quinta-feira, 1 de março de 2012

Trabalho da Pastoral da Criança foi levado para 20 países

Coube à Irmã Terezinha Kunen passar os ensinamentos
 da Pastoral da Criança aos moradores das Filipinas
Reportagem publicada na Gazeta do Povo (Paraná) - A experiência brasileira no combate à pobreza e desnutrição infantil levou a Pastoral da Crian­ça a expandir suas ações para ou­­tros países. Com um custo mensal baixíssimo por criança, cerca de R$ 2, a instituição viu que poderia levar o trabalho iniciado pela fundadora, Zilda Arns, para outros meninos e outras meninas. A Pastoral da Criança Internacional está atualmente em 20 países, sendo que em 16 há uma organização formal.
A ideia de internacionalizar as ações surgiu em 1991, mas problemas com a legislação brasileira impediam a ampliação do trabalho. Pela lei, verbas que entram no Brasil para projetos sociais não podem sair do país. A solução veio com a criação da Pastoral Internacional no Uruguai, em 2008, com leis mais flexíveis.

Com a institucionalização da entidade no exterior, a atuação ganhou mais efetividade. Hoje há 50 mil voluntários que acompanham 9 mil crianças em outros países. Os números ainda são pequenos quando comparados aos do Brasil, que tem 250 mil voluntários para cuidar de 1,5 milhão de meninos e meninas, mas as perspectivas são positivas.
Coordenador internacional da pastoral, Nelson Arns Neumann diz que o maior empecilho é a burocracia. “O voluntário quer trabalhar com a criança, por isso concentramos a burocracia na coordenação nacional”, explica. Levar esse modelo de prestação de contas e avaliação dos resultados para países que ainda carecem de infraestrutura básica é o maior desafio. “É uma realidade que o Brasil enfrentava há 30 ou 40 anos. E para ganhar escala é preciso sistema de informação sólido”, diz.
Filipinas
Desde 2003, a Irmã Terezinha Kunen, 62 anos, coordena a Pastoral da Criança nas Filipi­nas, na Ásia. Para se adaptar à realidade do país, a religiosa teve de aprender os dois idiomas locais mais usados e também compreender alguns dos 102 dialetos usados na região, formada por 7 mil ilhas. Apesar de ser uma nação com maioria cristã, a igreja local não tinha atividades voltadas ao trabalho social. Coube à Irmã Terezinha passar os ensinamentos de solidariedade pregados pela Pastoral.
Além da barreira óbvia do idioma, a voluntária precisou lidar com as diferenças culturais e a pobreza extrema. “No início, não tínhamos nada, nem um computador. Trabalhávamos com os líderes somente com cartolina. Aos poucos, a comunidade local percebeu a importância do trabalho e passou a ajudar. Estão encantados com a nossa metodologia. Querem a pastoral em toda a parte, porque viram os resultados”, diz.
Terezinha veio ao Brasil para se atualizar sobre as ações da entidade e volta nesta semana para as Filipinas. “Eu adoro ser missionária. Tem uma paixão por ajudar que não deixa a gente ficar quieta.”

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