quarta-feira, 31 de julho de 2013

Pastoral da Criança celebra 30 anos a serviço da vida


O exemplo dos fundadores Dra. Zilda e Dom Geraldo, o esforço dos pioneiros, o apoio da igreja e de instituições civis, o trabalho dedicado dos líderes, de colaboradores e parceiros foram lembrados pela coordenadora nacional da Pastoral da Criança, irmã Vera Lúcia Altoé, na solenidade de celebração dos 30 anos da entidade. O evento reuniu na noite de segunda-feira, 29 de julho, mais de 500 pessoas no Centro de Eventos do Santuário de Aparecida.
Integrantes da mesa
Participaram da festividade o cardeal Dom Raymundo Damasceno Assis, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); arcebispo Dom Aldo Di Cillo Pagotto, presidente do Conselho Diretor da Pastoral da Criança; médico Nelson Arns Neumann, coordenador da Pastoral da Criança Internacional; Antonio Márcio de Siqueira, prefeito de Aparecida; Gary Sthal, representante no Brasil do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Maria Emília Lisboa Pacheco, presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).
Também Sonia Maria Ferreira Baíse, coordenadora da Pastoral da Criança em Florestópolis, e a líder Maria Aparecida de Nogueira Senhorini, representando a comitiva de líderes pioneiras que vieram da cidade berço da Pastoral da Criança. Sílvio Santana, Ana Ruth Góis e Marta Eire, integrantes do Conselho Diretor da Pastoral da Criança.
Prestigiaram a celebração o arcebispo Dom Jaime Vieira Rocha, de Natal (RN); os bispos Dom Antonio Carlos Felix, de Luz (MG); Dom Bernardino Marchió, de Caruaru (PE), Dom Eduardo Zielski, de Campo Maior (PI); Dom Enemésio Ângelo Lazzares, de Balsas (MA); Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena, de Guarabira (PB); Dom Gilio Felício, de Bagé (RS); Dom José Moreira, de Três Lagoas (MS) e Dom Tarcísio nascentes dos Santos, de Duque de Caxias (RJ).
“Nessa comemoração não podemos esquecer os atuais questionamentos e procedimentos de trabalho no campo do voluntariado missionário, já que desde o Concílio Vaticano II somos convidados a atualizar sempre nossa ação evangélico-missionária, nos mais diversos setores, de acordo com sinais dos tempos”, destacou a coordenadora nacional em seu pronunciamento. “Acompanhando as novas tendências e transformações trazidas pelo rápido avanço nos mais diversos âmbitos da vida nacional, a Pastoral da Criança passou a buscar cada vez mais novas alternativas e soluções, tendo em vista sua atuação no campo da saúde materno-infantil, onde estão os grandes desafios.”

Não devemos nos desencantar
“Temos que louvar e agradecer a Deus pelos 30 anos da Pastoral da Criança, um organismo de ação social da CNBB a serviço da vida, das mães e gestantes, sobretudo as mais carentes”, disse Dom Raymundo Damasceno, lembrando que a opção pastoral pelos mais pobres, “é uma opção evangélica, como nos ensina a Igreja, como nos ensina o próprio Jesus”.
O presidente da CNBB destacou o papel da fundadora Dra. Zilda e saudou todas as pessoas que participam da Pastoral da Criança nos mais diversos níveis. “Que Deus abençoe a todos e que essa pastoral continue crescendo e que ninguém se desanime diante das dificuldades”, disse citando o papa Francisco para que “não devemos nos desencantar diante das dificuldades que enfrentamos no trabalho, na missão da Igreja. Como Igreja que somos, vamos confiar em Deus, olhar à frente, cultivar a fé e a esperança de que Deus caminha conosco e não nos abandona em nenhum momento de nossa vida”.

Parceira na redução da mortalidade infantil

Dom Raymundo Damasceno Assis
A Pastoral da Criança tem sido uma grande parceira do Ministério da Saúde no cuidado com as crianças e gestantes, no trabalho de prevenção que tem contribuído fortemente com resultados importantes para a saúde dos brasileiros, destacou em vídeo o ministro Alexandre Padilha, da Saúde, que não pode comparecer ao evento.Ele lembrou que a parceria viabiliza o acompanhamento de mais de 1,3 milhão de crianças menores de 6 anos de idade e 70 mil gestantes em todo o país. “São ações de parceria como essas e outras, como a criação da Rede Cegonha, que buscam dar mais qualidade de atendimento às mães na hora do parto e às crianças que ajudaram o Ministério da Saúde a reduzir a mortalidade infantil no Brasil em mais de 40% na última década. Por isso, o Brasil atingiu objetivo do milênio quatro anos antes do estabelecido pela Organização das Nações Unidas”.
Padilha frisou que muitos frutos foram colhidos no trabalho que envolve mais de 200 mil voluntários que se preocupam com a saúde integral do ser humano, o corpo, a mente e o espírito. “Por isso, desejo longa vida a cada um de vocês, sobretudo pelo trabalho da Pastoral da Criança e a todos os seus integrantes voluntários e nossos grandes parceiros”, concluiu.
Situação da criança nas comunidades pobres
Para Gary Sthal, representante no Brasil do Unicef, a parceria com a Pastoral da Criança é estratégica. “A Pastoral da Criança tem mais de 200 mil voluntários no Brasil e está em 21 países do mundo e chega até a casa das famílias mais pobres. O Unicef nunca vai ter essa chegada, este acesso”.
Pela Convenção dos Direitos da Criança, o Unicef monitora a situação da criança em todos os países do mundo e pode cobrar dos governos o que não está sendo cumprido, observou Sthal. “A Pastoral da Criança sabe o que está acontecendo nas comunidades mais pobres. Assim, temos feito durante 30 anos e vamos seguir trabalhando”, disse Sthal.
A ação pioneira da médica Dra. Zilda foi lembrada em todos os pronunciamentos, como o sentido do seu gesto e a preocupação com o próximo. Ao reconhecer a importância do trabalho da Pastoral da Criança, Maria Emília Lisboa Pacheco, presidente do Consea, falou da participação ativa da mulher, como líder voluntária. “São mulheres que saem da invisibilidade, descobrem a capacidade de liderança e superam obstáculos para o exercício da cidadania. É a mulher mudando o seu lugar na sociedade”, frisou Maria Emília.

Discurso da Irmã Vera Lúcia Altoé, Coordenadora Nacional da Pastoral da Criança:
Irmã Vera Lúcia Altoé

"Celebração dos 30 Anos da Pastoral da Criança Aparecida (SP) dia 29 de julho de 2013
É com muita alegria e gratidão pelos 30 anos de história da Pastoral da Criança que saúdo vocês que vieram de todas as partes do Brasil e também de diversos países para participar do Congresso Nacional da Pastoral da Criança, aqui em Aparecida. Que todos sejam bem-vindos a esta festiva, contagiante e significativa comemoração, data memorável para toda a Pastoral da Criança.
Somos acolhidos em um ambiente histórico! Nesta cidade que abriga o Santuário da Mãe e Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Obrigada a esta cidade de Aparecida, obrigada ao Estado de São Paulo por essa acolhida fraterna e generosa a todos nós!
A centelha vivificadora da caridade que despertou o início da Pastoral da Criança, que foi erguida à custa de sacrifícios e inteira dedicação, hoje aqui se apresenta. Somos testemunhas vivas de que a semente deu fruto!
Nesses 30 anos, trazemos como herança os ensinamentos deixados pelos fundadores, Dra. Zilda Arns Neumann e Dom Geraldo Majella Agnello. São muitos os valores que eles nos transmitiram e transmitem ainda e que servem de inspiração para a Pastoral da Criança. A eles nossa eterna gratidão!
Gostaria de relembrar, aqui, alguns aspectos de nossa caminhada. Os primeiros protagonistas da Pastoral da Criança foram as crianças da cidade de Florestópolis, Paraná, onde era grande a mortalidade infantil. Foi ali que a Pastoral da Criança mostrou-se eficaz para mudar essa situação e dali se expandiu rapidamente pelo Brasil.
A Pastoral da Criança tem como carisma específico prestar um serviço missionário, evangélico e pastoral às crianças, desde o ventre materno aos seis anos. Por isso, prioriza o trabalho nas comunidades como forma de acolher Cristo no mais frágil e indefeso: a criança. E, deste modo, a Pastoral da Criança não mede esforços para levar vida e vida em abundância a todas as crianças, especialmente as que se encontram em situação de risco ou exclusão e para promover a criança como sujeito de direitos e, assim, oferecer condições para que ela possa se desenvolver integralmente. Para tanto, a Pastoral da Criança, em qualquer lugar do Brasil, tem um olhar sensível e atento sobre a realidade em que vivem nossas crianças e gestantes.
Nesse contexto, a Dra. Zilda tinha clara consciência de que a transformação da sociedade vinha da pequena comunidade que se organiza sem, no entanto, deixar de exigir do Estado os seus deveres. A ação da Dra. Zilda partia da inspiração da prática de Jesus, quando da multiplicação dos pães e dos peixes. Por isso, partindo desse fato, ela falava muitas vezes sobre a importância da multiplicação do saber, da solidariedade e dos esforços comuns.
Mas hoje, multiplicamos o quê? Buscamos, através do exemplo dos fundadores; do esforço dos pioneiros; do apoio da Igreja e de instituições civis; do trabalho contínuo e dedicado de tantos líderes – muitos já vivendo na Glória Celeste, junto ao Pai – e de tantos colaboradores e parceiros; multiplicar o saber através das orientações básicas de saúde, das Campanhas, da luta por esgoto e água tratada, da vigilância nutricional às crianças e às gestantes, aleitamento materno, da atenção ao pré-natal, parto e pós-parto, da melhoria da qualidade de vida e do reforço da autoestima das pessoas, e em tudo que lhes confere dignidade. Buscamos multiplicar a solidariedade, na luta por estar próximos daqueles que vivem às margens da sociedade, os excluídos, lá onde ninguém quer ir, para ajudar a salvar os mais necessitados, marcando presença naqueles lugares e junto àqueles que o Papa Francisco diz estarem na periferia existencial de nossa sociedade. Buscamos também multiplicar os esforços, estimulando, sobretudo, a participação de nossas lideranças junto às políticas públicas e ao mesmo tempo motivando empresas para apoiar a nossa causa e conclamando o poder público sobre sua responsabilidade social com relação à infância.
Trinta anos: memória e compromisso! Nessa comemoração não podemos esquecer os atuais questionamentos e procedimentos de trabalho no campo do voluntariado missionário, já que desde o Concílio Vaticano II somos convidados a atualizar sempre nossa ação evangélico-missionária, nos mais diversos setores, de acordo com os sinais dos tempos. Acompanhando as novas tendências e as transformações trazidas pelo rápido avanço nos mais diversos âmbitos da vida nacional, a Pastoral da Criança passou a buscar cada vez mais novas alternativas e soluções, tendo em vista sua atuação no campo da saúde materno-infantil, onde são grandes os desafios.
Há trinta anos da fundação quais são os principais desafios da Pastoral da Criança atualmente? A Pastoral hoje quer atingir sempre mais também os grandes centros urbanos, com as ações básicas de saúde, educação, nutrição e cidadania. Quer ajudar a prevenir a desnutrição e a combater a obesidade infantil. Quer promover e intensificar as Campanhas de informação e sensibilização sobre temas que dizem respeito às crianças e famílias. Quer acompanhar o desenvolvimento infantil em toda sua complexidade. Quer também alargar as ações da Pastoral da Criança para outros países pobres, mas a Pastoral da Criança pretende, sobretudo, aumentar o número de voluntários nas comunidades e de crianças e gestantes acompanhadas nessa maravilhosa missão que une fé e vida. Por isso, conto com vocês para que nos ajudem a conscientizar a todos sobre a necessidade de perseverar nesta missão dando constante testemunho do valor profundo da vida como dom de Deus.
Eu acredito que o significado maior do nosso Congresso seja partilhar a ideia de que podemos e devemos fazer mais pelas crianças, gestantes e famílias em cada local no qual somos chamados pelo Senhor a testemunhar a Boa Nova do Evangelho.
Lanço aqui um convite para aqueles que ainda não fazem parte dessa grande rede de solidariedade para que colaborem conosco, pois sua ajuda concreta à nossa missão pode transformar a vida de uma criança, de uma gestante, de uma família em situação de exclusão num futuro melhor. Enfim, somos pessoas que optamos em viver a missionariedade da luta por uma infância saudável e feliz para todas as crianças. E isto tem suas exigências e seus compromissos. Renovemos, portanto, neste dia, nossa aceitação livre e generosa em continuarmos no caminho de Jesus que nos chama e fortalece, para segui-Lo com passos decisivos e corajosos na Pastoral da Criança, nessa missão evangelizadora, que nos conduz ao Pai e ao serviço aos irmãos.
Agradeço de coração todos os esforços realizados para que esse Congresso pudesse acontecer.
Invoquemos as bênçãos do Senhor, a luz do Espírito Santo e a proteção de Nossa Senhora Aparecida para esse Congresso. Minha calorosa saudação a todos em Cristo, que caminha e faz história conosco.

Nenhum comentário:

Postar um comentário