pinheiro lembrou sua longa amizade com o cardeal. “Nos encontramos a primeira vez há 51 anos, no Colégio Pio Brasileiro, em Roma. De lá para cá, pude conhecer um pouco mais esse grande homem”, mencionou.
A missa foi presidida pelo próprio aniversariante, e a homilia foi feita por dom José Belisário da Silva. O vice-presidente CNBB dirigiu palavras de afeto a dom Damasceno e também homenageou o bispo diocesano de São José dos Pinhais (PR), dom Ladislau Biernaski, falecido no dia 13 de fevereiro.
Dom Raymundo Damasceno Assis, nasceu no dia 15 de fevereiro de 1937, em Capela Nova (MG). Tornou-se padre em 1968, e sua Ordenação Episcopal foi em 15 de setembro de 1986. Ocupou o cargo de secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, por dois mandatos, de 1995 a 1999, e de 1999 a 2003, foi membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação, Educação e Cultura, e presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) de 2007 a 2011.
No dia 9 de maio de 2011 foi eleito com mais de 160 votos presidente da CNBB por quatro anos (2011-2015). Seu lema episcopal é “In Gaudium domini” (Na alegria do Senhor).

Em coletiva, Presidência da CNBB fala sobre Ficha Limpa, CNJ e povos indígenas
Na manhã desta quinta-feira, 16, a presidência da CNBB abriu as portas de sua sede para uma entrevista coletiva. Estiveram presentes o presidente da CNBB, cardeal Raymundo Damasceno Assis, o vice-presidente, dom José Belisário da Silva, e o secretário geral, dom Leonardo Ulrich Steiner. A entrevista teve o objetivo de abordar os temas discutidos no Conselho Episcopal Pastoral (Consep), que aconteceu nos dias 14, 15 e 16 de fevereiro.
Os bispos falaram sobre a Lei da Ficha Limpa, cuja constitucionalidade está sendo julgada desde ontem, 15, pelo Superior Tribunal Federal (STF); a situação dos povos indígenas Guarani Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, e a atuação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que teve seus plenos poderes reconhecidos pela Suprema Corte do país no início do mês.
Dom Damasceno destacou, também, que a Lei da Ficha Limpa surgiu a partir de uma iniciativa popular, com o recolhimento de 1,5 milhão de assinaturas. “Tive a oportunidade de estar ontem no plenário do STF para dar uma demonstração de apoio a esta lei complementar”, disse o cardeal, mencionando que a CNNB foi uma das principais entidades que promoveram a coleta de assinaturas a favor da lei.
Povos indígenas
O secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, visitou algumas aldeias e comunidades indígenas Guarani Kaiowá, na região sul do estado de Mato Grosso do Sul. O bispo falou à imprensa sobre a situação degradante em que vivem esses povos tradicionais. “Para os povos indígenas a terra é fundamental. Conversando com eles, me chocou a afirmação que alguns adolescentes se enforcam por não terem perspectivas. É um povo que não pode manifestar sua cultura”, descreveu.
Uso de preservativos
Dom Leonardo falou, ainda, na entrevista sobre o uso e distribuição de camisinhas pelo Ministério da Saúde no período do carnaval. “Essa política pública de distribuição de camisinhas, penso não ser a mais adequada. É preciso, sim, veicular o sentido da própria sexualidade e da relação entre as pessoas”, disse.
Justiça
Sobre o CNJ, o secretário geral da CNBB afirmou que o STF prestou um serviço ao Brasil. “É mais uma vez o STF dando ao Brasil a oportunidade de ter instituições que ajudem a dar maior transparência também quanto à justiça. Quem ganhou com isso foi o próprio Supremo, foram os magistrados, e a sociedade brasileira”, afirmou.

Comissão da CNBB presta homenagens a dom Ladislau Biernaski
A Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, da CNBB, emitiu uma nota em homenagem a dom Ladislau Biernaski, que faleceu no último dia 13, em São José dos Pinhais (PR).
Leia abaixo a íntegra da nota assinada por dom Guilherme Werlang, presidente da Comissão da CNBB.
Homenagem a Dom Ladislau Biernaski, um Pastor e Profeta da justiça aos pobres
“Tanto bem lhe queríamos que desejávamos dar-lhes, não somente o evangelho de Deus, mas até a nossa própria vida” (1 Tes 2,8).
A Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, Justiça e Paz, vem, de público, prestar sua homenagem a D. Ladislau Biernaski, bispo diocesano de São Jose dos Pinhais. Em primeiro lugar, nossa palavra é de gratidão a Deus por ter presenteado à Igreja do Brasil com este pastor profeta marcado pela grandeza de espírito e firmeza de caráter.
D. Ladislau viveu e pensou a fé a partir dos ‘condenados da terra’ e, com eles, fez caminhos pouco frequentados pelos grandes deste mundo. Mas é nestes caminhos, percorridos por D. Ladislau que encontraremos o Senhor da Vida. Ele soube traduzir em gestos e palavras a Eucaristia celebrada com olhos abertos para enxergar os apelos de Deus presentes na vida dos pobres e seu clamor por justiça. Sua atuação enquanto bispo membro da Comissao das Pastorais Sociais e no Mutirão pela superação da miséria da fome, traduzia esta índole.
Nos últimos meses, na luta contra a enfermidade, soube transformar a dor em esperança, como durante toda sua vida o fez, junto aos camponeses que lutam em defesa da reforma agrária e da justiça no campo.
A vivência cristã e pastoral de D. Ladislau pode ser traduzida para nós como uma verdadeira encarnação, que continua na Igreja a Páscoa de Jesus de Cristo.
No silêncio de suas súplicas, seus gemidos de dor se uniram aos gritos de tantos sofredores, que, na fraqueza de seus corpos carregam as chagas de Cristo e a força da sua ressurreição.
Agradecemos a D. Ladislau que, pela sua experiência de vida sofrida e corajosa, simples e modesta, firme e decidida, coerente e perseverante, foi entre nós um “servo justo, que devolverá a muitos a justiça” (Is 53,11).
Que viva plenamente entre nós o testemunho de Dom Ladislau.
Os Bispos e assessores que prestam seu serviço pastoral na Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade, Justiça e Paz, reafirmam seu compromisso eclesial de dar continuidade ao honroso trabalho de Dom Ladislau junto aos ‘condenados da terra’.
Dom Guilherme Antônio WerlangPresidente da Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade, Justiça e Paz

Campanha da Fraternidade: 49 anos de amor ao próximo e referência democrática
Está chegando a Quaresma, tempo em que a liturgia da Igreja convida os fiéis a se prepararem para a Páscoa, mediante a conversão, com práticas de oração, jejum e esmola. E é justamente na Quarta-Feira de Cinzas, que acontece um dos principais eventos da Igreja Católica no Brasil, o lançamento da Campanha da Fraternidade. A CF, como é conhecida, está na sua 49ª edição, é realizada todos os anos e seu principal objetivo é despertar a solidariedade das pessoas em relação a um problema concreto que envolve a sociedade brasileira, buscando caminhos e apontando soluções. Neste ano de 2012 a Campanha da Fraternidade destaca a saúde pública e suas variantes. Com o tema “Fraternidade e Saúde Pública”, e o lema “Que a saúde se difunda sobre a terra” (cf. Eclo 38,8); a CF de 2012 tentará refletir o cenário da saúde no Brasil, conscientizando o Governo da precarização de condições dos hospitais e mobilizando a sociedade civil para reivindicar melhorias.
A CF é uma campanha conhecida em todo o país e reconhecida internacionalmente. Mas você sabe quando ela começou? Quem foram os seus criadores? A primeira Campanha da Fraternidade foi idealizada no dia 26 de dezembro de 1963, sob influencia do espírito do Concílio Vaticano II.
Antes disso, o primeiro movimento regional, que foi uma espécie de embrião para a criação do atual modelo da “Campanha da Fraternidade”, foi realizado em Natal (RN), no dia 8 de abril de 1962, por iniciativa do então Administrador Apostólico da Natal, dom Eugênio de Araújo Sales, de seu irmão, à época padre, Heitor de Araújo Sales e de Otto Santana, também padre. Esta campanha tinha como objetivo fazer “uma coleta em favor das obras sociais e apostólicas da arquidiocese, aos moldes de campanhas promovidas pela instituição alemã Misereor”, explicou dom Eugênio Sales, em entrevista a arquidiocese de Natal, em 2009. A comunidade de Timbó, no Município de Nísia Floresta (RN), foi o lugar onde a campanha ocorreu pela primeira vez.
“Quando no começo de 1960, eu estava concluindo meu trabalho de doutorado em Direito Canônico na Universidade Lateranense, em Roma, fui para a Alemanha onde tinha mais tranquilidade para o que desejava. Ali pude acompanhar a Campanha Quaresmal daquele ano para recolher o fruto dos sacrifícios em benefício dos povos que sofriam fome, como eles mesmos tinham sofrido 15 anos antes, logo depois da Segunda Guerra Mundial. O material para informação (homilias, boletins paroquiais, etc.) continha reflexões muito profundas. Trouxe para o Brasil todo o material para que pudéssemos adaptar aqui.
Dom Eugenio Sales numa reunião do clero lançou a ideia. Foi feita uma lista e nomes, no fim venceu o nome "Campanha da Fraternidade". Ficamos satisfeitos com o nome, mas nunca imaginávamos que aquela pequena semente se transformasse no que é hoje”, disse o arcebispo emérito de Natal, dom Heitor de Araújo Sales.
“Não vai lhe ser pedida uma esmola, mas uma coisa que lhe custe. Não se aceitará uma contribuição como favor, mas se espera uma característica do cumprimento do dever, um dever elementar do cristão. Aqui está lançada a Campanha em favor da grande coleta do dia 8 de abril, primeiro domingo da Paixão”, disse dom Eugênio Sales, no ato de lançamento da campanha, em Timbó (RN).
Segundo dom Heitor, o papa João XXIII tinha lançado a ideia de que católicos de países ricos pudessem dar um pouco de suas vidas para ajudar na evangelização de outras terras. Chamavam-se "Voluntários do Papa". Assim vieram para cá missionários leigos dos Estados Unidos (EUA) e de outros lugares. Eles também ajudaram no começo da Campanha.
A experiência foi adotada, logo em 1963, por 19 dioceses do Regional Nordeste 2 da CNBB (Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte). Naquela época envolvidos pelo Concílio Vaticano II, os demais bispos brasileiros fizeram o lançamento do Projeto da Campanha da Fraternidade para todo o Brasil. Dessa forma, na Quaresma de 1964 foi realizada a primeira Campanha em âmbito nacional. Desde então, até os dias atuais, a CF é realizada em todos os recantos do Brasil.
Em 20 de dezembro de 1964, os bispos brasileiros que participavam do Concílio Ecumênico Vaticano II, em Roma, aprovaram o fundamento inicial da mesma, intitulado “Campanha da Fraternidade – Pontos Fundamentais apreciados pelo Episcopado em Roma”. Em 1965, tanto a Cáritas quanto Campanha da Fraternidade foram vinculadas diretamente ao Secretariado Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A partir de então que a Conferência dos Bispos Brasileiros passou a assumir a Campanha da Fraternidade. Nesta transição, foi estabelecida a estruturação básica da CF.
“Naquela época, a Igreja se voltava a si, preocupada com a implantação do Concílio Vaticano II e em renovar as suas estruturas conforme as indicações conciliares. Daí surgiu a Campanha da Fraternidade. Ela, inicialmente se prestou a este objetivo. No entanto, a CF contribuiu na superação da dicotomia ‘Fé e Vida’, que, imbuída do espírito Quaresmal quer modificar a situação do fiel, em prol da vida e da justiça”, explicou o atual secretário executivo da Campanha da Fraternidade da CNBB, padre Luiz Carlos Dias.
Em 1967, começou a ser redigido um subsídio para a CF auxiliando assim as dioceses e paróquias de todo o país. Nesse mesmo ano iniciaram também os encontros nacionais das Coordenações Nacional e Regionais da Campanha da Fraternidade.Em 1970, a Campanha ganhou um especial e significativo apoio, uma mensagem do papa Paulo VI para o dia do lançamento da Campanha, o que virou uma tradição entre os papas.
A partir de uma análise dos temas abordados a cada ano, a história da Campanha da Fraternidade pode ser dividida em três fases distintas: de 1964 a 1972, os temas refletem um olhar voltado para a renovação interna da Igreja, provavelmente sob o influxo das reformas propostas pelo Concílio Vaticano II; de 1973 a 1984, aparece na Campanha a preocupação da Igreja com a realidade social do povo brasileiro, refletindo influências do Vaticano II e das Conferências Episcopais de Medelín e Puebla, sem deixar de lado a questão política nacional, que vivia uma de suas mais terríveis fases: a ditadura militar. A terceira fase, a partir de 1985, reflete situações existenciais dos brasileiros.
Ao longo da história, as Campanhas abordaram questões do compromisso cristão na sociedade. Em alguns casos, as essas questões discutidas geraram o surgimento de Pastorais ou serviços no seio da Igreja. Foram levantados e debatidos temas como, em 1985, a questão da fome; em 1986, o problema fundiário; em 1987, o tratamento do poder público para com o menor. Em 1988, a campanha apelou por uma adesão a Jesus Cristo; em 1989, conclamou o povo a assumir uma postura crítica frente aos meios de comunicação social; em 1990, abordou a questão do gênero, chamando a atenção para a igualdade do homem e da mulher, diante de Deus; em 1999, chamou a sociedade e o poder público para discutir o problema do desemprego; em 2000, convidou as igrejas cristãs e a sociedade a lutarem pela promoção de vida digna para todos. Em 2001, levantou o problema das drogas e as consequências na vida das pessoas; em 2008, propôs o debate sobre a defesa da vida; em 2011, falou sobre a vida no planeta.
Neste ano de 2012, a saúde pública será o foco das discussões. De acordo com o arcebispo de Ribeirão Preto, dom Joviano de Lima Junior, a saúde é “dom de Deus” e, enquanto tal é um direito que além de ser preservado, precisa ser conquistado. “Além disso, pensemos na importância da alimentação e da preservação do ambiente. Porém, não podemos nos esquecer das estruturas insuficientes dos hospitais e dos postos de saúde”, disse. (RE)

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